The Last Frontier — Episódio 5 Recap: O Apagão

A série da Apple TV+ chega à metade da temporada e, enfim, encontra seu ritmo. The Last Frontier abandona o formato de “caso da semana” e mergulha de vez no coração da história — o cruzamento entre conspiração governamental, drama familiar e paranoia coletiva. “Arnaq” é o episódio em que o jogo muda, o suspense se condensa e tudo o que era metáfora começa a se tornar real.

Família em colapso

Frank (Jason Clarke) descobre que o sequestro de Luke não é apenas mais um caso a resolver, mas é um espelho do caos dentro de casa. Sarah o culpa, não só pela ausência emocional, mas por ter deixado o trabalho consumir o que restava do casamento. A tensão entre os dois expõe a ferida que ainda não cicatrizou: o trauma de “Chicago”, o evento misterioso que tirou a vida da filha do casal e os assombra desde o início da série.

Enquanto isso, Luke (Darren Mann) está nas mãos de Issac Romero, um ex-presidiário e teórico da conspiração que acredita que o governo americano monitora todos os cidadãos. O detalhe incômodo: ele está certo. Romero planeja sabotar uma estação HAARP — instalação real, envolta em lendas sobre manipulação climática e controle mental — e mergulhar o Alasca num blecaute total. É o tipo de subtrama que transforma delírio em comentário social.

Kira consegue escapar por pouco da morte por hipotermia, mas o pesadelo de Luke e Sarah está longe de acabar. À medida que o episódio avança, The Last Frontier se torna também uma alegoria sobre o colapso — não apenas de energia, mas de confiança, de afeto e de razão.

Espiões, sombras e verdades tortas

Do outro lado da trama, Sidney (Haley Bennett) continua sua caçada por Havlock (Dominic Cooper), e pelo próprio passado. A busca a leva até um motel pago por um mensageiro misterioso, e depois a um reencontro tenso com Havlock num bar perdido no meio do nada. Ele se aproxima, com o charme envenenado de sempre, dizendo que arriscou a captura apenas para vê-la. O momento mistura sedução e manipulação, reforçando o tom de thriller emocional entre dois fantasmas de guerra.

Mas o roteiro dá uma guinada provocadora: e se Havlock não for o vilão que todos acreditam?
Frank começa a desconfiar que o avião caiu porque a CIA queria eliminá-lo, e que o mensageiro que transporta o suposto Archive 6 pode, na verdade, carregar o vírus usado para provocar o desastre. A linha entre mocinhos e monstros se desfaz completamente.

Bradford, de volta à sede da Agência, surge como símbolo da corrupção silenciosa — e o episódio passa a sugerir que a conspiração de Romero pode ser menos teoria e mais realidade.

O apagão

Quando Romero conclui seu plano e a estação HAARP sofre uma sobrecarga fatal, o Alasca mergulha na escuridão. Um blecaute literal e simbólico: a escuridão que já vinha se infiltrando lentamente entre os personagens agora se manifesta no mundo ao redor.

Enquanto as luzes se apagam, Frank faz um brinde no bar Mecca ao colega morto — um momento de luto e dignidade num universo que parece cada vez mais desmoronar.

Sidney, por sua vez, lida com o colapso da mãe, diagnosticada com demência e envolvida inadvertidamente nas escutas telefônicas da CIA. A ligação entre as duas — e a frase “seu pai te ama muito” — é um dos momentos mais devastadores do episódio, o tipo de emoção crua que a série esconde sob camadas de paranoia.

Entre gelo e escuridão

The Last Frontier chega ao seu ápice temático: um drama sobre verdade, fé e culpa, travestido de thriller de sobrevivência. Havlock pode ser um traidor, um mártir ou um bode expiatório; Frank é o herói trágico preso entre dever e amor; e Sarah representa a humanidade perdida no meio da conspiração.



O apagão é mais do que um evento climático — é o reflexo da cegueira coletiva, da incapacidade de ver o perigo antes que seja tarde demais.

O quinto episódio marca o início da virada: agora, o frio não é só cenário, é metáfora. A série assume seu tom — metade spy drama, metade tragédia familiar — e acerta o passo entre ação e melancolia. No fim, não há mais heróis nem vilões absolutos. Apenas sobreviventes tentando acender uma vela no meio da neve.


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