All’s Fair – Ep. 5 Recap: “Estou fazendo o meu melhor, do meu jeito”

Uma vez que os críticos já massacraram a (falta de) habilidade artística de Kim Kardashian, era natural esperar que dois episódios praticamente sem a presença dela em cena pudessem corrigir o rumo. Mas All’s Fair é All’s Fair, e coerência nunca foi o objetivo. Como eu elegi essa série como meu guilty pleasure justamente por suas inconsistências, sigo firme no recap — e sigo também com minha obsessão paralela: afinal, quem matou Lloyd Walton, o filho de Conrad Walton, um homem do passado de Dina Stansidh?

A internet insiste em Emerald ou nos filhos dela, que realmente têm um álibi bem confuso… mas eu continuo convicta de que a assassina é mesmo Dina. E explico.

Dina tem motivos de sobra: brigou judicialmente com o pai do agressor de Emerald, ele perdeu tudo e estava sedento por vingança (a mesma trama de Malice, da Prime Video). Foi ela quem incentivou Emerald a voltar a namorar, abrindo espaço para Allura e Liberty surgirem como cúmplices involuntárias. Mais grave ainda: Dina é sempre a primeira a apontar um “motivo” para justificar o ataque a Emerald e sempre a primeira a interromper qualquer tentativa policial de investigação. Agora, com Doug à beira da morte, ela está emocionalmente frágil o suficiente para ter agido por desespero. Minha aposta continua nela — e este episódio só reforça isso.

Carrington Lane: quem é ela, afinal?

O episódio “This Is Me Trying”, nome tirado da música de Taylor Swift (que duvido estar curtindo ser associada ao universo Kardashian), tenta uma missão ingrata: humanizar a detestável Carrington Lane. E Sarah Paulson entrega tudo, como sempre.

Começamos com Carr em sua essência: desagradável, apressada, crítica, atravessando sinal vermelho com a filha de 12 anos no carro. Até aqui, a vilã ampliada funciona perfeitamente. Mas o episódio decide reacender seu passado: vida doméstica, ex-marido, vazio afetivo, fragilidades.

É aniversário de Amabel (Ami), e Carr está angustiada porque a filha não tem amigas da mesma idade — eco direto da própria história de exclusão da advogada. Recordemos: no piloto, ela foi deixada de fora do plano de Liberty e Allura de abrirem um escritório juntas, alimentando a raiva que move metade de suas ações.

Do carro, Carr vê a filha espelhando sua própria solidão infantil e isso — surpreendentemente — a desarma. Para agravar, Ami diz que sente falta do “Tio Sebastian”. Carr justifica ter se afastado dele após ele se casar com um dependente químico, mas o que ela apresenta como prudência soa apenas como crueldade.

O colapso emocional começa pelo iPhone Memories

Em plena reunião de arbitragem, Carr vê seu iPhone Memories exibir uma foto dela com o pai de Ami — sim, o próprio “Tio Sebastian”. Ela desaba em lágrimas, é infantilizada pela cliente insensível e tenta retomar sua postura agressiva, mas está claramente abalada. É quando surge Alberta Dome (Lorraine Toussaint).

Alberta, outra advogada na arbitragem, surpreende oferecendo ajuda — uma amiga? Uau. A Carr vulnerável admite sua solidão e revela que o pai de Ami foi um grande amigo, deixando evidente que sente falta dele.

Logo depois, em uma reunião com o irresistível e irresponsável Chase, Carr quase cai na sedução do cliente. A sequência beira o surreal: uma lavagem de cabelo sensual à la Entre Dois Amores, litros de vinho e uma vulnerabilidade desconcertante. Alegando que teme que Ami cresça e escreva um livro expondo suas imprudências, Carr resiste — e vai embora sozinha.

No caminho, é presa por dirigir bêbada. Alberta a socorre e revela seu rancor contra Allura, que teria roubado clientes e jogado sujo. Propõe uma aliança para derrubar a rival. “Acho que conheci minha alma gêmea”, conclui Carr — sempre exagerada na dose certa.

Carr e Ami: um espelho perturbador

Tentando se aproximar da filha, Carr a leva para o escritório, onde Ami precisa escrever uma redação. Com a frieza de uma aspirante a serial killer, a menina a ajuda a redigir um texto sobre o passado de automutilação da própria mãe — um material delicado tratado com a insensibilidade típica da série. E voilà: agora sabemos por que Carr usa luvas. É claro que essas cicatrizes ainda voltarão para novos conflitos futuros.

Depois, Carr procura Sebastian. Ele diz verdades duras, mas ela ouve. E quando admite estar tentando — “essa sou eu tentando”, diz — vemos um raro momento de genuinidade. Ela se desculpa por tê-lo afastado e também por tê-lo tirado da vida de Ami. Os dois se entendem. Carr termina o episódio com dois apoios emocionais e uma abertura com a própria filha — o que diz muito sobre os limites da série e tudo sobre o talento de Paulson.

Assim como Glenn Close eleva qualquer cena em que aparece, Paulson arranca humanidade de um roteiro que não parece saber o que fazer com ela. Mas a verdade é que Carr funciona muito melhor como vilã descontrolada. Humanizá-la é possível — o talento da atriz permite —, mas o texto insiste em ter seu bolo e ainda nos forçar a engoli-lo.

O caso da semana: Juliana Morse (Brooke Shields)

A cliente-especular da vez é Juliana Morse, uma mulher de 50 anos que quer se divorciar do marido com Alzheimer, que já não lembra mais quem ela é. Juliana quer viajar, viver, namorar — e a filha argumenta que ela não precisa se divorciar para isso. Mas Juliana acredita que permanecer casada seria injusto com o marido.

O problema: o pré-nupcial. O contrato a deixa em risco financeiro e, agora que a filha é a representante legal do pai, ela precisa da aprovação da jovem. Mas a filha se recusa.

Liberty, que está prestes a se casar com Reggie, leva o caso para o coração. Ela odeia a ideia de prenup e acredita que Reggie partilha dessa visão. Não partilha. Ele sugere um, garante que ela pode alterar tudo (o que ela faz), e insiste que é “para protegê-la”. O que deveria soar romântico soa, no universo de All’s Fair, como prenúncio de desastre.

A polícia avança — e Dina atrapalha

Allura, Liberty e Dina tentam medir o impacto da morte do agressor de Emerald, mas ela evita qualquer conversa. E quando a detetive Connie Morrow aparece no escritório para recolher computadores e documentos ligados ao assassinato de Lloyd Walton, o clima pesa.

Connie começa por Allura, já que registros do celular a colocam perto da casa da vítima no horário da morte. Allura explica: estava ajudando Milan, que está grávida de Chase. Pede que Connie confirme com ela — mas Dina invade a sala como advogada de Allura e expulsa a detetive de lá.

Quando Connie questiona a motivação das advogadas, Dina rebate com a frase que só aumentou minhas suspeitas: “Se uma de nós estivesse envolvida, teríamos feito muito melhor do que isso.”

Não me convenceu. Não convenceu Connie. E reforça minha teoria central: Dina sabe mais do que diz.

Milan, Chase e o bebê

Mais cedo, Allura tenta convencer Milan a contar a verdade a Chase. Milan finalmente revela: ele será pai. Chase fica radiante, mas Milan afirma que criará o bebê sozinha e que a conversa foi apenas uma “cortesia”. Ao ser perguntado sobre Allura, ela simplesmente desliga.

A cena mais forte do episódio: Dina e Doug

Em casa, Dina cuida de Doug com devoção. Quando ele pede mais remédio, finalmente confessa: não há esperança. Ele sabia há semanas, mas não conseguiu contar.

Dina entra em negação — fala em tratamentos, novos médicos, milagres. Doug, porém, quer apenas que ela aceite.

Quando ele dorme, Dina desce para fazer um chá… e colapsa. Quebra tudo na cozinha, cai no chão em prantos, tomada por uma dor crua, quase animalesca.

Glenn Close, com esse tipo de material, entrega não uma cena, mas uma devastação. Dor, fúria, impotência. Um grito diante de uma sentença irrevogável.

E se Dina é capaz de quebrar a cozinha inteira pela iminente perda do marido… seria tão impossível imaginar que ela foi capaz de matar o filho do homem que destruiu sua família anos antes?

Eu, sinceramente, acho que não.


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário