A história da verdadeira Margaret Pole, Condessa de Salisbury é ainda mais trágica, violenta e triste do que aparece em The White Queen ou The White Princess ou mesmo The Spanish Princess. Ela era nobre de nascença, não por casamento, algo raro na época. Porém ela sofreu barbaramente, perdendo os pais, os títulos, sobrinhos, filhos e SPOILER ALERT até a própria vida.
Filha e irmã de “traidores” e mãe de “traidor” (seu filho se opôs ao divórcio de Henrique VIII portanto foi visto como ameaça ao Rei), Margaret Pole é santa católica e considerada mártir da religião católica. Sua execução é a mais violenta, sangrenta e traumática de todas na Torre de Londres, digna de filme de terror. Lembrando quantos assassinatos e mortes injustas aconteceram no local, saber que ninguém suplantou a de Margaret Pole quanto ao horror, é significativo. Para quem acompanhou a trajetória da triste princesa na trilogia das rainhas inglesas do Starz e viu o teaser do episódio final de The Spanish Princess sabe que será de segurar o fôlego e as lágrimas.

Margaret Pole foi uma personagem única na História. Ela era parente de todos na Guerra das Rosas, fossem York ou Lancaster. Seu pai era George, Duque de Clarence, irmão do meio entre Edward IV e Ricardo III. Casado com a filha do Poderoso e rico Conde Warwick, Margaret começou a sofrer as consequências das ações de parentes quando o pai se desentendeu com o irmão mais velho pela segunda vez e foi executado, afogado em um barril de vinho.
Tudo piorou quando após a morte do Rei, o duplamente tio Ricardo III, irmão caçula de seu pai e também tio por ser casado com a irmã da mãe de Maggie, ignorou a ordem hereditária e matou os sobrinhos homens. Tanto os filhos de Edward, primos de Maggie, assim como o irmão dela foram assassinados. Assim, sendo filha de traidor, ela perdeu a fortuna e títulos, sendo forçada a se casar sem amor e com um homem abaixo do seu status.
O fato de existir colocou Margaret Pole em posição de perigo e ameaça constantes. Ela cuidou pessoalmente da educação do primo Arthur, primeiro marido de Catarina de Aragão e futuro Rei da Inglaterra, o criando como um de seus filhos. Perdeu o “enteado”, o marido, o dinheiro e se viu forçada a se afastar dos filhos. Mesmo recuperando prestígio por ser próxima de Catarina, a desgraça sempre rondou Maggie.

Seu caçula entrou para a Igreja Católica. Na série, em um amor platônico já desfeito com outro santo católico, Thomas More, ela pede à ele para orientar seu filho, algo que em The Spanish Princess tera efeitos devastadores. Por fidelidade ao Papa, tanto More quanto o filho de Maggie se oporão ao desejo do Rei de anular seu casamento para se unir à Ana Bolena. Na série, Maggie toma horror a More depois de descobrir que ele é adepto da tortura contra hereges. Na História, Thomas More foi um astuto advogado e católico devoto. Separando a religião do Estado, não apoiava o divórcio de Henrique VIII, mas não rompeu com ele por isso. No entanto, o silêncio volumoso em relação a Ana Bolena acabou colocando o Rei contra ele e eventualidade More admitiu sua verdadeira opinião e foi executado.
E o que Margaret tem a ver com isso?
Como católica e amiga de Catarina de Aragão, mais ainda, como governanta da princesa Mary, Maggie secretamente não concordava com a decisão do Rei de se unir à Ana. Porém sua discrição não foi suficiente quando seu filho, Reginald, Arcebispo de Canterbury,, e, exílio na Itália, escreveu um livro dizendo exatamente o que ele pensava do casamento do rei com Ana Bolena. Os monarcas consideraram traição e a família do arcebispo, irmãos e a própria Margaret pagaram a conta com suas vidas.
Maggie, a essa altura idosa, foi interrogada duramente. Embora Henrique VIII a amasse como mãe e a tenha mantido presa por um tempo, o receio de uma revolta católica o levaram a agir. E aqui veja lenda do horror.

A versão mais simples culpa a inexperiência do carrasco, que errou o golpe e precisou repetí-lo 11 vezes até matar Margaret Pole. A mais dramática relata a recusa de Margaret de colocar sua cabeça sobre o bloco, forçando o carrasco a golpeá-la de pé. Ela foi obrigada pelos guardas a se deitar, porém o carrasco “se atrapalhou” e ao invés de atingir seu pescoço, atingiu seu ombro. Ela saiu correndo e gritando ao redor do cadafalso até que, perseguida, morreu depois de 11 golpes. A versão correta foi a de que Margaret resignadamente rezou e pediu para que todos os presentes orassem para o rei, a rainha, o Príncipe Eduardo e sua afilhada, Maria. Deitou a cabeça sobre o bloco, e não saiu correndo após o primeiro golpe. O carrasco entrou em pânico, fazendo da execução um evento horrível e de fato precisando de mais de 10 golpes para matá-la. Ele cortou seu pescoço, ombros e cabeças várias vezes, fazendo-os em pedaços. Isso não será mostrado na série.
A morte cruel de Margaret Pole chocou a todos, menos o Henrique VIII, pelo que consta. Ela foi beatificada em 1886 e os católico s rezam por ela no dia 28 de maio, um dia após sua trágica morte.

The Spanish Princess chega ao fim essa semana, com grande destaque para Margaret Pole, que deve encerrar presa e sem títulos. A atriz Laura Carmichael tem conseguido passar a tristeza e frustração de uma mulher impotente quanto às injustiças que sofreu apenas por ser quem era. Vamos sentir falta.
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