A espetacular trilha sonora Chris Bowers (que também assin Bridgerton e Rainha Charlotte) dá a pista correta da linha da série Invasão Secreta: dramática e destoante dos demais temas da Marvel. Linda.
Os fãs mais fiéis não estão curtindo a volta de Nick Fury (Samuel L. Jackson), menos ainda, a narrativa de Invasão Secreta. Sou do contra, porque estou apreciando. Claro que a história é um fiapo e repetitiva: todos irritados com o abandono de Fury depois do blip . Ele está fora de forma, não cumpre promessas, é arrogante e até ingrato com seus amigos Skrulls. Quando volta para Terra, Fury descobre que um órfão skrull que chegou no planeta ainda criança, Gravik (Kingsley Ben-Adir), se cansou de esperar pelas promessas feitas há 30 anos de que teriam uma nova casa e decidiu acelerar a extinção humana. Ninguém pode culpá-lo, além de não se esforçarem em nada para ajudá-los, tanto Fury como a Capitã Marvel (Brie Larson) os usam para seus próprios objetivos. Fury tem que salvar a Terra, já secretamente invadida há anos.
E é isso. O único que quer a mesma coisa é Talos (Ben Mendelsohn), mas até ele está cansado com a arrogância do espião. E é isso, nada mais do que isso aconteceu em quatro episódios. Ah sim, Gravik descobriu e usou a fórmula para transformar os Skrulls em Super Skrulls, mas mesmo assim Fury se recusa a pedir ajuda aos Vingadores. Seria porque antecipa que eles também têm uma lista de reclamações por abandono e assédio moral? A essa altura, só isso poderia justificar a teimosia de Fury, que perde Maria Hill (Cobie Smulders) e provavelmente Talos no processo. O fato de quem 8 episódios três deles terminaram com alguém morto na estrada por obra de Gravik tira qualquer emoção. Mais do mesmo?

O que fica é que com Gravik no comando, e sem saber quem é skrull ou não, pode ser que Fury demore a encontrar uma alternativa. Pelo menos não tem multiverso aqui. Rhodey (Don Cheadle), por exemplo, não é mais “ele”, mas não sabemos desde quando. Sem aliados, Fury ainda insiste em fazer tudo sozinho. Sua esposa, Priscilla (Charlayne Woodard), na verdade uma Skrull chamada Varra, também desistiu de tentar, só o poupa de matá-lo por conta do histórico entre eles. E G’iah (Emilia Clarke) está de saco cheio da submissão paterna aos humanos. Ela estava fazendo papel duplo, mas Gravik acha que a matou sem saber que ela mesma agora também é uma super skrull.
O que alguns acharam forçado, mas eu achei bonito, foi ter usado a poesia de Raymond Carver como fonte e base para o episódio. Carver foi um escritor creditado por ter revitalizado a literatura americana nos anos 1980s, que batalhou contra o alcoolismo e cujo trecho chamado Late Fragment foi seu útimo poema, escrito pouco antes de morrer, em 1988. Incluído no livro, A New Path to the Waterfall (Um novo caminho para cachoeira), ele reflete sobre sua vida e sobre sua morte iminente.
E você conseguiu o que você queria desta vida, mesmo assim?
Sim.
E o que você queria?
Me chamar de amado, me sentir amado na Terra.

Fury certamente, no momento, está longe de alcançar algo remotamente próximo de ser amado. Em 2012, Priscila, citou o texto para ele, quando ainda estava, todos bem e deixou claro que a história dos dois poderia ser de amor verdadeiro. No entanto, nos duas atuais, a conversa volta como uma despedida velada. Ela tem a ordem matá-lo e ele está pronto para se defender. Ambos erram. E agora?
As mesmas palavras da poesia se aplicam para Talos, que ambicionava apenas a mesma coisa para si mesmo e seu povo. Acompanhamos a trajetória e a amizade entre o General Skrull e Nick Fury há anos. Primeiro visto como antagonista por Fury e a Capitã Marvel, há muito já está do lado dos mocinhos e ainda tem fé nos humanos. Se for mesmo a despedida dele do universo Marvel (eu aposto que sim), infelizmente, Talos não foi amado. Quem não sente por ele?
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