O ranking global desta semana confirma três tendências bem claras que já vinham se anunciando em novembro, mas agora aparecem cristalinas: o terror se consolida como o gênero mais estável do streaming, a nostalgia assume o comando das escolhas familiares, e as plataformas vivem de ciclos próprios — cada uma com seu mini-ecossistema emocional.
Dito isso, vamos às leituras.
Netflix: monstros, Natal industrializado e a eterna disputa entre legado e renovação
A Netflix vive um dezembro completamente dividido entre os monstros que nunca morrem e o Natal que sempre renasce.
No topo dos filmes, a supremacia absoluta de Troll 2 — seguido pelo primeiro Troll — mostra algo que o algoritmo descobriu e o público confirmou: criatura gigante + caos urbano + apelo meio infantilizado é receita infalível. A franquia não só continua viva como cria seu próprio microclima dentro da plataforma.
O pacote natalino aparece logo atrás: My Secret Santa, Jingle Bell Heist, as comédias açucaradas que se tornaram tão parte da Netflix quanto a logo vermelha. Dezembro tem cheiro de pinho, glitter e roteiros recicláveis — e dá certo.


Entre as séries, Stranger Things volta a ocupar o topo com uma força quase ritualística: todo mundo volta. Mas é curioso observar que ela agora divide espaço com títulos robustos como The Abandons, Sean Combs: The Reckoning e Dynamite Kiss — que mostram a disputa entre nostalgia consolidada e o apetite por novos fenômenos.
E sim, a presença de With Love, Meghan no top 10 confirma o fenômeno Meghan Markle em sua versão “hate-watch global”.
HBO Max: Derry reina e Merteiul se mantém — enquanto o terror vira matriz
Se o terror domina a Netflix, no HBO Max ele simplesmente governa. IT: Welcome to Derry não apenas lidera — ele folga. É o tipo de fenômeno que redefine calendário, pauta crítica e expectativa semanal. Pennywise voltou a ser o personagem mais influente da cultura pop do dezembro de 2025.
Logo abaixo, Merteiul — The Seduction continua estável, uma mistura de drama de época, erotismo psicológico e twist contemporâneo que encontrou seu público. I Love LA permanece como a comédia urbana do momento, falando diretamente com a geração Zillennial.
No cinema, a liderança de The Conjuring: Last Rites confirma — mais uma vez — que o terror virou o gênero mais previsível, mais fiel e mais resistente do streaming. E a presença constante de clássicos recentes como Life e Ford v Ferrari mostra que o HBO Max ainda é o berço do “adulto cinéfilo”.


Disney+: a nostalgia venceu (como sempre)
Não há surpresa e, ao mesmo tempo, há poder: Zootopia é o filme mais visto do Disney+, embalado pelo hype da continuação. O special look da sequência, claro, também entra no ranking — algo que só a Disney consegue fazer: transformar prévia em produto de consumo massivo.
O corredor natalino aparece previsível e fortíssimo: Home Alone, Home Alone 2, Grinch, Freakier Friday, Toy Story. É quase matemático: dezembro = infância.
Nas séries, All’s Fair segue soberana — o maior acerto adulto da plataforma desde The Bear no Star+. É leve, acessível, bem distribuída e tem apelo universal.

Prime Video: o ecossistema global mais plural do streaming
A Amazon entrega o ranking mais multicultural da semana.
No topo, Maxton Hall – The World Between Us, reforçando o que já sabemos: romance juvenil europeu continuará dominando enquanto a plataforma insistir nesse filão.
The Mighty Nein e o eterno Yo soy Betty la fea mostram a convivência de fantasia, fandom e melodrama latino clássico na mesma prateleira. Poucas plataformas conseguem isso.
Nos filmes, Oh. What. Fun. e She Rides Shotgun formam uma dobradinha curiosa: natalino + ação suja, com cara de catálogo global. After the Hunt mantém fôlego graças a Julia Roberts — prova de que estrelas ainda movem ranking.

Paramount+: o império Sheridan e os ciclos estranhos do dezembro americano
O Paramount+ segue habitado por suas próprias criaturas estáveis: Tulsa King, Landman (em terceiro) e Yellowstone.
É o “Sheridan-verso” que sustenta a plataforma. O curioso é a segunda posição de South Park, mostrando que a animação adulta é um ativo insubstituível, especialmente no fim de ano.
Nos filmes, o domínio de Mission: Impossible – The Final Reckoning e a presença de vários títulos da franquia confirmam que Tom Cruise é a espinha dorsal do streaming adulto da Paramount.
Apple TV+: a exceção absoluta — prestígio, consistência e zero caos natalino
A Apple continua operando em outra frequência — elegantemente fora da histeria natalina das concorrentes.
Nos filmes, o domínio de The Family Plan 2 e do original cria uma espécie de “duopólio doméstico”: blockbuster de sofá, como você já definiu tão bem. É o novo modelo de sucesso da Apple: filmes limpos, estrelados, acessíveis e familiares.
Nas séries, o reinado está cada vez mais consolidado:
- Pluribus, no topo, sustentada pela conversa política e pela sombra de Breaking Bad.
- The Last Frontier, cada vez mais extravagante, mas ainda forte.
- E Down Cemetery Road, consistente, elegante e — honestamente — o verdadeiro destaque adulto da plataforma no fim do ano.
A Apple é a única com um top 10 completamente livre de natalinos ou clássicos ressuscitados. É quase uma contracultura dentro do streaming.



O que dezembro nos diz (de novo): o streaming vive três tempos ao mesmo tempo
A semana confirma algo muito claro:
- Monstros e terrores continuam soberanos.
- O Natal é uma máquina eterna de audiência.
- E as plataformas estão menos definidas por catálogo e mais por identidade emocional.
Hoje, o público não escolhe “onde assistir”. Escolhe como quer se sentir — reconfortado, assustado, nostálgico. E o ranking reflete exatamente isso.
Miscelana Top 10
1 — Down Cemetery Road (Apple TV+)
2 — Stranger Things (Netflix)
3 — Sean Combs: The Reckoning (Netflix)
4 — Landman (Paramount+)
5 — Robin Hood (MGM+)
6 — All’s Fair (Disney+)
7 — Frankenstein (Netflix)
8 — Merteiul: The Seduction (HBO Max)
9 — Angela Diniz: Assassinada, Condenada (HBO Max)
10- I Love LA (HBO Max)
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