As divas de Hollywood que inspiram The Life of a Showgirl de Taylor Swift

Desde que começou a compor, Taylor Swift deixou claro que seu repertório não é só sobre histórias pessoais — é também sobre a construção de um imaginário. E nesse universo, poucas fontes de inspiração são tão recorrentes quanto as divas da era de ouro de Hollywood. Essas mulheres, com seu magnetismo, talento e controle sobre a própria imagem, são mais do que referências estéticas para Swift: são códigos culturais que ela atualiza, reconta e transforma em narrativa pop.

Entre todas, Elizabeth Taylor ocupa um lugar central. Já foi citação irônica em …Ready For It? (“Burton to this Taylor”), homenagem estética no polêmico clipe de Wildest Dreams — que se inspirava diretamente nos romances filmados por Elizabeth e Richard Burton nos anos 1950 — e até referência em momentos íntimos, como quando Swift, em seu aniversário de 34 anos, ganhou um anel de opala e brincou: “isso é um presente para Elizabeth Taylor, não para mim”. A amiga Keleigh Teller devolveu o elogio: “minha Elizabeth Taylor”.

Agora, no 12º álbum, The Life of a Showgirl (lançamento marcado para 3 de outubro), Elizabeth deixa de ser citação para se tornar protagonista. A segunda faixa leva seu nome, e Swift explicou no podcast New Heights que a música foi inspirada na sensação de atravessar um espetáculo — no caso, o turbilhão físico e emocional de The Eras Tour — e terminar a noite exausta, mas vitoriosa, pronta para mais duas apresentações seguidas. É o glamour como resistência, algo que a própria Elizabeth conhecia bem. Fãs, é claro, reagiram como só um fandom treinado por quase duas décadas saberia: enlouqueceram com teorias, comparações, e até paralelos com a vida pessoal da cantora, fazendo do anúncio um trending topic global em minutos.

Os paralelos não passaram despercebidos. As duas começaram cedo (Taylor aos 16, Elizabeth aos 12), atingiram o estrelato definitivo nos 20 e 30 anos, e viveram sob o olhar incansável da mídia sobre seus relacionamentos. A ligação é reconhecida até pela família. Christopher Wilding, filho da atriz, disse ser “Swiftie” e elogiou a coragem da cantora, comparando sua postura política ao espírito de sua mãe — como quando Swift respondeu ao comentário misógino do então candidato JD Vance se autoproclamando “Childless Cat Lady” e apoiando Kamala Harris.

Mas Elizabeth Taylor não é a única diva no mapa de referências da cantora. No encerramento de Midnights, Swift resgatou Clara Bow, estrela do cinema mudo cuja imagem sintetiza o magnetismo e a fragilidade da fama feminina. A música reflete sobre como a indústria constrói e descarta suas musas, um tema que Swift domina de experiência própria.

Entre Wildest Dreams e “Clara Bow”, entre a opulência de The Life of a Showgirl e a iconografia de Elizabeth, Swift vai desenhando para si um lugar nessa linhagem. Como as divas que admira, ela entende que glamour não é só brilho: é narrativa, controle, resistência e, às vezes, sobrevivência. Ao cantar essas mulheres, ela não apenas presta homenagem — ela se inscreve na mesma galeria.

Com The Life of a Showgirl, Taylor Swift parece dar um passo além na sua relação com as musas do passado. Ao batizar uma faixa com o nome de Elizabeth Taylor e evocar, em outras canções, o espírito de ícones como Clara Bow, ela não só revisita o glamour de outra era como também o reinterpreta à luz da sua própria trajetória. Entre a opulência da imagem e a crueza da experiência, Swift constrói um álbum que promete ser, ao mesmo tempo, espetáculo e confissão — e que reforça seu lugar na mesma linhagem de mulheres que, com talento e estratégia, transformaram a fama em arte.

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