Se você gosta de política internacional – vendida sob a ótica americana – e, em especial, The West Wing e Homeland, então a sua série do momento é A Diplomata. Criada por Debora Cahn e estrelada por Keri Russell (The Americans), a série conta a história de (…bem) uma diplomata de carreira, Katherine Wyler, que está se preparando para se transferir para Cabul e é destacada de surpresa (e urgência), para Londres. Houve um atentado terrorista que custou a vida de 41 britânicos e o Primeiro Ministro Nicol Trowbridge (Rory Kinnear) quer retaliar quem quer que seja o autor, para apaziguar sua crescente impopularidade no Reino Unido. Claro que ninguém sabe quem está por trás do atentado – suspeitos mudam mais rápido do que Kate Wyler possa até tomar um banho.

Há mais. Kate consegue resolver catástrofes globais melhor do que sua vida pessoal. Ela foi escolhida de improviso pelo presidente dos EUA, Rayburn(Michael McKean), justamente graças à sua experiência no Oriente Médio e mais ainda, ela só descobre bem mais à frente, ela está sendo treinada para assumir a Vice-Presidência. O marido de Kate é Hal Wyler (Rufus Sewell), também diplomata e brilhante articulista, mas recentemente demitido apesar de manter suas ambições políticas pessoais. A dinâmica dos dois é complexa, divertida e irritante em iguais medidas, porque Kate frequentemente desconfia dele da mesma forma que “precisa” dele. Estão em uma relação que nem é exatamente de fachada e tem uma simbiose bem distinta do que vemos com frequência.
Tudo em A Diplomata é exagerado, pasteurizado e surreal. Os assuntos atuais que atropelam a carreira e a vida de Kate são usados de forma tão superficial que não sabemos se torcemos por ela ou desistimos de acompanhar. Depois de um tempo, a neurotização de Kate e sua falta de asseio e vaidade fazem dela uma figura antipática e indecisa. Ela é manipulada por Hal, mas quando tem a oportunidade de ganhar autonomia, o mantém no jogo.
Nenhum desses problemas atrapalham ao ponto de estragar a série. A conclusão explosiva da primeira temporada, justamente após a grande revelação é o clássico cliffhanger de uma série de suspense e a certeza de que haverá uma segunda temporada. Quem sobreviver até lá terá que vencer as nossas desconfianças assim como as de Kate. É um ótimo veículo para Keri Russell, mais ainda para Rufus Sewell. Mas o drama é excessivo. A vida da diplomacia é intenso, sem dúvida, mas as pessoas se alimentam, tomam banho e tem um mínimo de educação. Pensar em Kate Wyler na Casa Branca é de arrepiar. E rir. E chorar.
