Tenho sempre começado meus posts com disclaimers, aqui não será diferente. A segunda temporada de A Diplomata chegou à Netflix no dia 31 de outubro com seis acelerados e dramáticos episódios que não te deixa parar até o fim. Dito isso, Deus proteja a América de uma representante tão complexa como Kate Wyler (Keri Russell), a personagem menos diplomática que ocupou a embaixada americana em Londres na ficção. E que pior, sonha com a vice-presidência do seu país.

Desde que desembarcou contrariada na Inglaterra, em 2023, a representante americana só reclama, está sempre correndo, tendo problemas com roupa, batendo boca e conseguiu atrair um atentado terrorista que custou a vida de uma funcionária e quase matou seu marido, Hal Wyler (Rufus Sewell). É cansativo e um trabalho tão exagerado que até teve uma “meta crítica” em um dos episódios.
Retomamos a história imediatamente após o atentado em Londres e passamos os seis episódios com Kate tentando descobrir o autor e contornar uma crise internacional. Afinal, embora o esquentado Primeiro Ministro Nicol Trowbridge (Rory Kinnear) está sempre xingando alguém, dando ordens em qualquer um mesmo que sejam de outro país, um homem que só não é mais indigno para uma posição de político do que a própria Kate. E essa é a grande falha de A Diplomata.
O dramalhão e suspense atrás de toda politicagem funciona para nos entreter, mas é repetitiva e absurda. A passagem do tempo é minimamente “livre”: em questão de horas, Hal sai de um coma para andar e articular nos bastidores como se tivesse apenas tirando uma soneca. Só não é, literalmente, ridículo porque Rufus Sewell está (lindo e) espetacular como dúbio político que sim, constrói e destrói relações exteriores.

Keri Russell tem carisma, ninguém nega, mas sua limitação artística reduz Kate a uma pessoa sem higiene, sem modos, sem vaidade e sem noção. É surpreendente pensar que o argumento da série é ter uma diplomata talentosa, mesmo que jovem, sendo treinada para assumir a Vice-Presidência dos Estados Unidos. Com Keri, toda confusão sentimental e até a imaturidade da personagem nos fazem temer pelo mundo se houvesse alguém como ela na diplomacia americana.
O casamento tóxico dos Wylers estranhamente funciona para a ficção, com Hal (o mais inteligente) ignorando as reações bipolares da esposa e a conduzindo para algum resultado profissional. E como um furacão, Kate traz para a confusão o Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Austin Dennison (David Gyasi), entre outros.
Dito isso, dá SIM para ignorar as incongruências e curtir a série criada por Debora Cahn. Especialmente com a entrada da atual vice-presidente dos EUA, Grace Penn (Allison Janney), que traz a inesperada e grande virada da temporada e nos deixa ansiando pela próxima (já confirmada).

Chega a ser um tanto humilhante para Keri quando divide suas cenas com Allison, de novo, na meta linguagem do que a série apresenta. Allison dá um show, como sempre. A cena na qual Grace coloca Kate no lugar, dizendo exatamente tudo que disse até aqui é um alívio e um mea culpa de Debora para o que está exagerado (e não tem mais jeito).
Confesso que estava desconfiando (aparentemente) erradamente de Hal na confusão toda, mas não esperava nem em um milhão de anos pela conclusão que muda toda dinâmica de A Diplomata. Querem SPOILER? Porque aqui vai.
O ataque terrorista na Escócia, que movimentou a primeira temporada foi encomendado pela VP americana, que alega que orquestrou tudo na esperança de unificar o Reino Unido. O atentado do final da temporada foi uma tentativa de evitar que o primeiro fosse revelado. Diante de tudo isso, mais outros problemas domésticos, há a corrente tentando derrubar Grace, liderado, claro, por Hal que quer Kate na cadeira. E aqui vem um dos problemas.


Ao combinarem que vão revelar a verdade para o Secretário de Estado Miguel Ganon (Miguel Sandoval) e deixar o sistema de justiça resolver questão, Hal muda de opinião na última hora. Decide que tem que avisar ao Presidente, que estava vendido nisso tudo. E o que acontece? O Homem morre do coração! Literalmente. Genial! Que storytelling divertido! E justamente no momento em que Kate estava enfrentando a rival! Juro, é muito empolgante.
Pois então, temos uma anti heroína agora Presidente dos Estados Unidos e uma diplomata sem noção tentando derrubá-la, mas, com toda cara de que será sua vice. Será mesmo? Só saber que Allison Janney estará de volta já tem minha paixão. A Diplomata é mesmo um sucesso!
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