Em 1992, depois que Windsor pegou fogo e três de seus filhos se separaram em meio à escândalos de traições mútuas, a Rainha Elizabeth II definiu que aquele foi um annus horribilis. Com altos e baixos, as duas décadas seguintes foram restaurando a Paz e a popularidade da Família Real, mesmo com a trágica morte da princesa Diana em 1997.

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A entrada da segunda década no novo milênio, no entanto, que vai marcar o recorde para a soberana (a única inglesa a completar 70 anos no trono), trouxe tanta dor e desacordo para os Mountbatten-Windsors que está quase doloroso para acompanhar, mesmo de fora. A essa altura podemos nós mesmos dizer que a Rainha já considera 2021 como o annus terribilis.

Acusações de traição novamente, de racismo, de ciúmes, de picuinhas, acrescidos de divórcios e mortes, não tem sido fácil para Elizabeth II. Mesmo com o distanciamento de Harry e Meghan, as entrevistas, os livros e podcasts que participam só alimentam a dor-de-cabeça constante e uma fofoca sem fim. Mas, a pior de todas, é o envolvimento do príncipe Andrew na rede de exploração de menores do milionário americano Jeffrey Epstein.

O filho supostamente favorito da Rainha, desde jovem se envolveu com escândalos sexuais, tendo inclusive namorado uma atriz pornô. Sua amizade com Epstein e Ghislaine Maxwell foi documentada por anos, através de fotos e em eventos bastante públicos. Por isso, quando Epstein foi preso em 2019 e se matou, em 10 de agosto (exatos dois anos hoje), o mundo inteiro olhou para o príncipe, que foi fotografado com o amigo meses antes da prisão, caminhando pelo Central Park.

A ligação era inegável. Uma das sobreviventes, Virginia Giuffre, citou nominalmente o príncipe como um dos seus abusadores em mais de uma oportunidade: nos Estados Unidos, no Caribe e na Inglaterra. E apresentou uma foto, feita por Epstein, na casa de Ghislaine (que aparece na foto), em Londres. Mesmo com a imagem mostrando Andrew abraçado à Virginia, o príncipe resolveu contrariar a orientação da Família Real e foi à BBC falar sobre o caso. Foi minimamente desastroso.

A alternativa foi obrigar ao príncipe a deixar a vida pública, algo que o contrariou tremendamente. Mesmo “apagado” dos eventos sociais, incluindo o casamento de suas filhas, Andrew não conseguiu afastar seu nome do caso. E essa semana, Virginia Giuffre abriu oficialmente um processo criminoso contra ele, em Nova York. Ela tinha apenas 17 anos quando as relações aconteceram, portanto era menor de idade e fica classificado o estupro.

O anúncio do processo está tomando as notícias ao redor do mundo. Andrew está em Balmoral, na Escócia, acompanhado de sua ex-mulher, Sarah Ferguson, visitando a Rainha. E a Rainha que estava toda sorridente ontem! Adeus descanso! Certamente ela está torcendo para o ano acabar logo…