O tóxico jogo do amor em The Buccaneers

As americanas podem ter “conquistado” os nobres, mas se acharam que a “compra” trazia autonomia ou sequer individualidade, se enganaram. Que o dia Nan Saint-George, que está no meio de um involuntário (?) triângulo amoroso entre ela, Theo e Guy, onde a competição masculina está ganhando cores complexas. Jinny, James e Lizzy são o outro trio nada menos tóxico em The Buccaneers, onde toda vez que os jovens são deixados sozinhos – o que acontece com frequência – dá problema. Quem disse que o amor é fácil?

Vamos pela parte menos enrolada do episódio. Depois de um fim de semana em Nova York, estão todos de volta no campo inglês, curtindo a vida como jovens modernos soltos em castelos inabitados. Vamos esquecer que uma viagem como essa levaria pelo menos meses entre os continentes e dias até o campo, mas temos apenas 8 episódios, temos que considerar que nos anos 1880s, mesmo sem avião, não há tempo a perder. A “gangue” agora está completa porque o anfitrião, Guy, tenta explicar a tradição britânica de celebrar o 5 de novembro e a quase explosão do Parlamento. Tudo vira metáfora para o que esses adolescentes cheios de hormônios estão vivendo.

Conchita e Richard estão secretamente separados. Ela se decepcionou com o marido que é um em Nova York (e no campo) e outra pessoa quando está em Londres. Ela cansou de tentar lidar com a dualidade, mesmo amando o marido e nem desconfiando de seu passado com a babá de Nan. Um dado, aliás, jogado no fim do episódio passado e ignorado 100% no seguinte. Mabel e Honoria aproveitam suas relativas invisibilidades para embarcarem em um romance escondido que ainda vai dar pano pra manga.

Estou começando a ter problemas com The Buccaneers. Não encontrei a personagem que simpatizo, acho que não abraçou sua determinação de ser Bridgerton nem está perto de The Gilded Age virando quase uma sequência sem sentido de adolescentes histéricos correndo bêbados e perdidos. Nunca estão parados, nunca estão lidando com nada sem saídas teatrais, sem lágrimas, sem tensão. Narcisistas, irresponsáveis e beirando a inocência. Apenas Mabel tem planos, motivos e ação. O resto parece ruído.

A história de Lizzy – inspirada em uma personagem real – terá uma virada melhor, mas, por hora, parece estar mais obcecada em Jinny do que o trauma que viveu com James. Que James seja um sádico está perfeito para a trama, mesmo que tola. As duas ‘fugindo’ dele, sempre lânguidas em suas conversas sobre estar casada e o que é que querem, parece um amor platônico. E a resposta de Lizzy, que foi abusada sexualmente, de que a vergonha é do abusador e não dela é quase perigosa de simplista. Se vamos abordar abuso sexual, precisamos de respeito e cuidado com o tema. Achei quase criminosa a conversa entre ela e Guy na cozinha, raspando a massa de um bolo claramente vazia. Naquele momento passei a chipar mais Lizzy e Guy do que Guy e Nan.

Guy e Nan. O casal principal da história, com um começo fofo, um derrape dele quando vimos que estava armado e buscando uma noiva americana rica para pagar as contas de casa, mas que, realmente, se apaixonou por ela, apenas para ver que de tola Nan não tinha nada. Enquanto Guy sofria com sua própria duplicidade, ela esbarrou com Theo sem desconfiar que ele fosse um duque, os dois se encantaram um com o outro e ele não perdeu tempo em se declarar. Impulsiva, Nan aceitou se casar com ele, mas porque naquele tempo as pessoas se conheciam depois de casadas. Agora está dividida por saber que Guy estava mesmo prestes a propor a ela e Guy é mais encantador… O que está curioso é ver a transformação de Theo. Sua timidez e até aparente humildade estão indo para o ralo agora que se vê ameaçado com sua escolhida. Está possessivo, agressivo e ciumento. Ele vai mudar e virar o antagonista? Tá com cara. Mas ainda parece manipulado, um storytelling preguiçoso. A ver como seguimos!

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