Elizabeth Taylor é considerada por muitos como a última grande estrela de Hollywood, e precisamos contextualizar “estrela” para entender o que isso quer dizer. Hoje temos – em comparação – famosos, mas poucos que pudessem estar no mesmo patamar que a atriz. Com uma carreira no cinema que começou com apenas 10 anos de idade, “Liz” passou literalmente sua vida inteira sendo adorada, odiada, idolatrada, ridicularizada, mas jamais, ignorada. Uma lenda.
A atriz, que faleceu em 2011, aos 79 anos, teve uma vida fora das telas ainda mais glamurosa e dramática do que suas personagens, sem conseguir ter privacidade ou normalidade em nenhum momento.

Conhecida por sua beleza deslumbrante, grande talento e uma vida passional, foi mesmo uma das estrelas mais icônicas de Hollywood, com dois Oscars de Melhor Atriz e nada menos do que oito casamentos (dois deles com Richard Burton). Ao final da sua vida, depois de aposentada, passou a ser uma defensora fervorosa de causas humanitárias, especialmente na luta contra a AIDS, arrecadando milhões de dólares para pesquisa e tratamento da doença.
Há tantas biografias”definitivas” sobre ela (já uma três) quanto sobre Marilyn Monroe, mas nenhuma autorizada, o que faz do documentário Elizabeth Taylor – as fitas perdidas uma oportunidade rara de ouvir a própria atriz narrar sua trajetória e falar dos bastidores que só conhecemos pelas revistas de fofocas, sim, como seus casamentos e separações.
Gravadas no auge da carreira da estrela, em 1964, quando ganhou um milhão de dólares para estrelar Cleopatra, e deixou gravar conversas íntimas conduzidas para uma autobiografia que seria assinada pelo seu amigo, Richard Meryman.
Sabe o que torna irresistível? A franqueza da atriz sobre tudo e qualquer tema, em especial sua longa vida romântica. Combinado com imagens inéditas de Liz com sua família, em sua intimidade desperta curiosidade ainda hoje. Ouvimos depoimentos de seu melhor amigo, Roddy McDowell e de Richard Burton, mas, de cara, ela avisa que por dentro não é bonita nem inocente, mas que tampouco tinha como “pagar pelos seus erros”.


Ao narrar a cronologia de sua vida é absolutamente encantador ouvir como ela tinha os dois pés no chão: nada é drama, nada é fantasioso. Não há falsa modéstia, não há nada pensado. A honestidade de Elizabeth Taylor revelam uma mulher determinada, talentosa e coerente, não há como não se apaixonar por ela.
Ela reconhece que tem trabalhos ruins, que se casou com as pessoas erradas, que sua paixão por Burton provocou tristeza em terceiros. Uma das partes mais divertidas é quando ela perde a paciência de ser chamada de sex symbol. “Você coloca tanta ênfase nessa coisa de deusa do sexo! Eu sou uma mulher! Eu sou uma mulher”, reclama.
É divertido descobrir que a falta de simpatia e sua agressividade ocasional era justamente o que fazia de Liz a lenda que sempre foi. Tão interessante ver o quanto ela era maior e tão diferente que outras atrizes, ainda tentando justificar suas escolhas com pseudo documentários para controlar as narrativas negativas. Com Elizabeth Taylor – as fitas perdidas, poderíamos ouvir queixas ou desculpas, mas isso nunca acontece. Um mérito inegável e ainda raro que apenas Ava Gardner (sua amiga) compartilhava.
Elizabeth pegou ainda os últimos anos dos estúdios americanos sendo os “donos” de seus astros, sendo que estreou no maior deles da época: MGM. E conseguiu algo raro para muitos desde então: conseguir fazer a transição de estrela infantil para adulta, assim como “superar” sua beleza para se revelar uma atriz respeitada por seus pares. E te garanto, no final do documentário, o nosso também.
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