A fase 4 da Marvel foi intensa, pesada e bastante complexa, lidando com luto, recomeços e perdas. A fase 5 que começou com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (ou Homem-Formiga 3), não muda o tom pesado. E tem um agravante: se juntar um universo de heróis foi uma teia difícil, agora que se multiplicou em multiversos, só piorou.
Para a maioria dos fãs, que é iniciada mas nem sempre versada nas múltiplas histórias que se cruzam, está cada dia mais difícil de se manter atualizado. Digo isso porque para ver e apreciar o mínimo da diversão de Homem-Formiga 3, sem ter assistido os dois Homens-Formigas anteriores e também Loki, Wandavision, Dr Estranho no Multiverso da Loucura ou Homem-Aranha 3: Sem Volta para Casa, não vai conseguir entender muito o que está acontecendo. E não adianta exatamente ver apenas 1 deles, precisa ter visto pelo menos os 7. Eu vi e ainda achei o resultado médio, não fosse pela grande atuação de Jonathan Majors como Kang, o grande antagonista da hora, que foi formalmente apresentado no último (e sensacional) episódio de Loki.



A história nos leva para São Francisco, onde Scott Lang (Paul Rudd) está feliz, famoso, fazendo dinheiro com seu status de Avenger. Casado com Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), a vida de Scott está estranhamente arrumada e claro que o herói azarado será tragado para problemas, senão não teríamos um filme. Isso acontece por meio de sua filha, Cassie Lang (Kathryn Newton), que trabalha secretamente em um dispositivo de comunicação para o reino quântico – o universo “entre o espaço e o tempo” em que sua avó, Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), ficou presa por 30 anos. Obviamente Janet – que desconhecia o projeto – se apavora, mas não tem tempo de prevenir o pior: são todos sugadas para o reino quântico e as alternativas para escapar são esparsas. A dificuldade maior está em um segredo que a cientista jamais compartilhou com ninguém: a figura do perigoso Kang (Jonathan Majors), que hoje domina como o Conquistador. Ele tinha sido banido para este local microscópico fora do tempo e do espaço, e encontrou em Janet uma parceira para tentar escapar. Quando ela percebe qual é seu plano – empregar seu conhecimento e domínio de tecnologia futurista para criar um império totalitário – ela o engana e foge. Portanto agora Kang quer vingança além de sair do reino quântico e seguir sua conquista.


Separados em um lugar que não conhecem, logo descobrimos que Kang precisa do talento de ladrão de Scott para superar o último obstáculo de sua campanha e aí vemos uma sucessão de batalhas menores e maiores que tentam impedir o sucesso do Conquistador. Esse é o melhor resumo sem spoilers da história, visualmente excelente, com boas piadas aqui e ali, mas muitas personagens e poucas explicações. Personagens fortes como os de Hope e até Cassie têm pouca relevância na narrativa e não fosse o talento de Jonathan que traz uma veia apavorante para Kang, estaríamos mal. Tê-lo no coração da Fase 5 é um dos pontos mais positivos da franquia Marvel. Ele dá medo, dá ansiedade e nunca perde a conexão com sua variante, Ele que Restou, que conhecemos em Loki.
Nessa irregularidade que obriga conhecimento prévio de TODAS personagens para conseguir acompanhar, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania não é o melhor conteúdo da Marvel, mas é o mais importante para pavimentar o caminho da loucura multiversal que já está em andamento. Sugere que talvez o MCU esteja enrolado com muitas variantes (piada interna), mas vale confiar. Afinal, o filme nos deixa de cara com a nova temporada de Loki, que está para estrear. Um Loki que foi o eleito pelo Ele Que Restou, a variante de derrotou Kang, como principal arma para dar uma chance ao Universo. Sabendo como o irmão de Thor é versátil e esperto, isso me deu um ânimo extra para apreciar o filme. Mas ficou o alerta! Faça o dever de casa ANTES de ver o filme!
