Para quem era adolescente nos anos 1980s a riqueza musical foi um bônus. Gênios musicais conviviam e contribuíam com canções hoje icônicas, verdadeiros hinos. Se destacar entre tanta riqueza era bem mais difícil, e George Michael não apenas conseguiu, mas foi, por muitos anos, o maior astro pop do mundo. Naqueles tempos era virtualmente impossível escapar dele nas rádios, nas TVs, nas revistas, algo que todos já consideravam curioso porque ele foi revelado com uma banda de nome brincalhão – Wham! – e ainda assim era Deus. Portanto, para compreender como ele chegou ao Olímpio era essencial contextualizar o que era a banda e o documentário Wham!, da Netflix, permite isso. Um presente perfeito para o que teria sido o ano do aniversário de 60 anos do artista, que faleceu cedo e jovem no Natal de 2016, aos 53 anos.

Wham! traz riquíssimas imagens de arquivo, entrevistas e revelações sobe a juventude de George Michael, mas ainda mais, sua amizade com Andrew Ridgeley, que começou em 1975, quando eles tinham apenas 11 e 12 anos e foi forte até o fim de sua vida. Andrew, também filho de imigrantes, foi vital para que o mundo tivesse “George Michael”, o cantor sempre deixou isso claro e o documentário comprova que a fidelidade e o amor fraternal entre os dois parece ter sido escrito nas estrelas. Honestamente a música pop do grupo que catapultou os dois para o estrelato no início dos anos 1980s já parecia cafona na época, complementado por looks exagerados daquela década. A voz limpa, potente e única de George se destacavam – obviamente – mas as melodias grudentas dominavam rádios e pistas de dança da época também.
Foi com a confiança e positividade de Andrew que o desajeitado e tímido Georgios Kyriacos Panayiotou veio a ser uma das estrelas pop mais amadas da História. Para Andrew, George seria sempre “Yog”, e juntos eles calculadamente uniram a facilidade que tinham para compor quebrando o padrão do rock punk e trazendo descaradamente o pop para o palco central. Isso há 40 anos.

Acompanhamos as brincadeiras, as gravações, as angústias que fizeram da banda Wham! uma das mais populares da década. Com a direção precisa de Chris Smith, o documentário tem doses precisas de revelações e emoção, contando duas histórias ao mesmo tempo: a de dois amigos e como uma lenda do pop como foi George Michael foi se formando, dos dias de timidez, sua descoberta sexual, sua música ganhando forma paralelamente ao seu controle criativo.

O documentário Wham! é uma espécie de Rocket Man do cantor. O filme sobre Elton John foi também como uma declaração de amor ao seu melhor amigo e letrista, Taupin e como George Michael se foi antes que qualquer conversa sobre filmar sua vida fosse considerada (há uma produção em desenvolvimento), o documentário é o mais próximo dessa narrativa. Seja como for, é imperdível. Para iniciados ou não.
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