Aqui em Miscelana, falar de House of the Dragon e Game of Thrones é mais do que comum: é quase uma religião. E depois de uma prolongada espera — na prática, um atraso de mais de um ano — já estamos a menos de doze meses de retomar o drama da guerra civil dos Targaryens. Sem esquecer que, já em janeiro, voltamos a Westeros com A Knight of the Seven Kingdoms. Já era hora.
Com a estreia da terceira temporada marcada para junho de 2026, as primeiras imagens oficiais finalmente foram divulgadas — e elas dizem muito. Na primeira, Rhaenyra Targaryen aparece contemplando a coroa de Jaehaerys I, em Dragonstone, vestida não como rainha de audiências, mas como comandante de guerra. O figurino é funcional, austero, quase militar. Lembra a roupa de Daenerys na fase final de Game of Thrones, como fãs atentos já compararam. Cronologicamente, Rhaenyra antecede Daenerys, mas a sombra da Mãe dos Dragões é maior e lendária. Seja como for, a mensagem é direta: a fase simbólica acabou. A guerra agora é concreta.


Na segunda imagem, Daemon Targaryen surge nos Riverlands, à frente de um exército, coberto de sangue, ladeado por Oscar Tully e sob estandartes de casas que entram de vez no conflito. Não é pose heroica. É o retrato exato do que a Dança dos Dragões se torna neste ponto da história: lama, exaustão e carnificina.
Essas imagens já indicam a virada definitiva da série para o trecho mais sangrento da guerra civil. A expectativa é que a temporada adapte batalhas fundamentais como Red Fork, Fishfeed — a mais mortal de todo o conflito em terra — e o Butcher’s Ball, levando a ação de vez para fora dos conselhos e das salas fechadas. A guerra sai da estratégia e entra no massacre.


Teremos muitos rostos e personagens novos liderando batalhas, atravessando traições e perigos. Nesta fase da história, também enfrentaremos perdas significativas de ambos os lados. Entre os Pretos, já no episódio de abertura sentiremos o impacto da morte do primogênito de Rhaenyra, seu herdeiro e conselheiro mais querido, o príncipe Jacaerys. Também nos despediremos dos odiosos Ser Criston Cole e Ser Otto Hightower — este último após descobrirmos quem o mantém como prisioneiro em alguma cela, um desvio criado pela série e que não existe no livro de George R. R. Martin, Fire & Blood.


Falando em mudanças, a campanha promocional deixa claro que Rhaenyra também muda de chave. A rainha agora aparece empunhando uma espada de forma ativa, não apenas simbólica. Foi um pedido da atriz Emma D’Arcy, e confesso que fico do lado dos que não gostaram da escolha — não por irrelevância em ver uma mulher em batalha (há várias na história), mas porque, em Fire & Blood, Rhaenyra não luta em campo aberto: ela é uma figura estratégica, política, nunca uma guerreira. A série, porém, assume esse desvio como escolha narrativa. A espada deixa de ser alegoria e passa a ser gesto dramático. Não é só estética: é uma redefinição de personagem.
O próprio teaser exibido com exclusividade para a imprensa no Brasil reforça essa mudança de eixo. Segundo a descrição que circulou após o evento da HBO, o vídeo foca na divisão total de Westeros: parte do reino reconhecendo Aemond Targaryen, outra parte permanecendo com Rhaenyra. Vemos Aegon Targaryen profundamente marcado após os eventos de Rook’s Rest, Alicent ao lado de Aemond, e flashes de Otto Hightower, Criston Cole e, novamente, Daemon se preparando para uma grande batalha. A disputa, agora, não é mais apenas dinástica: é militar e ideológica.


Chama atenção também a escolha de centralizar o embate em Aemond versus Rhaenyra, e não em Aegon. No livro, Aegon passa um longo período afastado do poder após deixar Porto Real, mas tudo indica que a série não permitirá que ele desapareça da narrativa por tanto tempo. Ainda assim, o discurso da temporada é cristalino: o reino terá de escolher entre o regente de facto e a rainha legítima, enquanto Westeros sangra em todas as frentes.
Mas convenhamos: transformar Aemond em antagonista direto e quase usurpador da coroa do próprio irmão também não vem com essa ótica do livro — e aqui entra o mérito dos atores Ewan Mitchell e Tom Glynn-Carney, que acrescentaram camadas decisivas a essa rivalidade. A história ficou mais turva, mais trágica, mais interessante. Eu adorei.


Tudo aponta para que esse material seja finalmente exibido ao público na CCXP, em dezembro, a menos de uma semana. O timing faz sentido: a HBO já tem um teaser finalizado, a temporada estreia daqui a poucos meses, e a convenção brasileira se consolida cada vez mais como palco de anúncios globais do universo de Westeros.
No meio de tudo isso, a série ainda carrega um peso extra: já está renovada para a 4ª temporada, o que dá à produção liberdade para estruturar essa terceira fase como o verdadeiro coração da guerra. Não é mais construção. É colapso.
A promessa, portanto, é direta e nada sutil: a 3ª temporada de House of the Dragon será menos política de bastidores e mais devastação a céu aberto. Menos intriga palaciana, mais estandartes rasgados. Menos símbolo, mais consequência. A Dança dos Dragões entra no seu trecho mais cruel — e, pelo que as imagens e o teaser indicam, não haverá espaço para neutralidade, nem para mitos confortáveis.
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