Os 45 anos de um passageiro indesejado: Alien

Em 2024, fãs lembram do aniversário de 45 anos do lançamento de um dos grandes clássicos do cinema: Alien – O 8º Passageiro. Um fenômeno de crítica e bilheteria, o longa de terror sci fi nos apresentou a um dos monstros mais temidos, nojentos e icônicos do cinema, assim como sequências inesquecíveis e uma personagem feminina de destaque, Ripley, que fez de Sigourney Weaver uma estrela.

A trama e lucro

Com roteiro de Dan O’Bannon, inspirado por uma história sua com Ronald Shusett, no filme de 1979 acompanhamos a tripulação de sete pessoas do rebocador espacial Nostromo, cuja missão de retorno para Terra é atrasada quando recebem uma transmissão misteriosa de uma lua próxima, interrompendo a viagem deles. Como a política da empresa do navio espacial demanda que atendam ao chamado, a tripulação explora a lua para encontrar a fonte do sinal. No processo, descobrem que não é uma mensagem de socorro, mas de alerta. Não há como fugir e o retorno para casa se transforma em uma luta para sobreviver a um alienígena mortal depois que ele invade a nave tendo atacado um dos tripulantes.

O elenco original é de grandes estrelas: Tom Skerritt, Sigourney Weaver, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton, John Hurt, Ian Holm e Yaphet Kotto, sendo que ganhou o Oscar de Melhores Efeitos Visuais de 1979, entre outros prêmios.

O enorme sucesso foi além de influenciar várias obras semelhantes, Alien acabou virando uma bem sucedida franquia de mídia de filmes, livros, videogames e brinquedos. Ganhou três sequências – Aliens (1986), Alien 3 (1992), Alien Resurrection (1997) – um crossover com Alien vs. Predator e em breve chegam aos cinemas Alien: Romulus.

A conexão com Duna

Curiosamente, de uma maneira ou de outra, toda equipe criativa esteve envolvida com a adaptação de Duna para o cinema, um filme que só chegou aos cinemas em 1984, cinco anos depois do fenômeno que se tornou Alien.

A idéia do filme surgiu de um projeto de faculdade, a Universidade do Sul da Califórnia. O aluno Dan O’Bannon fez um filme de comédia de ficção científica, Dark Star, com o diretor John Carpenter e o artista conceitual Ron Cobb onde a história incluía um alienígena que era o alívio cômico. De alguma forma, Dan terminou o trabalho com a intensão de resgatar o conceito do extraterrestre e usá-lo em uma trama séria, com toques de terror. Terror no espaço era ainda um campo não exatamente explorado e como Dark Star plantou a semente, ele sabia do potencial dramático de um “pequeno número de astronautas” lidando com algo devastador.

O roteirista trabalhou em 29 páginas do roteiro que incluía o que veio a ser a cena de abertura de Alien, na época ainda chamado de Memory, nela a tripulação recebe um sinal de um misterioso planeta e resolve investigar. Nesse período, Dan O’Bannon ainda não tinha uma ideia clara de quem seria ou até mesmo como seria o antagonista alienígena, mas estava encaminhado. Ele parou por um tempo com o projeto justamente para fazer a adaptação do livro Duna para o diretor Alejandro Jodorowsky.

Depois de seis meses em Paris e o engavetamento da proposta deles, o roteirista voltou a pensar em Alien, especialmente porque agora já tinha uma proposta visual para ele, influenciado pelo que viu das gravuras de Chris Foss, H. R. Giger e Jean “Moebius” Giraud. A essa altura, Memory já tinha seido alterado pora Star Beast, só virando o que ficou no final – Alien – depois de admitir que era a palavra que mais aparecia no roteiro e que deveria ser o nome do filme.

No final das contas, o roteiro virou uma espécie de copilação de várias ideias de outros filmes de scifi, incluindo a lendária cena do embrião alienígena que explode um dos astronautas depois de colar no rosto dele.

Alien nunca teria sido produzido não fosse a febre espacial iniciada por Star Wars, em 1977 e os estúdios estavam ávidos para explorar mais o universo. Walter Hill era o diretor original, mas sua falta de familiaridade com o gênero sci-fi e outros compromissos impediram seu comprometimento. Peter Yates, John Boorman, Jack Clayton, Robert Aldrich e Robert Altman, mas esbarraram no mesmo problema. Nesse meio tempo, o publicitário Ridley Scott ganhou boas críticas com Os Duelistas e foi contratado, criando storyboards detalhados para o filme que provaram ter sido o nome certo para a prpudção. Ironicamente, o sucesso de Alien o colocou por um bom tempo no desenvolvimento de Duna, mas nem ele chegou a terminar o roteiro. Mas é mais uma conexão das duas histórias.

Ripley: icônica e inovadora

Obviamente que uma personagem que é apenas seu sobrenome e nos anos 1970s não foi criado com uma mulher em mente, né? Se hoje Ripley é considerada uma das maiores personagens da dos filmes de ficção científica, ela certamente é uma das protagonistas femininas mais importantes da história do cinema. E devemos agradecer ao brilhantismo do diretor Ridley Scott, que desde que entrou no projeto decidiu que teria uma mulher como protagonista. Numa tacada só criou um dos monstros mais populares da sétima arte e desafiou o sistema e a “tradição” de ter homens liderando as obras de ficção científica, ação e terror.

Outra sacada genial de Scott foi determinar que sua protagonista não poderia ser uma atriz que o público reconheceria de cara. O nome mais forte que ele considerou foi o de uma ainda iniciante Meryl Streep, mas como ela estava vivendo o drama da morte de seu parceiro, o ator John Cazale, ela acabou não entrando para o filme. Com isso a equipe foi à busca de sua Ripley, testando Veronica Cartwright (que ficou no elenco, mas com outro papel) e encontraram nos palcos da Broadway a virtualmente desconhecida Sigourney Weaver, na época com 28 anos. Nascia uma estrela.

Ellen Louise Ripley é a única personagem, além do Alien, a ter aparecido nos quatro filmes, nos romances, histórias em quadrinhos e videogames. Arquiinimiga do alienígena, ela é uma das heroínas mais fascinantes do cinema.

Uma nova etapa para Alien

A prequela Alien: Romulus chega aos cinemas 45 anos depois do filme original, em 15 de agosto. Na história, um grupo de jovens colonizadores espaciais explora as profundezas de uma estação espacial abandonada e se depara com a forma de vida mais aterrorizante do universo. A gente sabe que é apenas o começo do pesadelo.

Agora que é tradição ter mulheres liderando a aventura, teremos Cailee Spaeny (Priscilla) no papel principal, e ela tem a companhia de David JonssonArchie RenauxIsabela Merced , Spike Fearn e Aileen Wulĺ, com a direção de Fede Alvarez (A Morte do Demônio).

Será que conseguem recuperar o prestígio da franquia? Depois do original, apenas a continuação de 1986, assinada por James Cameron, fez o mesmo sucesso. A ver como Cailee mantém também a tradição da heroína feminina no espaço. A sombra de Ripley, sabemos, não é fácil de lidar.

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