Em meio ao deserto gelado do Alasca, The Last Frontier continua revelando suas camadas de suspense e trauma. Nos episódios 3 (“Country as F**k”) e 4 (“American Dream”), o foco se divide entre ação intensa e mistérios cada vez mais pessoais — especialmente os que cercam Frank (Jason Clarke), Sidney (Haley Bennett) e o enigmático Havlock (Dominic Cooper).
Episódio 3 — “Country as Fk”**
O terceiro capítulo entrega o set piece mais espetacular até agora: uma perseguição sobre um tundra buggy, espécie de trem sobre rodas usado por turistas milionários para explorar a paisagem ártica. A bordo, o caos — reféns, helicópteros e criminosos fugindo da prisão. É o tipo de sequência que mistura absurdos de ação com a melancolia nostálgica de um thriller à moda antiga.
Mas o episódio vai além da adrenalina. Frank ainda lida com o peso da perda da filha — morta pouco antes de completar nove anos — e carrega cicatrizes físicas e emocionais que o tornam vulnerável. Essa dor o conecta ao pequeno Caleb, o garoto que consegue escapar dos bandidos e encontra abrigo com ele. A relação entre os dois traz humanidade a uma trama cada vez mais sombria.

Enquanto isso, Sarah é encontrada viva, mas Havlock deixa pistas do seu verdadeiro plano, incluindo um arquivo misterioso impresso durante o cativeiro. Em paralelo, o roteiro revela o que Sidney tenta esconder: ela não apenas conheceu Havlock intimamente, como o chama de “seu primeiro algoz”. Flashbacks revelam que o vínculo entre eles era mais do que profissional — e, no fim do episódio, o golpe de mestre: Sidney confessa ser a esposa de Havlock.
Há ainda o arco paralelo de Luke e Kira, reféns de um dos prisioneiros sobreviventes. O perigo cresce, mas Frank nem imagina o que está por vir — nem o que o espião fugitivo ainda pretende.
Episódio 4 — “American Dream”
O quarto episódio abre espaço para um desvio que parece autônomo, mas reforça o tom procedural da série. Duas fugitivas, Kitty Van Horn e Vivian Pike, matam uma policial estadual e partem numa jornada de fuga — deixando para trás uma pista crucial: o suéter de Havlock.
Kitty, uma viúva negra milionária, e Vivian, uma golpista que se faz de ingênua, formam uma dupla fascinante, cheia de tensão e cumplicidade perversa. A caçada liderada por Frank é o ponto alto do episódio, equilibrando ação e introspecção. Ele continua a agir com ética e empatia, mesmo quando seria mais fácil atirar para matar. No entanto, o destino é cruel: Kitty tenta atacá-lo pelas costas e acaba morta por Sidney.

Enquanto Frank mantém a moral em meio ao caos, Sidney se revela cada vez mais ambígua. Ela admite que o casamento com Havlock começou como disfarce de missão e evoluiu em algo real. Mas suas palavras soam treinadas demais — e cada frase parece prenunciar uma traição.
Paralelamente, Havlock segue vivo, manipulando as sombras. Descobrimos que ele fez transações bancárias suspeitas para um hacker russo em São Petersburgo, ligado ao roubo de um arquivo confidencial da CIA, o Archive 6. O tempo agora corre contra Sidney, que precisa interceptar um mensageiro levando uma cópia do arquivo até o Alasca.
Do outro lado, Sarah tenta retomar a rotina, mas esconde um segredo: ainda guarda o cartão de memória que Havlock lhe entregou. O medo de “outro Chicago” — um trauma ainda nebuloso no passado do casal — a impede de contar tudo a Frank. Quando decide buscar Luke e Kira, já é tarde: os dois continuam nas mãos de um prisioneiro delirante, e a tentativa de fuga termina em desastre.
Entre o gelo e a culpa
Com esses dois episódios, The Last Frontier se consolida como um thriller gelado e humano. A paisagem inóspita reflete as feridas de cada personagem, e o suspense cresce à medida que o passado volta a assombrar todos. Havlock é o fantasma que move a trama, mas o que realmente prende o espectador é o mistério emocional: o que Frank esconde no porão? O que houve com sua filha? E até onde Sidney está disposta a mentir?
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
