A sensatez de Marian: nova escolha “errada”?

Começamos a história de The Gilded Age com uma surpresa Marian Brooks (Louisa Jacobson) descobrindo que a morte de seu pai – General Brooks – não a apenas deixou só no mundo, mas a deixou pobre também. Sem nem mesmo uma casa para chamar de sua, na verdade com apenas 30 dólares, ela estava sem esperança ou alternativa para viver. Por sorte ela comenta que uma tia, irmã de seu pai e com quem jamais conviveu pois eram brigados – a chamou para viver com ela e a outra irmã, essa uma senhora rica, em Nova York. Relutante, ela aceitou o convite. E sua vida nunca mais foi a mesma.

O começo: do interior da Pensilvânia para Nova York

Primeiro, o advogado de seu pai, Tom Raikes (Thomas Cocquerel) pareceu excessivamente solícito e presente, mas, mais importante, quando é roubada e fica literalmente sem nada, é uma jovem Peggy Scott (Denée Benton) que a ajuda.

Se ajustar de uma hora para outra com uma família que nem sabia que tinha deveria ser complexo, mas Agnes Van Rijhn (Christine Baranski) e Ada Brooks (Cynthia Nixon) não apenas a recebem com carinho (e regras). Além das tias, Marian “ganha” primos: o de sangue, Oscar (Blake Ritson) e a prima dele, por afinidade, de Marian também, Aurora Fane (Kelli O’Hara). Ou seja, em um piscar de olhos a pobre jovem está na elite da sociedade nova iorquina e com uma família que nem sonhava ter. Claro que maiores dificuldades deveriam aparecer.

Na virada do século 19, todas mulheres ‘tinham’ que se casar para terem sustento e filhos. As solteiras, como Ada e momentaneamente Marian, se apoiavam nos que queriam e podiam ajudá-las. Embora nos Estados Unidos não houvesse nobreza, trabalhar era para os pobres. Dessa forma, Marian, que sempre quis ser útil, casar por amor e ser dona de seu próprio nariz, tem um problema sério e uma causa de confronto com sua tia Agnes, adepta da tradição em tudo.

Aqui é que Marian fica mais interessante. Inteligente, embora frequentemente inocente, ela sabe que eventualmente terá que se resignar às regras, mas não luta contra todas como rebelde, vai tentando cavar liberdade em pequenos momentos, alguns em segredo e outros mais abertamente. É uma moça moderna, mas realista o que faz dela uma favorita do público.

Os pretendentes de Marian

Assim que chega em Nova York Marian conhece seu vizinho, Larry Russell (Harry Richardson) e os dois se entendem imediatamente. É uma amizade que nós rezamos desde então que evolua para algo a mais, mas os passos estão muito lentos. É curioso pois ciente que “precisa achar um marido”, Marian não tenha jamais olhado para Larry como deve. Ou ela se considerava desde já solteirona porque não tem dote (apenas sua tia Agnes poderá ajudá-la) e com isso suas chances de encontrar um candidato ideal são reduzidas.

Talvez seguindo esse raciocínio que ela tenha se encantado com Tom Raikes, que vai ousadamente atrás dela em Manhattan. Agnes imediatamente o identifica como oportunista, mas Marian se opõe a ela e começa a correr riscos… pelo homem errado. Foi por pouco que ele não destruiu completamente a reputação dela, mas o coração? Esse ele partiu feio. Na primeira temporada ela acaba sozinha enquanto ele anuncia o noivado com outra moça mais rica. Tom Raikes, eu detesto você.

As teorias sobre a “fortuna” de Marian

Sou da teoria de que Tom Raikes roubou a fortuna de Marian quando disse que seu pai investiu errado nas Ferrovias que estavam criando milionários de um dia para o outro. Afinal, quem garante? Ela não sabia de nada e ficou apenas com a palavra do advogado que, confirmamos, não era exatamente honesto.

Porém, chegando à segunda temporada, temos acompanhado um em tese vivido Oscar caindo no mesmo provável golpe que o General Brooks foi vítima. Ele comprou ações inexistentes de uma Ferrovia para lugar nenhum. Pois é amigos, um dos meus posts mais populares – O Segredo de Marian Brooks – foi solucionado. Uma pena. Ainda queria ver Marian uma milionária para ser a mulher independente que ela sonha ser.

Outro detalhe, esse mais triste, revelado na segunda temporada foi a juventude de Marian. Sabemos que seu pai foi impetuoso e que gastou a fortuna dos Brooks com bebida e jogos, como Agnes e Ada conversaram e depois Marian teve que reconhecer. Ele não pensou nas irmãs, “forçando” Agnes a ter que se casar sem amor com um homem que, nas palavras de Ada, era desagradável para estar em companhia quando sozinha, para que as duas pudessem sobreviver. Por isso Marian cresceu sem contato com elas. A bebida voltou a ser mencionada em outro momento, com uma reação resignada e triste de Marian quando um pretendente claramente alcóolatra a perseguiu. Como ela comentou com Gladys Russell (Taissa Farmiga), Marian aprendeu desde cedo a conviver com bêbados, claramente fazendo referência ao pai.

Igualmente descobrimos que Marian perdeu sua mãe ainda muito jovem, então sua convivência com um pai frequentemente bebendo não deve ter gerado boas lembranças. E por isso teve empatia com Frances Montgomery (Matilda Lawler), filha de Dashiell Montgomery (David Furr), um noivo surpresa que já falaremos.

Se juntarmos as poucas revelações pessoais de Marian, vemos como sua positividade e tranquilidade devem demandar um maior esforço do que ela nos deixa perceber. Sua vida no interior da Pensilvânia estava longe de idílica, sua realidade em Nova York é complexa e com isso ela está navegando entre gerações e famílias em conflito. Se tudo der certo para os românticos, eventualmente será o pivô da briga entre a nova e a antiga Nova York.

A promessa de ser sensata, algo difícil de manter

Embora Agnes não saiba dos encontros escondidos e a quase fuga de Marian com Tom Raikes, ela está super ciente de que sua sobrinha quase perdeu muito por ele. A divergência sobre a natureza real do advogado as colocou em lados opostos, mas Agnes ganhou e não quer ver Marian sofrendo por ele. A intenção de achar um marido nunca perdeu fôlego, o problema era ser alguém de condição, tradicional e que quisesse se casar com uma mulher com “pouco a oferecer” em termos de fortuna. O acordo entre as duas é de que Marian seja sensata quando houver uma proposta, algo que sabemos, ou desconfiamos, que elas entendem diferente.

A sofrida Marian começou a segunda temporada sabendo do casamento do ex-namorado, o que a fez chorar. Ela está aberta a encontrar alguém, mas começou a dar aulas para se ocupar e ter algum sustento próprio. Sem esperar, Frances e Dashiell entraram em sua vida. Dashiell é sobrinho de Agnes por parte do marido dela, e como Frances é aluna de Marian, a conexão foi imediata. No papel, ele é o candidato perfeito para uma vida a dois. Será mesmo?

Sendo tão amigável com todos como costuma ser, Marian não pescou de cara que o solícito e sempre por perto Dashiell estava de olho nela, o que alimentou cada vez mais a decisão dele de pedi-la em casamento. Quando percebeu, não tinha como voltar atrás. Inclusive sabemos que Frances teve um envolvimento direto com tudo, praticamente ela mesmo elegendo Marian como sua mãe-substituta. Pega de surpresa em um pedido de casamento extremamente público, Marian disse um “sim” dúbio, mas, oficialmente, está noiva.

E qual é o problema? Bom, não há amor por parte dela. Há afinidade, há amizade, mas também houve a menção de que ele não a vê como “uma professora de verdade”, algo que pegou a todos de surpresa. Se se tornar Sra. Montgomery, Marian terá que abrir mão de sua independência. Cadê a sensatez?

Saberemos mais como será esse noivado surpresa. Larry pareceu não ter curtido a notícia, mas eles estão na zona de amigos que é um perigo para qualquer romance. Será que ele vai se arriscar?

Podemos ser #marilar?

Larry e Marian são definitivamente o casal que queremos em The Gilded Age, com os mesmos sonhos, se apoiando e se incentivando mutualmente. Ele a consolou quando Tom a humilhou publicamente, mas Marian nem desconfia de como Larry está triste por ter se separado de Susan Blane (Laura Benanti). Aliás, quem nos deu TODAS as esperanças pelo nosso casal favorito foi a própria Susan, sempre com ciúmes da atenção e até intimidade entre Larry e Marian. Pena que os dois estejam distraídos com seus problemas para perceberem que estão perdendo tempo.

Quer dizer, NÓS queremos #marlar mas aposto que Agnes e até Bertha Russell (Carrie Coon) terão uma reação diferente da nossa. O problema agora é saber como Marian se livra da arapuca. Não aposto que seja fácil. E é por isso que amamos The Gilded Age!


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