Philippa Langley: uma “Oda Mae” dos Reis britânicos

Sou maníaca por História e por isso devoro documentários, livros, filmes e séries que se inspiram ou retratam histórias reais. No meio da Pandemia, em 2020, atrasada para consumir as séries da Starz (hoje Liongstage Plus) sobre as Rainhas inglesas, esbarrei com The White Queen que sugere uma narrativa diferente para a história de Ricardo III. Na busca por informação, esbarrei com a saga da historiadora Philippa Langley cuja determinação e sexto sentido ajudou a localizar o túmulo comum onde jogaram os restos mortais do difamado rei inglês 527 anos depois. Você leu certo, ela encontrou o local que em 2012 era um estacionamento em um conjunto de pesquisa e sensibilidade em uma história tão fascinante que gerou documentário, livro e até um filme, The Lost King.

Ricardo III foi o último rei da Inglaterra a morrer em batalha, em em Bosworth Field, em 1485. Seu corpo foi enterrado às pressas em uma Igreja em Leicester, mas quando Henrique VIII dissolveu todos os monastérios na Inglaterra, 50 anos depois, o túmulo do rei foi “perdido”. Transformado em vilão por dramaturgos e historiadores influenciados pela narrativa Tudor, ninguém se importou em encontrá-lo. Até que Philippa se conectou com ele em sonhos. Como uma Oda Mae de Ghost, só que de verdade.


Seu interesse por Ricardo III foi despertado com a biografia escrita pelo americano Paul Murray Kendall. Ela abandonou seu trabalho em Marketing e começou a escrever um roteiro sobre o rei com uma narrativa mais simpática à ele, fundando o ramos escocês da Sociedade do Ricardo III. Quando foi à Leicester, em 2004, visitou os três estacionamentos identificados em 1975 como possíveis locais de enterro, mas ao entrar em um deles sentiu um “estranha sensação”, que se repetiu no ano seguinte e foi quando viu uma vaga com a letra R – de Reservado – e soube que ali estaria o túmulo. Para encurtar a história, ela estava certa. É uma das maiores descobertas arqueológicas do século, e recomendo ver e ler tudo sobre a jornada. Certamente vai virar, como eu, um Ricardiano.

Pois essa semana, em 2023, Philippa voltou a ser notícia. Em 2014 ela começou um novo projeto, o de encontrar os restos mortais de Henrique I da Inglaterra, que foi enterrado na Abadia de Reading, cujas ruínas poderiam guardar o segredo. E gente, que tal? Ela aposta de novo e mais uma vez é um estacionamento! Em 2020, ela afirmou pela primeira vez que que o túmulo do rei filho de William, o conquistador, está sob o estacionamento oeste da antiga prisão de Reading e mais especificamente em uma vaga onde está a letra K, obviamente não de “King”, mas hilário da mesma forma.

A discussão para começar a escavar apenas começou e pode levar anos. Obviamente, vamos acompanhar. Não seria incrível? Para os fãs de House of the Dragon, Henry I seria a inspiração para Viserys I. Foi ele que escolheu sua filha Matilda como herdeira, depois que o irmão dela morreu tragicamente e ele ficou sem herdeiros homens. Quando Matilda deveria assumir o trono, um primo alegou que ele era o verdadeiro herdeiro, dando início a uma Guerra Civil conhecida como Anarquia. Foi essa a história que George R. R. Martin usou para criar o capítulo de Rhaenyra Targaryen. Não é incrível?

Se a nossa Oda Mae moderna seguir seu trabalho, há outros reis ‘desaparecidos’: Alfred, o Grande (retratado em Vikings), os príncipes da Torre, cujo assassinato é atribuído a Ricardo III, o rei Harald II, que vai aparecer em Vikings: Valhalla, que foi derrotado por William, o Conquistador, pai de Henry I, entre outros.

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