A morte brutal de Sophie Toscan du Plantier, em 1996, chocou a França, mas ainda mais os 1270 habitantes da mínima Toormore, no condado de West Cork, na Irlanda. A documentarista tinha uma casa de veraneio no local, que visitava com frequência nos últimos três anos de sua vida. Na casa isolada em um monte de onde via o lindo farol de Fastnet, que via de sua cama, Sophie gostava de ler, refletir e trabalhar em paz. Pois na véspera do Natal de 1996 alguém a acordou no meio da noite e a atacou. Seu corpo foi encontrado – quase irreconhecível – no portão que dava para a estrada. Ela tentou fugir, porém foi brutalmente assassinada com pedradas na cabeça.


A cidade de veraneio, visitada por estrangeiros europeus, nunca tinha registrado um crime em sua história. A polícia e a população estava estupefada. Sophie era discreta e querida pelos locais. Mesmo perto do natal, estava sozinha e se preparava para voltar para casa. Quem teria tamanho ódio para acabar com a sua vida assim?
A história já seria chocante por essa introdução, mas tem reviravoltas novelescas. Por falhas da inexperiente polícia (e a época), não se identificou no local nenhuma evidência que pudesse sugerir o autor. Apenas com provas circunstanciais, o principal suspeito passou a ser o jornalista local que liderava a cobertura, Ian Bailey. Tudo isso é recontado no documentário Sophie: A Murder In West Cork, da Netflix.


Dividido em três episódios, o roteiro é brilhante. Se você já conhecia o crime, ainda assim, fica tenso e confuso porque o ritmo é perfeito.
Dirigido por John Dower e produzido por Simon Schinn, acompanhamos as diferentes linhas de investigação com depoimentos de amigos e moradores da cidade. Com imagens de arquivo emocionantes (vemos Sophie na casa e passando pelo local onde depois encontraram seu corpo), vamos formando nossas opiniões aos poucos.
Ian Bailey participa da produção e insiste em sua inocência, mas o documentário sustenta as dúvidas da família de Sophie. O jornalista foi julgado e condenado in absentia na França, em 2019, mas a Irlanda não o extraditou. A discussão continua e Assassinato em West Cork reacende a polêmica. Vale muito ser visto.
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