Murdaugh: Death in the Family — Episódio 6 (Recap): 7 de Junho de 2021

O sexto episódio de Murdaugh: Death in the Family é o ponto de não-retorno. Tudo o que a série vinha construindo — o império, as aparências, as tensões — converge para uma única noite. E o título não deixa dúvidas: “June 7th” é a data que mudaria tudo, o dia do duplo homicídio de Maggie e Paul.

Mas o roteiro toma uma decisão ousada. Em vez de mostrar Alex Murdaugh (Jason Clarke) atirando, o episódio escolhe a versão que ele próprio contou — o “conto oficial” que por semanas sustentou sua inocência. Assim, o espectador vê o que o público viu em 2021: um pai devastado, uma vítima aparente, e não o assassino.

Um homem encurralado

O episódio abre com Alex confessando ao irmão, Randy, o colapso iminente: a audiência para abrir seus registros financeiros, o caso criminal do filho, a saúde do pai — e agora uma investigação do grande júri. “As paredes estão se fechando, Randy”, ele diz, “e eu não consigo respirar.”

É o retrato de um homem cercado. Tomando comprimidos, fugindo das cobranças e com a chefe de finanças do escritório cobrando o paradeiro de um cheque de US$750 mil, Alex já é uma bomba-relógio. A notícia de que Randolph, o patriarca, voltou ao hospital lhe dá um álibi conveniente — e, talvez, um último álibi emocional.

Maggie, livre e pronta para recomeçar

Enquanto o império masculino desmorona, Maggie (Patricia Arquette) floresce fora dele. Caminhando à beira-mar em Edisto Beach, ela planeja pintar a casa, doa roupas, se desfaz de lembranças — até do vestido de noiva. No celular, a mensagem de voz não é mais “Maggie Murdaugh”, mas “Margaret”. Um gesto pequeno, mas definitivo.

A irmã tenta lembrá-la do divórcio e Maggie hesita, murmurando: “Murdaughs não se divorciam.” Mesmo assim, está pronta para ser uma exceção. Quando marca consulta com a advogada, tira as alianças. É uma mulher que voltou a respirar.

Paul e o breve vislumbre de redenção

Paul (Johnny Berchtold) também parece tentar renascer. Longe das bebedeiras, ele trabalha com o tio John Marvin, ora humilde, ora esperançoso. Faz a cama, vai à igreja, pede desculpas ao pai: “A gente tem que ser melhor, não deixar isso nos enterrar.” É comovente — e trágico — saber que, poucas horas depois, seria literalmente enterrado.

Numa das cenas mais simbólicas, Paul atropela um cachorro, entra em pânico, mas o leva ao veterinário e salva o animal. Pela primeira vez, ele causa dano e repara. É como se o roteiro lhe desse um instante de pureza antes do fim.

O retorno a Moselle

Randolph agoniza, e Alex aproveita a comoção para convencer Maggie a voltar “só por um tempo”. Ela cede, talvez por Paul, talvez por senso de dever. Chega à casa ao cair da noite — de novo calçando os tênis dourados que simbolizam sua liberdade.

A conversa entre os dois é gelada. Alex tenta abraçá-la, ela hesita. Ele promete ir à reabilitação; ela não acredita. Quando se despede de Paul, Maggie confessa: “Não me arrependo do casamento, porque tive vocês dois. Vocês têm o que falta ao seu pai.” É a última frase que ouvimos dela — um epitáfio perfeito.

A noite de 7 de junho

Alex se joga no sofá, liga a TV e depois visita a mãe, que mal o reconhece. Comendo sorvete, conversa com a enfermeira — um detalhe pensado para reforçar o álibi.

Enquanto isso, Paul e Maggie vão até o canil cuidar de Cash, o cachorro do amigo Rogan. Paul manda mensagem para uma garota, recomenda A Star Is Born. Maggie se abaixa para cheirar flores. E então — silêncio.

Paul é atingido no peito, tenta reagir, cai. Maggie é baleada na perna, na mão e, já caída, duas vezes mais. Tudo rápido, brutal, sem rosto. O espectador não vê o atirador — apenas o som das armas e o horror invisível.

Corta para Alex voltando para casa, chamando pelos dois, depois dirigindo até o canil e tropeçando nas poças de sangue. Chama o 911, grita, chora, diz à polícia que “sabia” que isso tinha relação com as ameaças do caso do barco. E por alguns segundos, ele parece acreditar.

Entre o mito e a mentira

“June 7th” é o episódio mais frio e triste da série, filmado com o respeito quase documental que Erin Lee Carr exigiu. Nenhum sangue gratuito, nenhuma música manipuladora — apenas o desconforto do inevitável.

Ao não mostrar Alex atirando, os criadores devolvem o poder de dúvida ao público, como aconteceu na vida real. Em 2021, muitos não acreditavam que o homem tão “devotado à família” pudesse ser o assassino. Hoje, sabemos. Mas a série prefere que sintamos o peso da crença, não da certeza. O pior está por vir.


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