Landman — Temporada 2, Episódio 2 recap: Os Pecados Paternos

Há uma lógica curiosa — quase perversa — no universo de Landman: a fortuna chega rápido, mas o preço emocional chega mais rápido ainda. E, no segundo episódio da temporada, “Sins of the Father”, Taylor Sheridan empurra cada personagem para um ponto delicado, onde decisões mal pensadas, contratos duvidosos e traumas familiares não resolvidos começam a bater à porta ao mesmo tempo. Se a Season 1 era sobre sobrevivência, a Season 2, ao que tudo indica, será sobre herança, não no sentido financeiro, mas no sentido mais íntimo e brutal.

Cooper encontra petróleo e perde o chão

A história abre com Cooper vivendo o momento que qualquer personagem de série petrolífera sonha: uma explosão de óleo perfeitamente cinematográfica. É o “gusher” clássico, o sonho molhado da mitologia texana. Mas enquanto ele vibra coberto de óleo, Ariana enxerga outra coisa: o começo do fim.

Ele chega em casa tarde, sujo, e ela o espera em um estado emocional que é meio amor, meio pânico, meio premonição. Ariana não quer mansão, não quer luxo, não quer a vida de petróleo que engoliu sua rotina e muito menos quer perder o homem que ama. Mas, na lógica sheridaniana, o medo vira ruptura. E ela termina tudo para não reviver seu trauma.

O fim do relacionamento deles não surpreende, mas magoa, até porque Cooper reage mal, ficando paralizado. Quando Ariana o expulsa de casa, ele volta para o “Château Norris”, onde tem que lidar com a irmã e o relacionamento doentio de seus pais.

O preço do sucesso: 7.000 barris e uma decisão ruim

Cooper não está só deprimido: ele está preso em um acordo financeiro irresponsável. São cerca de 7.000 barris garantidos, e a empresa que financiou esse milagre se chama Sonrisa, cujo nome já sugere algo suspeito.

Tommy, que sempre viu mais do que diz, percebe o perigo imediato: Cooper assinou contrato sem consultar advogado. E pior: Sonrisa não é apenas obscura, é um fundo que não deveria estar tão confortável financiando operações de risco tão alto.

Tommy pede para Nate investigar. Em Sheridanland, quando Nate entra em cena com cara de “deixa comigo”, sabemos que vem problema.

A queda de Monty vira bomba-relógio e Cami começa a desenterrar cadáveres

Enquanto Cooper tenta juntar os pedaços do próprio coração e do próprio contrato, a M-TEX descobre que recebeu — e perdeu — um acordo de US$ 420 milhões. Era dinheiro destinado à perfuração de um poço offshore na Louisiana que nunca aconteceu, e que, por algum motivo nebuloso (ou não tão nebuloso assim), foi pago diretamente para Monty, e não para a empresa.

Ou seja: há um rombo gigante, uma seguradora furiosa e um rastro de segredos mal enterrados.

Sob pressão, Rebecca Falcone brilha como uma advogada que consegue transformar juridiquês em arma: ela usa o fato de a seguradora ter pago Monty diretamente como violação contratual, invertendo a culpa, ganhando tempo e garantindo uma trégua frágil. A exigência é simples: construir o poço, dar relatórios semanais e enfrentar o escândalo que vier.

Mas Cami não engole fácil essa superfície polida. Ela sente que Monty escondeu algo, e vai fuçar o escritório dele, uma cena quase simbólica: a viúva revirando os escombros emocionais e financeiros do homem que amou, procurando por um fio de verdade num mar de papelada incompleta e pastas vazias.

Sheridan, que raramente é sutil, usa a imagem para sugerir que, por trás da persona dourada de Monty, existe um abismo ainda maior.

Tommy: funerais, traumas e um ciclo que precisa parar

Enquanto todo mundo tenta apagar incêndios financeiros, Tommy está lidando com outro tipo de perda: a morte da mãe. Só que ele não está em luto, não do jeito convencional. Ao escolher flores (“suficientes para dizer que eu tentei, não o bastante para dizer que sinto falta”), ele revela um conflito mais profundo: como lamentar alguém que nunca pôde amar de verdade?

A visita ao pai, T.L. (Sam Elliott, sempre impecável), adiciona outra camada porque ele acusa Tommy de não sentir nada, a conversa abre espaço para uma das melhores cenas do episódio: Tommy explicando, num desabafo cru, como a infância foi um inferno com um pai violento e alcoólatra, uma mãe destruída por vícios, e ele, uma criança tentando sobreviver.

É Cooper, ironicamente, quem encerra a discussão, alegando que Tommy fez o “melhor” e o melhor dele “é o suficiente”. Um momento de conexão entre pai e filho.

E então vem o golpe final: El Jefe Gallino entra no jogo

Nate finalmente volta com a investigação. E o nome por trás da Sonrisa é revelado e confirma o pior: El Jefe Gallino (Andy Garcia), o líder do cartel que na temporada passada sequestrou e ameaçou Tommy.

O fundo que financiou Cooper é dinheiro sujo e agora, os Norris estão, involuntariamente, ligados ao cartel. É o tipo de revelação que Sheridan adora: o erro inocente de um personagem vira uma avalanche moral e criminal.

O olhar de Tommy ao ouvir o nome diz tudo: o inferno está oficialmente aberto.


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