Os 60 anos de Goldfinger

Em setembro de 2024, completam 60 anos do filme que muitos fãs consideram um dos melhores de toda franquia de James Bond: Goldfinger. O terceiro com Sean Connery como 007, o filme se trasnformou (até Skyfall) o mais popular entre críticos e fãs, sendo considerado o modelo para os filmes subsequentes, incluindo Skyfall. Se dependesse dos bastidores, talvez não tivesse chegado à tempo nos cinemas. O sucesso do filme foi tanto que fez com que os romances de Ian Fleming aumentassem as vendas chegando a quase 6 milhões de livros apenas no Reino Unido, com Goldfinger liderando. Um fenômeno à altura do que vimos nas telas.

Para o público feminino, qualquer filme antigo de James Bond é problemático, incluindo esse. Forçando mulheres à beijos e sexo, agressão física e verbal são o forte do James Bond de Sean Connery, hoje seria mais do que problemático. Ainda assim, vale lembrar as datas e detalhes da produção.

Uma das inovações de Goldfinger foi ser o primeiro da série onde o espião te acesso e usa muita tecnologia, como suporte, assim como o primeiro a mostrar um prólogo que tivesse uma ligação com a missão e ver como Q testa os gadgets em desenvolvimento antes de passá-los para Bond. A partir daqui, os filmes subsequentes seguem aem grande parte da estrutura básica do roteiro, inncluindo humor, uma mulher morta pelo vilão, e muita ação. Nenhum consegue ser tão efetivo quanto Goldfinger, no entanto, cujo ritmo é perfeito.

Inicialmente, os produtores tinham imaginado que A Serviço Secreto de Sua Majestade seria a sequência de Moscou contras 007 (From Russia with Love), mas mesmo com o roteiro pronto, houve problemas com as locações na Suíça e a produção precisou ser adiada. Para piorar, ainda havia um processo em andamento em torno de Thunderball, a outra opção, por isso os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman decidiram na pressa em apostar em Goldfinger, que recebeu um orçamento parrudo para época. 3 milhões de dólares, que era o mesmo que os valores de Dr. No e From Russia with Love juntos, confirmando a aposta nas bilheterias da franquia. A essa altura, queriam que James fizesse sucesso nos Estados Unidos e também por isso boa parte da trama se desenrola em terras americanas.

Outra mudança clássica aqui foi a mudança de diretor. A agenda de Terence Young o impedia de emendar um terceiro filme, depois de ter dirigido os dois iniciais e com isso voltaram a Guy Hamilton, que não quis fazer Dr. No por descordar de um James Bond muito superior aos seus antagonistas. E é visível: as sequências de luta, hoje nem tanto realistas, empolgaram muito o público da época, incluindo o clássico confronto de James e Oddjob.  

As gravações começaram em 20 de janeiro de 1964 e seguiu até a metade do ano, sendo o último filme cujo set foi visitado pelo autor, Ian Fleming, que morreria em agosto do mesmo ano, pouco antes do lançamento. 

Quando Goldfinger estreou, a festa de lançamento praticamente lotou o cinema Odeon da Leicester Square, em Londres, com uma multidão excitada que causou quebra-quebra. O sucesso mundial foi instantâneo, com roupas licenciadas, sapatos, bonecos de ação, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, lancheiras, brinquedos, álbuns de discos, cromos e caça-níqueis sendo vendidos como peças de marketing.

Mas talvez a insuperável contribuição de Goldfinger esteja mesmo com a trilha sonora e a canção título cantada por Shirley Bassey, criando a tradição de ter um grande artista da música cantando na sequência dos créditos, adotada desde então em quase todos os filmes de 007. Para John Barry, apesar de ter tido que trabalhar em um deadline apertado, foi um de seus trabalhos preferidos porque teve controle total da música.

A trama de Goldfinger é baseada no romance homônimo de 1959, que coloca James Bond investigando o contrabando de ouro pelo magnata do ouro Auric Goldfinger e, eventualmente, descobrindo os planos do vilão de roubar Fort Knox. Foi também o primeiro filme da franquia a ganhar um Oscar, o de Melhor Edição de Som. Como não levou o de canção, é mais um dos erros da Academia. Foi também, há 60 anos, a melhor bilheteria de todos os Bonds: recuperou o investimento em apenas duas semanas, chegando a mais de 120 milhões de dólares em todo o mundo. Por essas razões é ainda um dos melhores já feitos. Dá para ignorar os “problemas”, até porque a voz de Bassey fez desse, um dos filmes mais poderosos de 007. Inesquecível.


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