Por 10 anos, Nicole Kidman e Tom Cruise eram considerados o casal ideal em Hollywood. Lindos, talentosos, respeitados por colegas. Também por 10 anos, tiveram que lidar com as fofocas de um casamento de fachada, mas, em geral, eram a referência de um casal feliz.


Quando romperam, de repente, em 2001, foi um choque. Tom rapidamente emendou um namoro com Penelope Cruz e Nicole ficou solteira por uns anos, com romances que incluiram Tobey Maguire a Lenny Kravitz, entre outros. Só assumiu publicamente um relacionamento quando se uniu ao cantor Keith Urban, em 2005. Tom se casou e separou da atriz Katie Holmes e, desde então, está oficialmente sozinho.




A separação não foi amigável. Nicole brigou pela divisão de bens, alegou que na época estava grávida do ator e que sofreu um aborto natural em seguida. Tom, insensível ao drama, seguiu em frente e jamais falou sobre o fim do casamento. De chamá-la de “Nic” passou para “Nicole” e sua declaração sobre o divórcio foi: “Nicole sabe as razões”.


Já Nicole tem uma relação diferente. Durante o casamento, compartilhou vários detalhes da intimidade do casal, chegando a ter a famosa frase na Vanity Fair: “estar em casa é estar na cama com Tom”. Após a separação, deu inúmeras entrevistas dizendo que foi pega de surpresa com o pedido de divórcio, que passou por depressão e que não olha para trás com arrependimento. Pode não falar mais com o ex, os dois se evitam em eventos públicos, mas não fala mal dele tampouco.
Porém, há alguns anos, a atriz tentou mudar a estratégia de transparência. Segue sendo franca, mas essa semana se incomodou com um repórter. Ao falar de Being the Ricardos, Nicole tentou analizar a conturbada relação de Lucille Ball e Desi Arnaz, curiosamente interpretado pelo marido de Penelope Cruz (de quem aliás, Nicole ficou amiga após ela terminar o namoro com Tom), Javier Bardem. Segundo a atriz, é interessante avaliar como funcionavam bem como sócios e co-estrelas, como se amavam, mas como não puderam manter o casamento. Eu li a entrevista e, assim como o repórter, achei que estivesse falando de Tom Cruise. Ao responder a essa indagação, a australiana aparentemente ficou ofendida e irritada. “Ele não faz mais parte do cenário há muitos anos”, teria resumido, reclamando que é machismo ao forçar que ela sempre fale dele e que a mesma pressão não caia nos ombros do ex.




A verdade é que Nicole – e ela reconhece isso – sempre falou sobre tudo com a imprensa. Sua honestidade maquiou a fronteira do inconveniente. Como sempre foi franca sobre o primeiro casamento, não é fácil saber que agora se ofende. Ela mesma explicou há alguns anos que não falaria mais do ex-marido em respeito ao atual. Afinal, está há mais tempo com Keith do que ficou com Tom, já é mais do que hora de separa-los, ela tem razão, mas é muito difícil.
Nicole chegou à Hollywood para fazer um filme com Tom Cruise, na época casado, e o romance dos dois foi surpreendente. Por mais que tivesse talento, ela ficou famosa como a “esposa de Tom Cruise”, e um Oscar e um Emmy depois, ainda tem essa sombra sobre ela. Em termos de carreira artística, Nicole superou Tom. Ele tem as franquias e as bilheterias, mas Nicole é “atriz”.



Parte do problema dessa separação é que ela veio na cola de um filme pesado, estrelado pelos dois, De Olhos Bem Fechados, onde discutem traições. Como posavam felizes até um mês antes do divórcio, ninguém entendeu nada. Tom não fala sobre Nicole e Nicole falou muito sobre Tom. E sua reação negativa provavelmente vá alimentar as lembranças mais do que permitir que o tempo as apague.
Nicole Kidman não estava errada, mas tem um desafio de muitas mulheres. Há sim um machismo de ainda a associá-la a Tom Cruise mesmo 20 anos depois de separados. O problema não está nela, mas na curiosidade sobre ele. Foi bobagem ela ter se irritado com o repórter? Um pouco. Mesmo que tenha lutado para superar e perdoar, a mágoa, claramente, não foi superada. A ver como virão as próximas.