Se você assistiu Cidadão Kane há muito tempo ou ainda não viu o clássico, o glossário abaixo para aproveitar o que Mank apresenta.
Cidadão Kane

A produção de 1941, dirigido por um Orson Welles com apenas 25 anos, é sistematicamente apontado ano após ano como o melhor filme já feito. Inovador na narrativa, nas interpretações e ousado porque era claramente uma biografia (crítica) de William Randolph Hearst, Cidadão Kane estabeleceu o estrelato e mito em torno de Orson.
Cidadão Kane conta a história de Charles Foster Kane, um menino pobre que acaba se tornando um dos homens mais ricos do mundo por meio da aquisição de bens a adoração das pessoas. Sua história é contada através de entrevistas enquanto o repórter busca o significado das últimas palavras ditas por Kane antes de morrer, Rosebud.

Cidadão Kane perdeu o Oscar de filme para O Vale era Verde (How Green Was My Valley), mas levou o de Melhor Roteiro.
Orson Welles

Chegou à fama absoluta do cinema aos 25 anos, aclamado como gênio, mas já era estrela do teatro e rádio antes mesmo da projeção internacional. Considerado um dos artistas mais versáteis do século 20, dirigia, escrevia e atuava. Seu ego era famoso e muitas biografias o retratam como orgulhoso, mulherengo, manipulador e autocentrado. Ele morreu há 35 anos, aos 70 anos, em casa, em Hollywood.
Depois de lançar Kane, Orson fez outros filmes de sucesso, mas nunca à altura de sua obra-prima. Muitas portas foram fechadas por William Randolph Hearst, que naturalmente odiou Cidadão Kane e como sua história foi retratada. Orson também brigou com Herman J. Mankiewicz, com quem partilhou os créditos do roteiro.
Herman J. Mankiewicz

Jornalista alcoólatra e brilhante, Herman J. Mankiewicz era chamado de Mank por amigos e circulava entre os maiorais dos estúdios na época. Além de assinar o roteiro de Cidadão Kane, escreveu, entre outros, o roteiro do premiado O Mágico de Oz. Mank esteve no círculo íntimo de convidados de Hearst, por isso a descrição no filme do bilionário ter sido tão apurada com a realidade. Hearst nunca o perdoou.
As rusgas sobre a autoria de Kane começaram depois que Orson deixou passar em entrevistas que ele teria feito tudo sozinho: produzido, atuado, dirigido e… escrito o roteiro. Mank achou a idéia “insolente” e foi além, afirmando que Orson não contribuiu com nenhuma linha. Foi o que a crítica Pauline Kael anos depois eternizou em seu livro, uma vez que a briga era pública. Segundo Mank, Orson teria oferecido mil dólares extras para que ele tirasse seu nome dos créditos. Orson negou veemente a acusação até sua morte. Em Mank, David Fincher sugere que havia sim um acordo de ghostwriting que renderia um valor à mais ao roteirista, mas que, após receber o feedback do irmão mais jovem, Joseph L. Mankiewicz que Cidadão Kane, originalmente entitulado de Americana, era uma obra-prima.
Irmão mais novo de Mank, e seu melhor amigo, Joseph é um dos maiores diretores de Hollywood e autor de clássicos também. A Malvada, estrelado por Bette Davis, é um dos melhores filmes sobre bastidores do teatro e cinema. Ele também assinou A Condessa Descalça e Cleópatra, entre outros.
Marion Davies

Merece um post à parte. Interpretada por Amanda Seyfried, Marion Davies era uma atriz de comédias menores, sem destaque, mas adorada pessoalmente por seu humor e vivacidade.

Ao se tornar amante de William Randolph Hearst ganhou mais destaque e críticas, porque deixou os papéis leves onde se saía bem para os dramas, onde não teve o mesmo desempenho É a inspiração para a personagem Susan Alexander, cruelmente mostrada sem talento em Cidadão Kane. Ela se aposentou aos 40 anos, em 1937 e ficou com Hearst até a morte dele, em 1951. Era amiga de Mank, e, segundo dizem, ao contrário de Hearst, não se importou com o filme.
William Randolph Hearst

O pai da fake news, dono de um império de revistas e jornais, ele criava histórias, dizem que afirmava “me dê a foto que crio a notícia”. Construiu um castelo – isso mesmo, um cas te lo – na Califórnia (hoje aberto para visitação) que é considerado um marco histórico nos Estados Unidos. Concebido por Hearst e sua arquiteta Julia Morgan, foi construído entre 1919 e 1947.

Hearst, um homem casado e pai de cinco filhos, teve casos com várias atrizes em Hollywood, mas se apaixonou por Marion Davies. O caso dos dois começou quando ela ainda era adolescente e se manteve até a morte dele, em 1951.
Cidadão Kane ofendeu o magnata, que perseguiu o diretor Orson Welles enquanto esteve vivo e proibiu a divulgação de qualquer de seus filmes em suas publicações, na época, super influentes.
John Houseman
O produtor que é o interlocutor entre Mank e Orson, se tornou, sem surpresa, a principal testemunha sobre a verdade de quem escreveu o roteiro de Cidadão Kane. Também trabalhou como ator. Segundo ele, Mank mesclou Hearst com Orson, usando fatos e características dos dois. Segundo Houseman, a cena em que Kane destrói o quarto de Susan Alexander, é uma referência de Orson na vida pessoal.
Louis B. Mayer

O presidente e fundador de um dos maiores estúdios de Hollywood, nos áureos anos, Louis B. Mayer “criou” ícones como Greta Garbo, Judy Garland, Fred Astaire e Clark Gable, entre outros. Controverso, ele posava como “pai” de suas estrelas, mas era manipulador e até sovina.
Os autores
Em uma rápida sequência vemos os roteiristas Ben Hecht, autor de Notorious e Scarface com George S. Kaufman, S.J. Perelman e Charles MacArthur, todos mais conhecidos por quem faz cinema. Ali conhecemos também Charles Lederer, sobrinho de Marion Davies. Eles enrolam David O. Selznick, produtor de E O Vento Levou, e “Joe” von Sternberg.
Irving G. Thalberg

Assustadoramente parecido com o verdadeiro Irving G. Thalberg, o ator Ferdinand Kingsley incorpora o antagonista da história em Mank.
Assim como Orson Welles, Thalberg foi um prodígio e alcançando fama e poder aos 24 anos. F. Scott Fitzgerald usou a sua vida para escrever The Last Tycoon. Thalberg fundou MGM com Louis Mayer, mas morreu muito jovem, em 1936. SPOILER ALERT é verdade que Thalberg produziu um segmento de fake news que definiu o resultado das eleições e derrota de Upton Sinclair.

Um dos prêmios mais importantes do Oscar leva seu nome e foi dado a Steven Spielberg, Francis Ford Coppola, Walt Disney, Alfred Hitchcock e Clint Eastwood, entre outros.
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