Não há nada de sutil no dramalhão que é The Morning Show quando a tensão liderada por Alex Levy chega a seu auge — e ainda por cima em uma noite na ópera. Ópera, afinal, sempre foi sinônimo de exagero, emoção e espetáculo. E se soap opera é literalmente “ópera de sabão”, este episódio leva o nome “Un Bel Di” (referência direta à ária de Madame Butterfly) ao pé da letra: tudo é grandioso, melodramático e deliciosamente absurdo.
Mesmo quando beira o cômico — com Jennifer Aniston oscilando entre o intenso e o teatral, em uma performance de olhos arregalados e respiração trêmula —, o episódio funciona. É bem amarrado, visualmente elegante e emocionalmente caótico na medida certa.
Celine: a verdadeira vilã
A quarta temporada mudou o tom da série. Antes, todos eram falhos e contraditórios — Alex, Bradley, Cory, Chip —, e as zonas cinzentas morais faziam parte do charme. Agora, há uma vilã declarada: Celine (Marion Cotillard, magnética), uma francesa implacável que manipula todos os fios da trama, inclusive os da política internacional.
O episódio finalmente revela o escopo da conspiração: Celine está envolvida no encobrimento do escândalo ambiental da Martel Chemical, o desastre de Wolf River, e fará qualquer coisa para proteger o nome de sua família — inclusive deixar uma jornalista americana presa na Bielorrússia.

Bradley em perigo
Bradley é detida no aeroporto de Minsk, acusada falsamente de espionagem. A prisão parece um golpe de propaganda do governo local, mas é também conveniente demais — e não por acaso: há interferência direta dos contatos de Celine.
Antes de ser levada, Bradley consegue enviar a Chip um vídeo curto e alguns arquivos sobre Wolf River, mas depois desaparece. A partir daí, o episódio transforma-se em uma corrida contra o tempo: o time de UBN (Alex, Mia, Chip e até Paul Marks) precisa garantir a libertação da colega.
Enquanto isso, outras tramas ficam em segundo plano. O drama de Chris e o aborto, o podcaster ambicioso (cujo sonho de concorrer ao Senado conta com apoio de Celine), Miles sumido — tudo perde relevância diante da crise internacional.
A noite na ópera
Alex tenta usar todas as cartas possíveis. Leva o caso a Ben e à própria Celine, mas, ao explicar por que Bradley estava em Belarus, acaba entregando a pista crucial: Bradley está perto demais de descobrir o que houve em Wolf River.
Desesperada, Alex recorre ao homem que menos queria: Paul Marks (Jon Hamm), o ex-namorado e empresário que mantém relações perigosamente próximas com um oligarca russo, Dmitri Ivanov. A cena que dá título ao episódio acontece quando Paul convida Ivanov para assistir à ópera com ele — e Alex vai acompanhada de Mia, em um encontro repleto de tensão diplomática e moral. Ah sim! Há ainda um clima entre Alex e Paul, mas ele, que era abusivo, amoral e frio, agora é empático e claramente ainda apaixonado. E que bom que no meio de tudo vem à tona que ele está de novo solteiro e na pista!
Que sorte que Mia, empresariando Chris, estava circulando nos corredores da emissora, né? Mesmo sem ser funcionária, ela descobre o plano de Chip e entende o risco de Bradley, se torna essencial. Ela fala russo e é quem percebe que Ivanov quer algo além de favores de bastidores: ele exige acesso a um software de IA que Paul desenvolve, o que transformaria o resgate de Bradley em um crime federal. Ainda assim, Alex aceita o acordo.
O plano falha
Por um instante, tudo parece resolvido, até o inevitável colapso. O acordo cai por terra sem explicação aparente. E, revisitando os eventos, entendemos o motivo: Amanda, braço-direito de Paul, avisou Celine. Para proteger seus interesses e os de sua família, Celine manda bloquear a negociação. Bradley continua presa, e o impasse diplomático se agrava. O fato de que Alex não vai acreditar que Amanda agiu sozinha sem o conhecimento ou autorização de Paul será dificil para ele explicar. Pelo menos garante que Hamm volte na próxima temporada.
A revelação dá sentido ao olhar frio e satisfeito de Celine — a “diva” sombria que finalmente se mostra por completo.

Cory e o luto
Enquanto todos correm atrás de soluções, Cory vive seu próprio inferno. O ex-executivo arrogante e manipulador agora é um homem devastado: perdeu a mãe, mergulhou em culpa e carência, e acaba justamente nos braços errados — os de Celine.
A relação dos dois é um desastre anunciado. Celine o seduz apenas para ter acesso aos arquivos da mãe dele sobre Wolf River, mas não encontra nada. O que ela não sabe é que Cory guarda o relatório de contaminação de Wolf River no bolso de seu casaco. Ele mesmo só descobre o fato depois que Celine vai embora do seu quarto de hotel.
No último plano do episódio, descobrimos isso, e percebemos que a peça final para derrubar Celine está nas mãos do homem mais imprevisível de todos. Vira o jogo, Cory!
E um parenteses: poxa, Cory perguntou à mãe sobre o caso e ela mentiu? Por que não explicou tudo antes de morrer? Por que deixar uma peça crucial de informação solta? Será que ele vai usar isso para ajudar Bradley — ou para proteger Celine? De qualquer forma, ele com certeza vai reconquistar o cargo!
Um prelúdio para o caos final
“Un Bel Di” é o penúltimo capítulo da temporada, e sua estrutura é de puro prelúdio operístico: todas as vozes estão em cena, mas a nota final ainda não foi dada.
Bradley permanece desaparecida, Alex se equilibra entre heroína e cúmplice, Paul ainda tenta entender o jogo de Celine, e Cory, por ironia, pode ser a salvação.
Com a intensidade emocional no máximo e a promessa de um desfecho trágico (ou redentor), The Morning Show se prepara para um final explosivo, digno da ópera que o inspirou.
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