Um fim de Ano com os Beatles

Como publicado de Caderno B+

Quero fugir do óbvio, mas aqui vai uma dica que, justamente por ser óbvia, nunca falha. Se a ideia é um fim-de-ano menos barulhento, menos performático e mais afetivo, poucas trilhas sonoras são tão infalíveis quanto The Beatles. Não apenas porque suas músicas atravessaram gerações, mas porque a história da banda acabou se tornando, também, a história de como aprendemos a ouvir, ver e consumir cultura pop no século 20.

Os Beatles foram mais do que um fenômeno musical: redefiniram a ideia de grupo, de autoria, de juventude e de liberdade criativa. No cinema e na televisão, seu legado é igualmente vasto e revisitar esses filmes e documentários no fim do ano tem algo de ritual. Não é só nostalgia. É reencontro. É observar, com a distância do tempo, como quatro jovens mudaram tudo e como continuamos tentando entender esse impacto décadas depois.

Para quem quer fechar 2025 embalado por memória, processo criativo e história viva, este é um roteiro possível.

The Beatles: Get Back (Disney+)
O mito desmontado, o processo revelado

Dirigida por Peter Jackson, a série transforma o que por décadas foi visto como o registro de uma banda em colapso em algo muito mais complexo: um retrato íntimo do trabalho criativo em tempo real. Get Back mostra tensão, cansaço e conflito, mas também humor, afeto e genialidade em estado bruto. A relevância está justamente aí: ao humanizar os Beatles, o documentário devolve vida a um grupo que por muito tempo foi tratado como monumento.

Beatles ’64 (Disney+)A Beatlemania como fenômeno cultural

Este documentário se concentra na primeira visita dos Beatles aos Estados Unidos, capturando o instante em que a banda deixou de ser apenas um sucesso britânico para se tornar um terremoto global. Mais do que falar sobre música, Beatles ’64 observa a reação do mundo: a histeria, a televisão, o choque geracional. Sua relevância está em registrar o nascimento da cultura pop como espetáculo de massa, algo que ainda molda artistas até hoje.

The Beatles Anthology (Disney +)A versão definitiva da própria banda

Durante anos, foi o relato canônico da história dos Beatles. Extenso, detalhado e narrado pelos próprios integrantes, Anthology organiza a trajetória da banda do começo ao fim, contextualizando discos, rupturas e transformações. Sua importância está na dimensão histórica: é o grande arquivo oficial, aquele que ajuda a compreender não só o que os Beatles foram, mas por que se tornaram referência absoluta.


Let It Be (Disney+)
O fim observado sem filtros

Por muito tempo tratado como um filme melancólico e quase cruel, Let It Be ganhou novas camadas depois de Get Back. Seco, direto e pouco explicativo, ele observa a banda sem mediação, sem narração reconfortante. A relevância está justamente nessa crueza: é um documento histórico que registra o esgotamento — e, paradoxalmente, a grandeza — de um grupo no limite.

McCartney 3, 2, 1 (Disney+ Hulu)O legado explicado por quem o construiu

Aqui, Paul McCartney revisita canções, gravações e escolhas criativas ao lado do produtor Rick Rubin. É menos sobre cronologia e mais sobre processo. A relevância da série está na escuta atenta: entender como músicas aparentemente simples carregam decisões complexas e como o legado dos Beatles segue vivo na criação contemporânea.

George Harrison: Living in the Material World (HBO Max)O Beatle mais silencioso — e mais radical

Dirigido por Martin Scorsese, o documentário revela George Harrison como um artista em permanente conflito entre fama, espiritualidade e desapego. Menos interessado no espetáculo e mais na busca interior, Harrison surge como a consciência crítica do grupo. Sua relevância está em ampliar a compreensão do que foi ser um Beatle — e do custo pessoal dessa condição.

John & Yoko: One to One (HBO Max)Amor, arte e política sem separação

O filme revisita um período específico da vida de John Lennon e Yoko Ono, quando criação artística e ativismo político se confundiam completamente. Menos idealizado e mais direto, o documentário é relevante por mostrar Lennon fora da mitologia beatle, enfrentando contradições, excessos e escolhas radicais.


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