Taylor Swift está na posição de comando do universo da cultura pop que já deixou comparações para trás. O que ela construiu não pede mais paralelos fáceis: é um caminho ímpar, e precisa ser reconhecido como tal. Seu foco, a comunicação direta com os fãs, a forma como produz e lança álbuns com pouco espaço entre eles, mesmo em meio a uma turnê que atravessou mais de um ano, ajudam a explicar por que sua presença hoje é quase onipresente, e, ainda assim, extremamente controlada.

O tamanho do que foi a Eras Tour é realmente impressionante. Taylor é, como ela mesma brinca, “um conglomerado”. E a série Taylor Swift: The End of an Era existe para mostrar justamente isso: o quanto ela é uma artista inteligente, antenada, estratégica e criativa. O registro acompanha tudo desde os primeiros passos, mas faz uma escolha narrativa importante ao incluir mais personagens — equipe, colaboradores, família, amigos — o que evita expor ainda mais a intimidade da cantora. Ainda assim, Taylor está visivelmente à vontade: fala, mostra telefonemas, vídeos com amigos, parentes e o noivo. É um conjunto que dá dimensão real do alcance da marca Taylor Swift dentro e fora dos palcos.
Em vários momentos, me lembrei de como Madonna foi pioneira nesse tipo de registro, entendendo cedo que documentar o processo também é uma forma de construir legado. Mas aqui há um diferencial claro: ao longo de seis episódios — e nem todos com Taylor ocupando cada minuto — a história ganha coração e emoção. A descentralização da narrativa fortalece o retrato.

Os dois últimos episódios, que chegam no dia 23, devem ampliar ainda mais essa discussão. Um deles inclui a perna brasileira da turnê, marcada por um episódio trágico, quando uma fã morreu em decorrência do calor extremo durante o show. É um momento delicado, pesado, e que certamente será observado em detalhe. Não há dúvida de que esses capítulos finais serão minuciosamente dissecados pelas swifties, cena a cena, gesto a gesto, silêncio incluído.
Gosto de Taylor Swift como artista, mas não sou exatamente o público-alvo da série, e, talvez por isso mesmo, a constatação seja ainda mais clara: é impossível não se render. Hoje, Taylor ocupa um lugar que um dia foi de Michael Jackson, em termos de impacto cultural e fidelidade de fãs. A escala é comparável, a devoção também. E isso, independentemente de gosto pessoal, é algo realmente impressionante de testemunhar.
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