É incrível o impacto e polêmica que cerca a excelente produção de The Crown e que tenha já alcançado ao longo de cinco temporadas. Quando estreou, em 2016, sabíamos tanto da Família Real e ao mesmo tempo… tão pouco. Em uma clara nostalgia que iria recapitular a importância e a vida da mais longeva monarca britânica, a proposta era de cobrir de 10 em 10 anos, até o Jubileu de Ouro de Elizabeth I, antecipando o de Platina, celebrado em 2022. Ou assim parecia. Há esse agora longevos sete anos, nem a Netflix era o que é hoje e nem nós sonhávamos que o pior drama entre os Windsors estava para eclodir ainda. Éramos inocentes, podemos reconhecer.

O showrunner Peter Morgan era o que se poderia dizer, especialista no assunto. Dez anos antes ele tinha assinado o filme A Rainha, qe rendeu um Oscar para Helen Mirren e o adaptou para os palcos como The Audience, em 2013, coma. mesma Helen Mirren repetindo o papel. Percebendo perspicazamente que tinham gerações que não lembravam ou sabiam da juventude de Elizabeth I, ele reapresentou sua ascensão ao trono e ajustes como rainha trazendo para Netflix assinantes e prêmios (é uma das séries mais premiadas dos últimos anos) e para a Rainha uma popularidade renovada inesperada.

Claire Foy, Matt Smith e Vanessa Kirby viraram estrelas internacionais com o mega sucesso das suda sprimeiras temporadas. A nova Emma Corrin despontou do anonimato para os prêmios como um meteoro quando deu vida à jovem Diana Spencer e Josh O’Connor deu nova perspectiva sobre o hoje Rei Charles. No entanto, quanto mais se aproximavam dos tempos atuais – com o drama atual do rompimento entre os Príncipes Harry e William – mais The Crown passou de querida à problemática. Atores e fãs se dividem se ela não deveria ter parado antes do previsto e nem sempre teve unanimidade para a resposta. Houve um atraso nas gravações que só contribuiu para o incômodo, afinal as pessoas retratadas estão vivas e nem sempre expostas com simpatia. Mais ainda, por mais que a série alerte ser ficção, as pessoas a consideram documentário. Algo que a narrativa de Meghan e Harry contribui para confundir. E, depois de tanta qualidade no ar, há um consenso de alívio que Morgan tenha batido o pé que vai parar mesmo na sexta temporada.

Conhecida como a série mais cara feita (certamente na Netflix), The Crown reunuiu grande atuações e reconstituição de época, mas todas imprecisões históricas só foram alvo de polêmica quando chegou mais perto da atualidade. Até agora, colecionou nada menos do que sessenta e três indicações ao Emmy Awards, ganhando vinte e um, incluindo o de Melhor Série Drama e atuações. É, sem trocadilho, histórica. E de todas, os fãs concordam, a quarta temporada será inesquecível.

A insegurança de endereçar o problemático casamento de Charles e Diana já seria suficientemente delicada não estivesse sendo paralela ao drama de Harry e Meghan, que não ofuscou a série, mas a colocou frequentemente em maus lençóis. Se fosse simpática à Camilla e Charles, como foi na terceira, o defensores de Diana alegavam as liberdades criativas como perigosas. No entanto, ao seguir a narrativa pró-Diana, criou um caos nas redes sociais contra o atual rei e sua rainha. A quinta temporada não teve o mesmo impacto justamente por conta da polaridade delicada e as brigas atuais entre eles, sem mencionar que – com o falecimento de Elizabeth I – muitos acham desrespeito parte das histórias que serão abordadas sobre a rainha e Philip, também.

Ainda assim, há quem sonhasse que em vez de parar a narrativa no início dos anos 2000, The Crown chegasse até 2022, com o jubileu de platina e morte da Rainha. Peter Morgan se recusou e a sexta temporada, prevista para estrear ainda em 2021, será mesmo a última. Por hora.

Em entrevista à The Hollywood Reporter, a produtora executiva Suzanne Mackie falou abertamente da pressão dos bastidores e das dificuldades de dedicarem 11 anos para criar esse clássico do streaming. “De muitas maneiras, nos deparamos com algo que deu uma nova dimensão a The Crown“, ela disse. “A conversa original, pelo que me lembro, era realmente de pragmatismo – se estivéssemos abrangendo 60 episódios e [aproximadamente] 60 anos, como poderíamos ter uma atriz, que precisa ser muito jovem na primeira temporada, interpretá-la? de forma convincente ao longo desse período de tempo? A decisão de mudar o elenco a cada duas temporadas foi tomada muito, muito cedo, muito antes mesmo de escalarmos Claire Foy, Matt Smith ou Vanessa Kirby. Não pensamos nisso com nenhuma noção do que isso poderia nos dar criativamente”, explicou.

Sem escapar de como selecionaram quais as versões e fatos que seriam cruciais, ela confirma que foi uma decisão metódica do showrunner, traçada em detalhes desde o início, como dar aos Al-Fayeds um destaque na quinta temporada, os apresentando como família, algo inédito na narrativa da história de Diana em geral. “Mas você tem que tomar decisões sobre o que deixar de fora. Porque, caso contrário, você faria 20 episódios em vez de 10”, comentou também.

As gravações da sexta temporada foram acompanhas de perto pelas redes sociais e acabaram há apenas dois meses, a série ainda está sendo finalizada, mas Suzanne promete que será emocionante. O maior desafio, no entanto, não será lidar com o ‘fim’, mas em especial, a trágica morte da princesa Diana. Serão três episódios inteiros sobre ela e seus últimos dias de vida. “Parte disso é dolorosamente triste e parece muito real e vívido”, ela antecipa. “Espero que seja muito respeitoso e bonito. Acho que será uma surpresa para o público, porque de muitas maneiras, onde vamos atrás de Diana, é muito difícil. Encontramos um novo capítulo realmente lindo, que é via Príncipe William e Kate Middleton, e parece que pequenas flores brotam da terra após a morte de Diana”, garante.

Será que estamos realmente prontos para dar adeus à The Crown?

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