Há diversidade entre os indicados ao Oscar 2021, o que não deve ser “celebrado” porque a essa altura não deveria nem mesmo ser uma questão. Esse Oscar é realmente diferente e ainda nem foi ao ar. A data mudou, houve dúvida se teria material a ser considerado e em mais de um ano com as salas de cinema fechadas, como celebrar a sétima arte?

A primeira queda de paradigma foi a de ser, mesmo que ser exceção, aceitar o streaming como meio a ser considerado como primeira janela de filme. As regras atuais ditam que apenas filmes que estrearam no cinema podem ser considerados e a Netflix vinha criando estratégias para driblar o bloqueio, lançando filmes semanas antes do streaming e no número de salas que qualificariam suas obras. Em apenas dois anos vai reinar soberana com conteúdo de qualidade e indicações de peso. Já se pode imaginar que o Oscar de Melhor Filme seja para um dos seus. O de ator já é certo, com a obra de despedida de Chadwick Boseman e a certeza que fechou a categoria. É de partir o coração que seja póstumo.

O grande adversário dessa mudança foi Christopher Nolan, que lutou por Tenet estrear no cinema e criticou os estúdios de desistirem de esperar o fim da pandemia e lançarem a obra no streaming. Perde-se a fotografia que ele concebeu o filme, mas como estamos indo, talvez nem em 2022 veríamos o resultado final. Não foi retaliação, mas coincidentemente o maior ignorado do ano foi justamente Tenet. Nenhuma indicação.
A categoria de Melhor Ator Coadjuvante também está fechada com Daniel Kaluuya, em sua segunda indicação (a primeira foi como Melhor Ator por Corra). A atuação de Leslie Odom Jr, como Sam Cooke em One Night In Miami é muito forte, mas dificilmente o ano não será de Daniel. Entre as coadjuvantes mulheres, a tendência é que Maria Bakalova leve por Borat 2, embora nunca se saiba se não seja “a hora” de prestigiar Glenn Close. A atuação de Amanda Seyfried como Marion Davies em Mank é estupenda, e, em anos pré mudança cultural, seria um filme típico vencedor da Academia. Em 2021, as indicações já são o reconhecimento.
A categoria de Melhor Atriz é a que hoje tem maior suspense. Frances McDormand já tem dois Oscar de Melhor Atriz, não se importa com premiações e ganhou todas antes da pandemia fechar os cinemas. A nova favorita é Carey Mulligan, que venceu o Critic’s Choice Awards e está brilhante, mas Andra Day como Billie Holiday foi a zebra do Golden Globes. A favorita inicial, Vanessa Kirby tem a Netflix por trás, mas um filme que infelizmente foi associado ao cancelado Shia LeBoeuf, atrapalhando a campanha. Viola Davis, que já tem um Oscar, vem ganhando fôlego.
A cerimônia está marcada para o final de abril, dia 25. No dia 4 tem o SAG Awards, que é o melhor termômetro para a premiação.