No próximo filme de Kenneth Branagh como Hercule Poirot, A Noite das Bruxas (A Haunting in Venice), vamos – finalmente – conhecer a simpática e inteligente Ariadne Oliver, outra personagem famosa da mente brilhante de Agatha Christie. Dado que nos livros Ariadne é uma autora de best-sellers de mistérios, imediatamente fãs apostam que ela seria o alter ego da escritora. Será?
“Nunca tiro minhas histórias da vida real, mas a personagem de Ariadne Oliver tem uma forte pitada de mim mesma,” ela admitiu em 1956. Nem poderia negar. Até porque, Ariadne, assim como Agatha (repararam que ambas começam com “A”?) detesta seu detetive dos livros, o detetive finlandês Sven Hjerson e todos sabem que o pobre e vaidoso detetive belga de Christie a irritava também. O que muitos leitores igualmente gostam de lembrar é que Ariadne é a conexão indireta que ‘une’ Poirot à Sra. Marple e quem sabe veremos mais dos dois?
Nas refilmagens recentes ainda não tínhamos cruzado com Ariadne, que vai aparecer mais jovem e na pele de Tina Fey em A Noite das Bruxas, em breve nos cinemas. E quem é Ariadne Oliver, caso seja um iniciante? Ela é uma escritora de sucesso que aparece em dois contos e sete romances de Christie, sendo que nada menos do que seis deles com Hercule Poirot. Nos livros é uma senhora de meia-idade, grisalha, louca por maçãs (como Agatha Christie!) e uma certeza a absoluta na intuição feminina acima da lógica. Poirot e Ariadne são bons amigos (sem romance) e ela o ajuda algumas vezes.

Não é claro quando e onde se conheceram, mas ela aparece durante o mistério Cartas na Mesa, onde quatro detetives e quatro possíveis suspeitos jogam bridge após o jantar com o Sr. Shaitana, que é assassinado no final da noite. Em A Noite das Bruxas, haverá uma liberdade maior da história original porque o conto que é base para o filme, Hallowe’en Party Ariadne e Poirot se encontram em uma festa de Halloween onde uma garota da festa afirma ter presenciado um assassinato, porém como na época ela era muito jovem para perceber alguma coisa, é desacreditada. Porém no final da noite ela aparece afogada em um balde de maçã e Poirot deve resolver um mistério duplo: quem matou a garota e o que ela testemunhou, se alguma coisa?
Se Hallowe’en Party não foi um dos livros mais populares de Christie (o filme de 1986 está no Youtube), mais recentemente tem ganhado popularidade. No filme de Kenneth Branagh, o lado misterioso de Veneza vai trazer novos elementos para a história. Vamos reencontrar Poirot 10 anos depois de A Morte no Nilo, vivendo na cidade italiana, ainda pessimista e amargurado depois lidar com a vingança em Assassinato no Expresso Oriente e ganância em Morte no Nilo. Na véspera do Dia das Bruxas é ‘obrigado’ a sair de seu exílio auto-imposto quando sua amiga, Ariadne Oliver (Tina Fey), pede ajuda para desmascarar uma farsa de sessões espíritas lideradas pela médium Joyce Reynolds (Michelle Yeoh). Intrigado com a proposta, ele aceita e, no palazzo decadente e assombrado da famosa cantora de ópera Rowena Drake (Kelly Reilly), um dos convidados é assassinado. Ele e Ariadne têm que descobrir juntos o ou a culpado/a.
O conto original que é a base do filme foi publicado pela primeira vez em 1969, já no ‘final’ da longeva e bem sucedida carreira da escritora e é um dos mais ‘queridos’ dos fãs, mas não é a única fonte para uma história quase ‘original’, uma vez que pega elementos de outros contos de Christie que abordam o sobrenatural, tipo The Last Seance. Nos textos ficam claros os verdadeiros pensamentos dela sobre o tema.
Se Hallowe’en Party tinha como cenário uma casa de campo no interior da Inglaterra, com o tema de ‘fantasmas’, Veneza fica ainda mais soturno no palazzo assombrado. “Tornou-se mais uma peça de câmara com um número menor de suspeitos”, explica Kenneth Branagh, acrescentando que há derivações originais para as subtramas. O que ele considera perfeito uma vez que Morte no Nilo se manteve fiel ao material original. “Sentimos que esperamos ganhar o direito de fazer algumas mudanças, apenas para contar uma história ligeiramente diferente que está no livro. Temos muitas referências e tira seu DNA do conto. Mas esperávamos que eles nos permitissem fazer a história um pouco mais terrível”, segue o diretor e ator. “O romance original Hallowe’en Party ocorre ao longo de vários dias, quase uma semana. A Noite das Bruxas (A Haunting in Venice) acontece em uma noite assombrada. Mudamos nossa localização do interior da Inglaterra para a Veneza assombrada e temos uma visão ligeiramente diferente dos personagens. Mais do que algumas mudanças, mas acreditamos que está muito alinhado tematicamente.”

A mudança de nacionalidade de Ariadne, agora americana, é uma das liberdades, mas a curiosa relação entre ela e o detetive belga não é alterada. “É uma velha amizade, e há uma mistura de conforto um com o outro, mas também algum ressentimento subjacente, provavelmente mútuo, porque ela depende muito dele para ajudá-la a descobrir esses mistérios para ela e ele está um pouco ressentido com a maneira como ele é – retratado em seus livros como uma espécie de homem bobo comendo massa o tempo todo”, explica a atriz. Obviamente Poirot tem um pouco de razão porque na verdade Ariadne está em busca de novo material para um livro e “acredita que, se Joyce conseguir convencer Poirot de que ela é verdadeira, poderá basear seu próximo livro na mulher que deixou Hercule Poirot perplexo”, revela.
Como um dos produtores da obra é justamente bisneto de Agatha Christie, e ele aprovou as mudanças na história porque achou que o tom e o mesmo espírito ficaram certos, podemos ter uma expectativa positiva. Mais ainda, para ele, escolher uma das histórias menos conhecidas é o que torna o terceiro filme do ‘novo’ Poirot, interessante. Veremos em breve!
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Nós amamos Araidne Oliver, ela é brilhante!
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E como Tinha Fey há possibilidade de aparecer mais!
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