Nos anos 1980s, a série Shogun, dividida em seis episódios e estrelada por Richard Chamberlain foi uma febre mundial, trazendo o exotismo do oriente, aventura e uma base histórica para um drama fascinante de conflitos religiosos, políticos e culturais. Não seria errado resumir a série como a mescla de Game of Thrones e Vikings japonesa, tirando os elementos mágicos de GOT. Portanto, a refilmagem 44 anos depois é nada menos do que uma grande oportunidade de resgatar um fenômeno.


Assim como Game of Thrones se inspirou no período da Guerra das Rosas, o escritor James Clavell criou Shogun ou Xógun, para retratar um período histórico feudal onde a guerra civil dizimou casas importantes da nobreza japonesa. O fio condutor ocidental é o capitão John Blackthorne, inspirado em William Adams, um navegador inglês que participou da Batalha de Sekigahara, em 1600. É através dos olhos de Blackthorne que vemos os portugueses – que dominavam os mares e o Japão – como antagonistas, o catolicismo como uma ameaça e as várias e complexas camadas culturais de um período feudal com Samurais e um estrito código de honra. Tem ação, tem drama e suspense, tem tudo para voltar a ser uma febre.
O inglês que se tornou um samurai
Em 1975 James Clavell já tinha renome graças seus roteiros em filmes como O Homem-Mosca (The Fly), Fugindo do Inferno (The Great Escape) e Ao Mestre Com Carinho (To Sir, With Love), mas viria a criar sua obra mais icônica quando estudando com sua filha, viu uma frase no seu livro de história: “em 1600, um inglês foi ao Japão e se tornou um samurai”. Sem conseguir esquecê-la, se debruçou para desenvolver essa história – verdadeira – e fascinante. Assim nascia Xógun.
Seguindo os passos de Adams, que chegou ao Japão em 1600, Clavell traz para a cultura ocidental a fascinante cultura feudal japonesa, com a luta pelo poder. Xógum é um comandante que lidera poderosas forças militares, portanto no período feudal, tinha efetivamente mais força que o Mikado (Imperador) na prática eram os verdadeiros governantes do país, pelo menos até a abolição do feudalismo em 1867.
No livro, assim como na História, quando o navegante chegou ao Japão, ele acabou se envolvendo com o Xógun Tokugawa, mas nos bastidores há os Portugueses querendo colonizar o Japão em nome do Catolicismo assim como maquinações políticas de xóguns buscando domínio militar. Isso porque quando o herdeiro do falecido líder supremo do Japão, Taiko, ainda é jovem demais para governar., os cinco daimyōs escolhidos para ajudá-lo não conseguem trabalhar juntos e começam a lutar entre si. Por conta da influência portuguesa, os grupos se dividem entre entre os daimyōs cristãos (que querem expandir a religião) e os daimyōs que se opõem aos cristãos japoneses, por serem crenças estrangeiras. Para eles, os convertidos são traidores que exigem punição. Um cenário perfeito para um grande romance.
Das páginas para TV e agora 11 anos para o remake
Nos anos 1980s, a TV não tinha o prestígio de hoje, mas a densidade de Xógun não tinha como ser resumida a duas horas de filme, precisava de pelo menos seis, por isso a grande produção causou tanto impacto. Ainda é, mesmo mais de 40 anos depois, a maior audiência da história da NBC.

Para viver Blackthorne, o autor queria Sean Connery, já “liberado” do papel de James Bond nos cinemas, mas que recusou a oportunidade (certamente porque era para TV). Roger Moore, ainda o 007 nos cinemas, também não aceitou e então o grande astro americano da época, Richard Chamberlain ganhou a oportunidade de mais uma vez ter um personagem lendário em sua carreira.
Embora tivesse astros japoneses no elenco, como o grande Toshiro Mifune, além da atriz Yoko Shimada, por muitos anos foi a imagem do ator branco que marcou o público de Xógun, algo que a versão de 2024 terá equilibrado melhor. Por exemplo parecido e nem tão distante, o filme O Último Samurai se referia à Ken Watanabe, mas Tom Cruise estava no cartaz e na maior parte das cenas. Tudo bem, “Tom Cruise é Tom Cruise”, mas ainda assim o título não era sobre ele.

Na versão de 1980, diferentemente do livro, que dá espaço para os personagens japoneses em cenas onde Blackthorne não aparece, todos eram secundários. Em 2024 eles têm o protagonismo justo quando lideram o enredo e falam em japonês, sem precisar de dublagem ou falar em inglês. É bem mais autêntico.
A proposta de resgatar a fascinante história, perfeita para o consumo de plataformas, demandou 11 anos, dois showrunners diferentes e conversão de plataformas para dar certo. Serão 10 episódios, na América Latina, um destaque para StarPlus.
Elenco atualizado com a cultural atual
Com a estreia mundial em 27 de fevereiro, Xógun traz rostos conhecidos do grande público, como Hiroyuki Sanada, que interpreta Toranaga e é produtor da série (seu nome abre os créditos). Ele é um dos insatisfeitos com a adaptação de 1980, que, embora gravada no Japão, não se preocupou co precisão histórica. A versão de 2024 compensa essa falha.

Cosmo Jarvis tem mais uma oportunidade de alcançar o estrelato internacional com o novo John Blackthorne, e tem tudo para ser um “novo” Travis Fimmell que fez Ragnar Lothbrok ainda mais lendário em Vikings. Mas é a atriz Anna Sawai que tem o maior desafio. Ela interpreta Toda Mariko, a esposa de um samurai e intérprete de Blackthorne, um papel que rendeu à recém falecida Yoko Shimada um Globo de Ouro de Melhor Atriz, o primeiro de uma atriz asiática na História de Hollywood. E nem falamos de figurinos ainda!
Estou animada e em Miscelana vamos acompanhar cada episódio. Não se assuste com os desfiles de personagens, estamos aqui para ajudar!
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O livro é dos melhores que já li. Agora é esperar a série…
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Pois é! Ansiosa!!
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