Carla Gugino será Vivien Leigh no cinema

Com todo “novo” entendimento de priorizar e identificar assuntos de saúde mental era questão de tempo até que a onda de biopics chegasse até Vivien Leigh. A lendária atriz vencedora de dois Oscars e vários sucessos no cinema e nos palcos tem uma triste história de ter sido uma das primeiras pessoas famosas que sofriam de Transtorno Bipolar, um distúrbio psiquiátrico que na época ainda não tinha sido identificado ou estudado como hoje. Sua história está para ser contada em dois filmes, mas o que está mais adiantado e foi anunciado hoje em Hollywood foi The Florist, estrelado por ninguém menos do que Carla Gugino como a atriz britânica.

Atualmente se destacando no elenco da série As Garotas do Ônibus, da MAX, Carla tem uma grande esperiência de palco na Broadway e, embora não seja fisicamente a primeira atriz a se imaginar na pele de Vivien Leigh, considero uma das mais felizes opções para o desafio.

“Eu não poderia estar mais entusiasmada com a oportunidade de escavar uma mulher tão complexa, contraditória e atraente como Vivien. Desde o momento em que li o roteiro, soube que A Florista era uma jornada que eu deveria seguir”, disse a atriz à Variety.

Um distúrbio psiquiátrico desconhecido na época de Vivien

Quando teve a primeira crise do transtorno bipolar, os amigos e marido dela na época, o ator Laurence Olivier, estranharam o comportamento de Viv, como chamavam, mas só entenderam que era algo mais sério muitos meses e episódios depois, quando claramente ela estava enfrentando um problema maior. A questão é que nos anos 1940s, não havia ainda a definição moderna para o quadro, na época chamado de maníaco depressão.

Das várias consequências imediatas, além do sofrimento da atriz com todas características do transtorno como as flutuações de humor, o aumento da libido e agressividade do período de mania, alternado com períodos de depressão e apatia, as mudanças de comportamento inesperadas renderam a ela a fama de difícil, quando eram empáticos, e desequilibrada quando eram críticos. Se isso não fosse o suficiente, os tratamentos aplicados eram sessões de eletrochoque na cabeça, o que a traumatizou ainda mais. E mais: ela viveu isso tudo quando se aproximava dos 40 anos, uma idade difícil para mulheres e nem mesmo para uma estrela famosa, lindíssima e adorada foi diferente.

Ao mesmo tempo que não tinha controle sobre sua saúde mental, Vivien era massacrada por críticos misóginos que a comparavam a Olivier e o ator, depois de tentar por muitos anos salvar a relação, a trocou por uma atriz quase 30 anos mais nova. Sem surpresa, quando chegou aos 50, parecia ter uma década a mais. Morreu com apenas 53.

A despedida dos palcos dirigida por John Gielgud e estrelando Tchekov

Cerca de um ano antes de morrer, Vivien Leigh já estava com dificuldades de superar a sua “má fama” emocional, e, em vez do Cinema, explorava sua paixão pelo Teatro estrelando clássicos de autores renomados e modernos. Se havia um ator que era ainda mais elogiado que Olivier esse era o amigo dele, John Gielgud, também amigo da atriz. Foi a convite dele, que também era diretor, ela dividiu o palco com o lendário ator em uma montagem de Ivanov, de Chekhov, que a levou uma última vez à Broadway.

Desgastada pela separação, o envelhecimento e sobretudo, sua saúde frágil, Vivien hesitou em topar o desafio de estrelar a produção ao lado de Sir John Gielgud, que estava determinado a convencê-la a aceitar. Segundo o biógrafo da atriz, o jornalista Alan Dent, ela conversou abertamente com ele sobre o medo de topar o projeto enquanto colhia flores em seu jardim em Sussex. Cuidar do jardim e das flores eram o passatempo favorito de Vivien.

Ela e Alan conversaram longamente sobre a peça e os receios dela para o papel. Como argumentou, todos diziam que ela “era velha demais para interpretar a Hedda Gabler, de Ibsen” e ela tinha dúvidas se era “madura o suficiente para interpretar a Sra. Ranevsky de Tchekhov”. Na verdade, tinha dúvidas se era boa o suficiente para subir ao palco. Isso com dois Oscars na prateleira! A resposta que ouviu foi a que “ela era esperta o suficiente para parecer ter a idade certa para ambos”.

Ivanov veio a ser a última peça na qual os americanos puderam ver Vivien no palco. Ela faleceria menos de um ano depois, em Londres.

A Florista terá Carla vivendo os últimos anos de Vivien

Com 52 anos, Carla Gugino tem a idade exata de Vivien Leigh na época que será retratada em A Florista. Dirigida por Nick Sandow. o filme vai explorar pela primeira vez todo o drama da vida da atriz que foi um segredo até o início dos anos 1980s, quando a biografia de Anne Edwards endereçou pela primeira vez o tema (ainda conhecido como Maníaco Depressão).

Desde então, documentários e livros exploraram a luta de Vivien contra o transtorno bipolar, incluindo Olivier, que passou mais da metade. de sua auto biografia detalhando as crises da esposa, cada vez mais violenta e angustiada com sua condição. Como A Florista vai mostrar, a fragilidade emocional e física pesaram na saúde de Vivien, mas ainda assim ela se preparou para interpretar uma peça desafiadora, conseguindo elogios e reconhecimento nos palcos, um ano antes de morrer.

O resto do elenco ainda não foi anunciado, mas a roteirista Jayce Bartok trabalhou no roteiro usando como base cartas de amor de Vivien naquele período. Embora ela estivesse envolvida com o ator Jack Merrivale, e ainda se apresentasse como Lady Olivier (mesmo já divorciada), enquanto se preparava para a peça na Broadway, Vivien teria conhecido e se relacionado com o florista e veterano de guerra, Joseph Penn, que a conheceu fazendo uma entrega. Embora de mundos diferentes, teria sido um encontro de almas. “Fiquei animado ao pegar essas duas existências discordantes e fazê-las se tocarem, e ver o que isso diz sobre coisas como amor, arte, doença mental e celebridade,” disse a roteirista à Variety.

No filme, veremos como enquanto Vivien frequenta um centro psiquiátrico local para seguir a terapia eletroconvulsiva, ela e Joseph “se tornam fontes de verdade, beleza e amor um para o outro”.

Certamente será um filme com grandes doses de emoção. E um grande desafio para Carla Gugino. Em tempo: o projeto de Natalie Dormer sobre a atriz, chamado de Vivling, que estava em desenvolvimento desde 2015 já está com o roteiro pronto e também está circulando entre estúdios. Pode ser que tenhamos grandes doses de Vivien Leigh em 2025. Já era tempo!


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