A biografia de duas irmãs, Elizabeth e Margaret

O autor Andrew Morton escreveu a biografia definitiva sobre a princesa Diana, Diana: Her True Story, em 1992. Desde então, e até porque teve acesso ao material direto da princesa (as fitas que encaminhou para ele dando a sua versão da história), ele virou uma referência quando se trata de Família Real.

Em 2018, escreveu duas biografias importantes também, Meghan: A Hollywood Princess e Wallis in Love, que ainda não li, mas foram recebidos sem destaque pela crítica. Como sempre é o caso, o escritor tem uma pesquisa sólida sobre suas biografadas e uma análise crítica ponderada.

Como a crise familiar que acabou levando ao príncipe Harry romper com sua família só veio à público em 2019, Morton fez uma curiosa escolha de evitar focar nos conflitos entre William e Harry, indo diretamente em uma relação conhecida, porém pouco explorada. A das irmãs, Elizabeth e Margaret, muito semelhante com a dos jovens príncipes.

Embora hoje já se tenha outra visão de ambas, a Rainha e a princesa viveram, como Morton mostra em seu livro, momentos muito parecidos e com os mesmos dramas, no entanto a alternativa não foi feliz para Margaret, que se submeteu ao dever. Elizabeth & Margaret: the Intimate World of the Windsor Sisters, lançado em 2021, é um olhar crítico que completa as outras biografias do autor.

A unidade familiar das princesas era forte e elas cresceram cercadas de amor e atenção dos pais. Por causa da abdicação do trono pelo tio, apaixonado por Wallis Simpson, elas entraram para a vida pública ainda crianças. Começa então uma dualidade que afetará todas as gerações seguintes.

Elizabeth, a futura Rainha, é tímida, fechada, focada e sem grandes apelos populares, assim como seu neto, William. Resignada com seu papel e função, ela se dedica à monarquia 100% e 24h do dia. Claro, se casou por amor, com um parceiro que a apoiou uma vida inteira, mesmo com alto preço de coadjuvante. Kate Middleton é o Philip na relação com William, não precisa de sutileza para avaliar onde ele quer chegar.

Porém Margaret, “a mais bonita, “a preferida”, a “mais popular” e a “mais autêntica” foi vendo que pagava o preço, mas não tinha a posição ou papel como da irmã. Foi ficando para trás na ordem hereditária, não pôde se casar com o homem pelo qual era apaixonada porque ele era divorciado, tinha uma relação conflituosa para com seu marido, era perseguida pelos paparazzi, mas era famosa e estava na capa de todas as revistas. Até que o tempo passou, perdeu popularidade e ficou na História como uma princesa arrogante, de temperamento instável e muito infeliz. Sua trajetória fica ainda mais triste por ter feito o que seu sobrinho neto recusou fazer: aceitar o destino e lidar com sua dor em segredo. Tudo mostrado nas temporadas 1 a 4 de The Crown.

A leitura é rápida e fácil, mas não entra na alma das duas irmãs como entrou na de Diana. Claro, ouvir diretamente da fonte ajuda, mas rever a vida de Elizabeth e Margaret é entender melhor o drama que hoje acompanhamos com tantos detalhes. Fechei o livro no mesmo dia em que Harry é criticado por ter falado mal da maneira com que sua avó conduz a família. Se ele não é o melhor exemplo das consequências, Margaret é. E por isso mesmo a leitura é tão interessante pois, espertamente, estamos lendo Harry e William, mas com uma perspectiva histórica e com exemplos que sinalizam que o drama está muito longe de acabar. Infelizmente.

Publicidade

1 comentário Adicione o seu

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s