Bundle Brent volta à cena: a nova heroína de Agatha Christie chega à Netflix

Há cem anos, Agatha Christie apresentou ao mundo Lady Eileen “Bundle” Brent — uma jovem aristocrata de espírito livre que dirigia o próprio carro, falava o que pensava e não hesitava em se meter em investigações perigosas. Agora, em 2026, ela volta à vida pelas mãos da Netflix, que aposta em The Seven Dials Mystery como sua nova adaptação da Rainha do Crime. Criada e escrita por Chris Chibnall, o mesmo de Broadchurch e Doctor Who, a minissérie de três episódios estreia no dia 15 de janeiro de 2026, e promete trazer de volta o charme, o humor e o suspense dos anos 1920 — com uma protagonista feminina à frente de tudo.

Baseada no romance publicado em 1929, The Seven Dials Mystery começa como uma brincadeira entre amigos da alta sociedade inglesa. Um deles, Gerry Wade, é conhecido por dormir demais, e o grupo decide pregar uma peça: oito despertadores são colocados no quarto, programados para tocar em sequência. Só que, na manhã seguinte, um dos relógios está faltando — e Gerry está morto. O que parecia uma piada inofensiva se transforma em tragédia, e a curiosidade de Bundle Brent acaba a levando até uma misteriosa organização secreta chamada The Seven Dials. O que ela descobre é muito mais perigoso do que imaginava.

A série é produzida por Orchid Pictures, com James Prichard — bisneto de Agatha Christie — entre os produtores executivos, ao lado de Suzanne Mackie (The Crown) e Chris Sussman (Good Omens). “Bundle Brent é uma das personagens mais interessantes, engraçadas e afiadas que minha bisavó criou”, disse Prichard. “Ver essa história ganhar vida com as palavras de Chris Chibnall e este elenco é um sonho realizado. O público vai se apaixonar por esse universo.

E que elenco. A premiada Mia McKenna-Bruce, revelação de How to Have Sex, interpreta Bundle, com Helena Bonham Carter como Lady Caterham, Martin Freeman como o Superintendente Battle, Corey Mylchreest (de Queen Charlotte) como Gerry Wade, Nabhaan Rizwan como Ronnie Devereux e Ed Bluemel como Jimmy Thesiger. Bonham Carter e Freeman, especialmente, reforçam o prestígio da produção, que mistura o espírito de Downton Abbey com o ritmo de um thriller moderno.

Em comunicado, McKenna-Bruce resumiu o entusiasmo: “Os roteiros de Chris Chibnall são brilhantes, e estou muito feliz em fazer parte dessa nova interpretação da narrativa icônica de Agatha Christie.” É a primeira vez que a Netflix adapta diretamente uma história centrada em Bundle Brent — e o momento é ideal. Depois do sucesso de A Haunting in Venice nos cinemas e da recente onda de reimaginações televisivas de clássicos de Christie, a nova série resgata uma heroína que ficou esquecida por quase um século.

Nos livros, Bundle só aparece duas vezes — em The Secret of Chimneys (1925) e The Seven Dials Mystery (1929). Mas o pouco bastou para torná-la inesquecível. Com humor, impulsividade e uma inteligência que não precisa provar nada a ninguém, ela representa o que havia de mais moderno na década de 1920. Enquanto Hercule Poirot já era o detetive consolidado e Miss Marple ainda estava por vir, Bundle simbolizava um outro tipo de investigação: a da mulher que não espera ser chamada, que entra no jogo por conta própria. Dirigindo em alta velocidade pelas estradas inglesas e se metendo em tramas de espionagem e disfarces, ela é a encarnação da liberdade entre guerras — curiosa, rebelde e irresistivelmente humana.

A nova adaptação promete resgatar essa energia e atualizá-la para um público contemporâneo. O olhar de Chris Chibnall, que sempre se destacou por dar profundidade emocional a tramas policiais, deve transformar The Seven Dials Mystery em algo mais do que um quebra-cabeça — uma história sobre juventude, privilégio e responsabilidade. Se o livro de Christie era uma comédia de mistério com ecos de espionagem, a série pode ser o que a autora sempre insinuou: o retrato de uma geração que brincava com o perigo sem perceber o quanto o mundo estava prestes a mudar.

Com The Seven Dials Mystery, a Netflix não apenas revisita Agatha Christie — ela devolve ao público uma das suas personagens mais subestimadas. Lady Eileen “Bundle” Brent, a jovem que ousou investigar o que não devia, volta a ocupar o centro da cena. Cem anos depois, ela segue acelerando — dessa vez, em direção à imortalidade televisiva.


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