Theon Greyjoy começou a saga de Game of Thrones como um das mais odiosas personagens da saga, assim como uma das mais tristes. Com uma atuação inspirada de Alfie Allen, foi também dos arcos mais emocionantes de toda história.

Pela história de George R. R. Martin, adaptada para HBO Max, Theon Greyjoy (Alfie Allen) era caçula de Balon Greyjoy, das Ilhas de Ferro. Em uma rebelião frustrada de seu pai por independência, perdeu os irmãos mais velhos, Rodrik e Maron, restando apenas Yara Greyjoy. Para assegurar a Paz, aos 8 anos, Theon foi tirado ainda criança de sua família e criado de igual pelos Starks, mesmo que fosse oficialmente refém em Winterfell. Como todos da casa, tinha Ned Stark (Sean Bean) como um pai substituto, sendo o melhor amigo de Robb Stark, mas implicando com o bastardo Jon Snow (Kit Harington). Arqueiro habilidoso, genuinamente gostava de Sansa, Arya, Bran e Rickon como irmãos, mas também era arrogante por insegurança. Diferentemente de Jon, por essa razão fez uma série de decisões erradas.
O declínio de Theon é uma das histórias mais emocionantes de toda a série. Depois que Ned foi traído e executado em King’s Landing, ele jura lealdade a Robb, mas, na Guerra dos Cinco Reis, se sente obrigado a trair os Starks para ser aceito na sua família de sangue. Sem convicção de nem enfrentar os Greyjoys, ou efetivamente trair os Starks, covardemente invade Winterfell, forçando a Bran e Rickon a fugir (o que mais tarde leva a morte do caçula e à transformação de Bran). Jon, em Castle Black, não pode ajudar sua família a dizimação dos Starks é quase completa. Robb é traído e assassinado pelos Boltons no Casamento Vermelho. Em um universo de vilões sádicos, ninguém chegou aos pés das maldades dessa família e Theon foi sua principal vítima.



Antes de morrer, Robb aceita a idéia de Roose Bolton de capturar Theon e fazê-lo pagar pela invasão de Winterfell, mas quem lidera a ação é o bastardo Ramsay Snow, mais tarde, oficialmente um Bolton. Torturado, castrado e preso, Theon é forçado à servidão, virando literalmente o animal estimação de Ramsay, testemunhando suas atrocidades de perto. A lavagem cerebral e o trauma foram tantos que aceita ser chamado de “Fedor” e não mais ter um nome próprio. Quando Yara vem para resgatá-lo, ela o encontra no canil, onde vive, e ele – apavorado – se recusa a acompanhá-la.
Quando Sansa consegue escapar de King’s Landing, com a ajuda de Littlefinger, ela é levada de volta a Winterfell (em vez de encontrar Jon). Até onde todos sabem, Arya, Bran e Rickon morreram, fazendo de Sansa a última Stark. Sabendo da traição de Theon, Sansa não se penaliza quando o vê e acaba caindo na trama de se casar com Ramsay, a quem subestima. Violentada na frente de Theon na noite de núpcias, ela passa por torturas psicológicas e físicas, mas é mantida viva para gerar um herdeiro. Agora entendendo o que houve com Theon, ela se aproxima dele, tentando resgatar sua identidade. Tamanho é pavor, ele a princípio resiste, mas, quando Sansa claramente vai ser mutilada e morta, ele age por coração e salva. Na fuga, eles estão para morrer quando são salvos por Brienne. Sansa tenta convencer Theon a ir com ela ao encontro de Jon, mas agora Theon quer também o perdão de Yara e depois de assegurar que Sansa chegará ao meio-irmão, volta para a Casa dos Greyjoys.



Com uma desconfiada Yara, Theon tenta recomeçar sua vida, mas está completamente destruído e humilhado. Quando o tio dos dois reaparece, agindo como Ramsay, ele não consegue ter forças para enfrentá-lo. Yara e Theon fogem, se unindo à Daenerys Targaryen para restituir a ela o Iron Throne. Na sangrenta luta que se segue, Theon ainda está fraco e longe de ser quem um dia foi. Yara é sequestrada, ele retorna à Daenerys, mas reencontra Jon em Dragonstone. O confronto dos dois é ressentido, e Theon abre seu coração, reconhecendo pela primeira vez o valor de Jon, que o perdoa, parcialmente, porque salvou Sansa e também porque ele sabe o que Theon sente, de nunca poder ser um Stark de verdade. Theon salva Yara e, com a irmã em segurança e os Mortos ameaçando Westeros, volta para Winterfell, para redimir de uma vez o que fez para a família.


Theon é aceito em Winterfell como um dos Starks, entendendo que finalmente está em casa. Se oferece para salvar, em especial, Bran, o que custa sua vida nas mãos do Night King. Porém é porque sozinho atacou o inimigo que Arya teve tempo de sorrateiramente surpreender o vilão, salvando o Norte da extinção. Em sua morte, como um Stark, Theon salvou a família e Westeros, sendo devidamente reconhecido como herói.


A linda relação de Theon e Sansa, que criam uma conexão por terem sobrevivido a Ramsay Bolton, reflete também um pouco o livro. É que o Theon das páginas era uns anos mais velho do que Robb e Jon, e sonhava em um dia desposar Sansa, quando ela chegasse à idade certa, unindo assim as duas famílias – Greyjoy e Stark – resolvendo seu drama interior. Porém ainda nos livros, Theon não é nada bonzinho, sendo mais parecido com o próprio Ramsay antes de ser vítima dos Boltons. Apesar de fantasiar casar com Sansa, era apenas cordial com os Starks, mantendo distância. A péssima relação com Jon é igual, ou seja, ruim, tanto porque os dois disputam a amizade de Robb, como por ciúme porque Ned o tratava como filho, apesar de ser bastardo. E a principal alteração é justamente a redenção vista na série. Nos livros, Theon não sente nenhum remorso pelas atrocidades que cometeu e não sente que deve compensá-las.
Apesar de diferente, a versão da TV é fiel ao “arco do herói”, criando uma personagem triste e muito especial em Game of Thrones.
Reveja sua trajetória nos vídeos abaixo.