Landman — Temporada 2, Episódio 01 (Recap): O Sol se põe

Na segunda temporada de Landman, reencontramos Tommy Norris ainda carregando a tensão da morte de Monty e o impacto da nova chefe: Cami Miller. Os homens ao redor não confiam nela, o que só intensifica o caos cotidiano do landman. Tecnicamente, a série parece corrigir um erro grave da primeira temporada: Demi Moore limitada a poucas cenas e tratada como coadjuvante.

Logo de início, Cami enfrenta um dos momentos mais poderosos do episódio: no banheiro, ela é assediada por duas jovens que a veem como uma “velha descartável”, sem imaginar com quem estavam lidando. A resposta é um recado perfeito — e mortal. Ela se apresenta como caçadora, destemida, e deixa claro: subestimá-la é um erro fatal. Cami é mais cruel do que Monty. E vai provar.

O discurso que vira o jogo

Durante o almoço corporativo em Fort Worth, cercada de “velhos figurões” da indústria e de um ambiente onde ninguém espera nada dela, Cami entrega seu melhor momento na série até agora: um discurso feroz, direto e humilhante para quem achou que ela viria com platitudes.
Ela promete caçar contratos, equipamentos e qualquer homem que tentar deixá-la de lado.
“Enjoy your lunch — I paid for it with your fuckin’ money.” Demi Moore finalmente tem o que merece: espaço.

Mas nem isso escapa da sombra do machismo estrutural que permeia Sheridan. Cami só acende seu pavio quando é diminuída por mulheres mais jovens — como se a motivação feminina sempre precisasse nascer da humilhação estética. E Tommy, tentando ser aliado, sugere que ela delegue tudo a ele. Na prática? Tira dela o poder que Monty deixou. Ele elogia, protege — e reproduz o que tenta combater. Machismo estrutural raramente é consciente.

Cooper quer ser bilionário — e dá seu primeiro grande passo

Enquanto isso, Cooper Norris segue firme em seu projeto pessoal de se tornar bilionário — sonho que o pai nunca alcançou. Vivendo com Ariana, ele já inicia seu negócio e tem sorte na primeira perfuração: um poço que deve render 10 milhões de dólares por ano. A história é simples, mas eficiente. Cooper é, ao mesmo tempo, ambicioso e colérico, alguém que está tentando romper com a sombra do pai enquanto ainda repete seus trejeitos.

Ainsley — entre o estereótipo e o absurdo

Angela e Ainsley dedicam-se à admissão da jovem na universidade — uma tarefa dramática considerando a falta de preparo dela. Quando abre a boca, Ainsley reforça estereótipos tão exagerados que beiram o ofensivo, embora seja interpretada com charme irresistível.
Mesmo com respostas surreais (e um administrador cada vez mais indignado), ela consegue ser admitida na TCU.

É uma crítica clara: Sheridan insiste em transformar mulheres jovens em caricaturas — e, ao fazer isso, sacrifica qualquer profundidade. Ainsley existe mais como “piada” do que personagem.

Angela explode — de novo — e Tommy tenta manter as pontas

Agora presidente de uma petroleira, Tommy precisa lidar com uma Angela cada vez mais materialista e instável, que quer abandonar Midland para viver “de acordo” com o novo cargo.
Quando Cooper pede ao pai para conversar sobre negócios, isso implica enfrentar Angela e Ainsley em um jantar que começa mal e termina pior.

Angela, contrariada, quebra a casa inteira — e, como sempre, o casal rapidamente retorna ao ciclo tóxico que termina na cama. Tommy até tenta apaziguar, mas Angela está no limite.

Ali Larter brilha mesmo quando sua personagem é escrita em apenas uma nota — histérica, consumista, volátil.

Thomas Norris — o pôr do sol antes da dor

Conhecemos Thomas (T.L.) Norris, vivido por Sam Elliott, um idoso solitário cuja rotina gira em torno de assistir ao pôr do sol antes do jantar na casa de repouso. Num episódio cheio de tensões, suas cenas trazem melancolia — e uma boa dose de sexismo também, já que sua primeira fala é justamente para diminuir uma enfermeira. Sheridan não perdoa ninguém.

Elliott é sempre magnético, mas a série o apresenta já sob uma camada de amargura e grosseria que promete conflitos futuros.

Pouco depois, T.L. recebe a notícia da morte de sua esposa. E Tommy recebe o mesmo golpe no momento em que reconcilia — ou tenta — com Angela. Um fim de episódio silencioso, duro, e mais emocional que o habitual.

Uma estreia forte, mas presa aos vícios de Sheridan

O episódio entrega o que Landman tem de melhor: performances excelentes, bastidores do petróleo, paisagens magníficas e a chance de Demi Moore finalmente incendiar a tela.

Mas segue carregando o que Sheridan tem de pior:
– mulheres reduzidas a estereótipos;
– humor grosseiro;
– machismo disfarçado de “realismo”;
– cenas que se sabotam para encaixar discursos rasos.

Ainda assim, “Death and a Sunset” abre a temporada com energia, conflitos familiares crescentes e um mundo prestes a ruir — o que sempre rende drama.


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