No dia 29 de novembro de 2021 vai completar 40 anos da morte de Natalie Wood. As circunstâncias misteriosas do acidente no qual a atriz morreu até hoje não foram esclarecidas. Sem testemunhas, ou melhor, com o silêncio das três pessoas que estavam com Natalie no barco na noite em que morreu, não há provas do que realmente aconteceu. E mistério, sexo, bebida e estrelas do cinema geram sempre curiosidade, portanto a lenda de Natalie Wood é abastecida por sua despedida.
Em 2020, sua filha, Natasha Gregson Wagner lançou um belo documentário para resgatar a memória de sua mãe. Escrevi sobre ele na minha coluna em CLAUDIA, elogiando. Natalie Wood: Aquilo que Persiste, foi lançado no Festival de Sundance, cheio de depoimentos de amigos e recheado de imagens inéditas, que dão à série apelo. Porém, como Natasha menciona, ela também pretende ajudar ao padrasto e principal suspeito na morte de Natalie, seu marido, o ator Robert Wagner. E critica abertamente a tia, Lana Wood, com quem rompeu após ela acusar Robert de assassinato. E agora, em novembro, Lana lança uma nova biografia sobre Natalie, Little Sister: My Investigation Into de Mysterious Death Of Natalie Wood.
Lana, que é oito anos mais nova que Natalie, sempre foi protegida pela atriz, e também flertou com uma carreira no cinema e na TV, tendo trabalhado na novela Peyton Place e virando uma Bond Girl em Os Diamantes São Eternos, entre outras produções. Mas nunca alcançou o patamar da irmã.
Dedicação à descobrir a verdade
Para quem curtiu o documentário e conhece a vida conturbada de Natalie Wood, o livro de Lana é importante. Foi sua insistência de que a morte de Natalie foi assassinato, não um acidente, que conseguiu fazer com que o processo de investigação fosse reaberto e que Robert Wagner passasse a ser, oficialmente, o principal suspeito.
A versão do ator, compartilhada no documentário, é de que sim, todos tinham bebido a mais na noite chuvosa do acidente e que não, não houve violência entre ninguém (apenas uma garrafa quebrada). Exaltados, todos foram dormir e apenas na manhã seguinte sentiram a falta de Natalie. Seu corpo foi encontrado dias depois, boiando, em uma ilha próxima de onde o iate estava ancorado. A causa da morte foi afogamento e a teoria é a de que, no meio da noite, a atriz acordou e foi mexer no bote que fazia barulho, mas escorregou, caiu no mar e se afogou (ela não sabia nadar).
Para Lana, Robert Wagner e Natalie Wood tiveram uma briga acalorada e violenta, com o ator a matando e jogando o corpo no mar para parecer um acidente.
Como saber a verdade?
O ator Christopher Walken estava no iate, mas jamais se pronunciou sobre o caso em público e estava dormindo na hora que tudo aconteceu. Dá para entender a frustração da família.
Lana já tinha publicado uma biografia sobre Natalie em 1984, na qual alegava vários fatos que o documentário de Natasha negam, inclusive de que a atriz teria sido submetida ao “teste do sofá” por mais de uma ocasião, ainda menor de idade.
Outra acusação que o livro fazia, sem citar nomes, era de que Natalie teria sido violentada aos 16 anos por um grande ator de Hollywood, algo que foi abafado com a orientação da mãe delas. Em 2019, em uma entrevista ao The New York Times, Lana voltou a falar no assunto. Agora no novo livro, revela o nome do abusador e era ninguém menos do que o ator Kirk Douglas, que faleceu em 2020, aos 103 anos. Os rumores desse estupro sempre foram tratados como fato em Hollywood, mas apenas agora é diretamente acusado.
O lançamento de Little Sister, no mês em que a morte completa sua quarta década, promete reascender as discussões do caso. E alimentar a lenda.
