O Que Sobrevive em Down Cemetery Road no episódio final da temporada (recap)

Depois de semanas de tensão crescente, o episódio final de Down Cemetery Road tropeça justamente onde deveria fechar com precisão. As falhas de roteiro se acumulam em tantos furos que quase uma hora de duração parece dedicada a esticar uma trama que insiste em complicar o que já era simples.

Sarah e Dinah conseguem chegar à costa no bote de Amos e, ao tentarem se disfarçar para fugir, encontram Zoe. Sim, “de alguma forma” ela não só sobreviveu às explosões e à mira de Amos, como nadou, reencontrou o barco que havia abandonado as duas na ilha e ainda aparece com a ajuda de um capitão que odeia ingleses. Tudo isso sem explicação plausível, apenas aceitação tácita do absurdo.

Do outro lado, Malik observa tudo. Enviado à Escócia por C para “terminar o serviço”, ele faz exatamente do jeito mais enrolado possível, para o desespero do chefe, agora pressionado pela Secretária de Estado, que finalmente tem em mãos todas as informações sobre o que realmente aconteceu.

Segue-se então uma sucessão de situações previsíveis e, em alguns momentos, quase risíveis. Ainda assim, o grande elenco sustenta a tensão. Malik sequestra o ônibus onde Zoe, Sarah e Dinah tentam se esconder até a estação de trem, leva as três para uma igreja abandonada e hesita em matá-las. Sem alternativa, C liga para Amos, em excelente humor após completar sua vingança. Ou parte dela.

C o contrata para um último trabalho. O “bônus”? Entregar Malik como incentivo. Quando Amos chega à igreja, é o mesmo predador calmo e superior de sempre. Mas Zoe e Sarah não são presas fáceis. A tentativa de fuga pelo bueiro rende uma sequência genuinamente angustiante. Sarah e Dinah precisam lidar com Malik, enquanto Zoe acaba capturada por Amos.

Sarah confronta o funcionário atrapalhado do governo com uma arma e, lembrando da dica ensinada por Downey, destrói o braço de Malik. Já Zoe trava uma luta física brutal com Amos. Quando tudo parece perdido, ela fura o olho dele com um pino. Amos escorrega, cai e morre ao bater a cabeça. Um vilão memorável do início ao fim, e uma performance impressionante de Fehinti Balogun, que sustenta a ameaça mesmo nos momentos mais frágeis do roteiro.

No epílogo, Sarah e Zoe voltam à Inglaterra de trem, enquanto Malick, ferido, aparentemente faz o trajeto a pé. Em Londres, C joga a culpa nos ombros da Secretaria e parte tranquilamente para o “setor privado do terrorismo”. A pedido de Zoe, Wayne divulga todos os documentos confidenciais, tornando pública toda a operação.

Sarah pergunta a Zoe se ela continuará como detetive particular quando voltarem, confessando que não sabe o que fazer da própria vida. Dinah é entregue à irmã de seu pai e enviada para viver com a família, uma resolução cheia de perguntas não respondidas: como entraram em contato? Como sabiam onde encontrar Sarah? E, depois de tudo, como entregar a menina sem confirmar identidades?

Zoe cobra de Sarah os custos dessa aventura, e cada uma segue seu caminho. O final deixa pontas soltas demais para serem ignoradas, claramente apostando numa segunda temporada.

Down Cemetery Road não se sustenta com a mesma solidez narrativa de Slow Horses, obra posterior de Mick Herron, mas ainda há material — ao menos três livros — para continuar. Ainda assim, com Malik transformado em um monstro à solta, a sensação é de que essa história específica já bateu no teto. Apesar dos tropeços, foi uma grande temporada. E, sim, sigo torcendo por mais.


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