O ranking global desta semana desenha um cenário muito claro: o streaming termina novembro dominado por três forças principais: terror como fenômeno contínuo, nostalgia como motor de consumo e franquias como porto seguro absoluto.

No topo absoluto do dia, o maior destaque é IT: Welcome to Derry, que lidera com folga o HBO Max e confirma aquilo que o mercado já vinha esperando: o terror voltou a ser mainstream em escala global. A marca IT continua sendo um dos IPs mais poderosos do gênero, e a curiosidade pelo passado de Pennywise criou um efeito de “evento semanal”, algo raro hoje em dia.

Ao mesmo tempo, vemos um domínio quase cirúrgico do entretenimento familiar e do escapismo — e isso se reflete especialmente na Apple TV.

Apple TV+: o império dos “blockbusters de sofá.”

Até porque é um lançamento, mas The Family Plan 2 lidera o ranking de filmes, seguido de perto por The Family Plan original, mas dificilmente vai segurar o podio.

É um fenômeno raro: o original e a sequência ocupando simultaneamente o topo do ranking mundial da plataforma, criando um efeito dominó de consumo em maratona. Estamos diante do novo modelo de sucesso da Apple: grandes estrelas + conceito de ação limpa + apelo familiar global.

No campo das séries, a tríade Pluribus, The Last Frontier e Down Cemetery Road revela um padrão claro: a Apple aposta pesado em ficção de médio orçamento com alto conceito, e o público está respondendo. Pluribus lida com o público fã de Breaking bad e outros que acusam de plágio, The Last Frontier descambou para cafonice sem sentido e essa sim, Down Cemetery Road merece todo destaque.

Os fãs de Ted Lasso que sabem que a série volta em janeiro de 2026 já estão matando as saudades e The Morning Show, que acabou de encerrar a temporada de 2025 mantém a série viva, virando “confort series” do catálogo.

Netflix: o Natal bate à porta — mas o terror ainda manda

A Netflix vive um duplo movimento curioso: ao mesmo tempo em que inicia a virada natalina com comédias e filmes familiares como Jingle Bell Heist e Champagne Problems, ela mantém o pé firme no terror e no thriller.

O bom desempenho de Frankenstein e do true crime The Carman Family Deaths confirma que o público global não abandona o lado sombrio, nem em clima de fim de ano. Mas é o embate entre Stranger Things e The Beast in Me que revela o interessante: a Netflix vive hoje entre o peso de seu maior legado e a necessidade constante de criar novos fenômenos. Stranger Things voltou dia 27, mas não lidera com a folga de antes, sinal inequívoco de transição geracional de audiência.

Claro que vai tirar The Beast in Me do topo, mas a série da mesma equipe de Homeland ganhou atenção em um ano muito rico de séries, não é um feito a se ignorar. Ainda mais com a campanha pesada da despedida de Stranger Things também influenciando o ranking.

HBO Max: terror no topo, mas diversidade na base

Além de Welcome to Derry, o HBO Max mostra um cardápio altamente eclético:

• The Seduction mantém força sólida.
• Smiling Friends prova que a animação adulta já virou consumo regular de massa.
• E I Love LA confirma que a comédia urbana continua sendo um gênero de retenção vital.

A série francesa não entra na minha lista de melhores do ano, nem I Love LA, mas essa produção está falando diretamente com os Zillenials (HBO é esperta!) e já ganhou uma segunda temporada. Está mesmo na parte de acertos da plataforma em 2025.

No cinema, a liderança de The Conjuring: Last Rites é mais um sinal de que o terror virou o gênero mais estável do streaming em 2025. E o curioso segundo lugar de Wicked indica uma surpreendente sobrevida do musical fora das salas de cinema.

Disney+: o poder eterno da nostalgia

O Top 10 da Disney+ é, talvez, o mais previsível — e ainda assim, um dos mais poderosos. Zootopia, que está com a estreia de continuação, naturalmente passou a ser o mais visto da semana. Liderando um corredor inteiro de clássicos: Toy Story (completando 30 anos), Home Alone, How the Grinch Stole Christmas.

É a prova matemática de que o catálogo da Disney não envelhece — ele apenas aguarda a próxima geração. Nas séries, All’s Fair lidera com folga, confirmando-se como o grande acerto adulto da plataforma no segundo semestre, tanto que tem volta garantida em 2026.

Amazon Prime Video: romance jovem + fantasia + repertório latino

O Prime entrega talvez o ranking mais multicultural da semana. O topo com Maxton Hall – The World Between Us reafirma a força global do drama romântico juvenil. Logo atrás, The Mighty Nein e Hazbin Hotel mostram o apetite por universos fantásticos seriados.

A permanência de Yo soy Betty la fea no Top 10 é outro dado precioso: o streaming globalizou definitivamente o consumo de melodrama latino clássico.

Mas o filme estrelado por Julia Roberts, After The Hunt passou a frente do lançamento Playdate, confirmando que grandes estrelas sempre entram no Top 10.

Paramount +: o mundo do South Park

Landman 2 voltou e estranhamente não passa do quarto lugar no ranking, um sinal de que talvez o mundo do petróleo não seja o sucesso que muitos esperavam. South Park é o título mais popular do ranking, seguido por Tulsa King e Yellowstone. A ver como segue em dezembro.

O streaming vive três tempos ao mesmo tempo

O Top 10 da última semana de novembro revela algo muito claro: clássicos, franquias, nostalgia e remakes dominam todas as plataformas; o terror é o gênero mais estável de 2025, tanto em filme quanto em série; grandes estrelas em filmes voltados para família seguem funcionando e talvez o mais simbólico: o público está cada vez menos fiel a plataformas e cada vez mais fiel a marcas, personagens e sensações.

Hoje, não se escolhe “o que está passando”. Escolhe-se o que reconforta, o que assusta, ou o que ativa a memória afetiva.

E o ranking reflete exatamente isso.

Miscelana Top 10

1 — Down Cemetery Road (Apple TV+)
2 — Stranger Things (Netflix)
3 — Champagne Problems (Netflix)
4 — Landman (Paramount+)
5 — Robin Hood (MGM+)
6 — All’s Fair (Disney+)
7 — Frankenstein (Netflix)
8 — Merteiul: The Seduction (HBO Max)
9 — Angela Diniz: Assassinada, Condenada (HBO Max)
10- Train Dreams (Netflix)