Seja no universo da Marvel, de Game of Thrones ou de Peaky Blinders, ser um Stark tem peso. No caso aqui, Lizzie, a prostituta que era o motivo de piada entre os Shelbys, que John chegou a escolher como esposa (mas que Tommy, no seu melhor estilo, atrapalhou), hoje é uma elegante e rica senhora da sociedade inglesa, casada com o líder da família e certamente uma das figuras femininas mais importantes da série. A evolução da personagem, que sempre foi apaixonada por Tommy, é emocionante e vale, nessa última temporada, ser relembrada.

Conhecemos Lizzie (Natasha O’Keefe) logo na 1ª temporada, quando ela causa uma certa crise familiar. Lizzie nasceu em cresceu na área pobre de Small Heath, e, como muitas mulheres durante a Guerra, encontrou na prostituição a única forma de conseguir dinheiro para não passar fome. Seus clientes eram variados, desde ricos lordes a homens comuns, como Tommy Shelby e John, seu irmão mais jovem, mas de alguma forma, Lizzie era tão conhecida que até Polly Gray, uma feminista que sabia das dificuldades que as mulheres passaram na guerra, riu quando a jovem ousou planejar mudar de vida.

John, um viúvo com três filhos, parece meio apaixonado por Lizzie e enfrenta os Shelbys por sua escolha de se casar com ela. No entanto, ela é claramente apaixonada por Tommy, que cria uma armadilha para ela: oferece um valor alto por uma despedida, mas, quando ela aceita, a ameaça expor caso insista no casamento.

Mas, mesmo destruindo o futuro digno de Lizzie, Tommy “compensa” a contratando como secretária, para que possa deixar de se prostituir nas ruas. Lizzie então, acompanha de longe a história de amor de Tommy e Grace, sofrendo em silêncio.

A fidelidade de Lizzie é uma das mais impressionantes de toda série. Depois de ser humilhada, ela também é usada como isca por Tommy em mais de uma de suas estratégias, em uma delas sendo violentada por um oficial britânico. Ainda assim, o perdoa e se torna sua amante, depois que ele fica viúvo. Ela tem uma filha, Ruby, e se casa – finalmente – com Tommy, na 4ª temporada, virando oficialmente a Senhora Tommy Shelby. Lizzie não é mais a tímida e calada mulher nos bastidores, ela enfrenta o marido, mas, o apoia incondicionalmente, criando também o filho de Grace com ele como dela mesma.

Um dos clientes regulares de Lizzie foi Oswaldo Mosley, um homem que ela teme, mas que odeia igualmente. Na reta final, sem Polly para apoiar Tommy, Lizzie ganha liderança em Peaky Blinders, uma ascensão merecida, para uma mulher de fibra, perfeita para Tommy Shelby.

Infelizmente, mesmo com algum tipo de amor entre eles, não é o suficiente para sustentar a união de Lizzy e Tommy. Devassados pela morte da única filha deles, Ruby, o casal acaba a série separado. Tommy, consumido por remorso e desejo de vingança, e Lizzy, sem força para lutar por ele. Ela se vai, aceitando criar o filho da primeira esposa de Tommy, com ambos se apoiando pelo que nunca conseguiram ter do homem que amavam tanto.

A ausência da atriz Natasha O’Keefe no filme me entristece. Havia a esperança entre muitos de nós, talvez por sabermos que Tommy Shelby não encontrará redenção sozinho, que ela aparecesse mesmo sem reatar o casamento. A morte de Ruby é insuperável para os dois, mas, no fim das contas, Peaky Blinders sempre foi sobre ela também — sobre a mulher que amou o homem imortal e, quando tudo virou cinzas, foi a única a escolher continuar viva. A ver como Steven Knight vai lidar com essa ponta da história!

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