É difícil escolher personagem mais bacana entre um elenco de bacanas de Stranger Things. Casting perfeito, boas personagens… mas há um elemento que se destaca: Dustin Henderson (Gaten Matarazzo). E não estou falando de sua atuação, mas algo que faz de Gaten extra especial, o coloca no grupo liderado por Cary Grant e outras lendas: o ator que faz o outro se destacar. É uma qualidade rara que demanda generosidade e talento. E coloca Dustin no coração do sucesso da série.
Desde a primeira temporada Dustin é o irritante, mais inteligente e frequentemente o alívio cômico de uma trama que destruiu uma cidade no interior dos Estados Unidos (Hawkins é almadiçoada) assim como a vida de jovens e adultos. Dentro de toda complexidade da trama de Stranger Things, quem está com Dustin se destaca. Para o bem.


Na 1ª temporada, Eleven e o grupo de amigos. Na 2ª e na 3ª, “resgatou” Steve Harrington (Joe Keery), estabelecendo uma improvável parceria que acabou ganhando relevância e importância em toda história, colocando o Steve no papel de improvável herói (ele tinha tudo desenhado para ser antagonista). Honestamente, sou do grupo que se puder pula o drama de Eleven para ver todas as sequências de Steve e Dustin antes de tudo. Para mim, Stranger Things são os dois que poderiam facilmente ganhar um spin off.
Na 4ª temporada é Eddie Munson (Joseph Quinn) que recebe a luz de Dustin, roubando toda história para sua trágica, porém emocionante, narrativa de herói improvável. Bom, meio tarde, mas o aviso. SPOILERS.

Estava claro desde que apareceu, liderando o grupo de geeks, com uma cara apavorante, mas coração de ouro, que Eddie corria muito risco de morrer. Como em outras temporadas ganhamos novos rostos, mantive minha esperança acesa, mas…
Metaleiro, gamer fã de Dungeons & Dragons, e com excelente gosto musical (sua jaqueta do Dio merece um post à parte), ele lidera do Hellfire Club. Seu atraso na escola, sua agressividade aparente é uma faixada de uma vida de abusos físicos e psicológicos, de um jovem abandonado e incompreendido. A não ser por Dustin, que o venera.


O arco do herói criado para Eddie seguiu os passos clássicos da fórmula e quando faz o sacrifício final, claro que é emocionante. A canção de Moby, When It’s cold I’d like to Die, que usam na trilha não é dos anos 1980s, mas é uma liberdade narrativa que se permite pela excelente escolha.
Em todas as cenas em que apareceu nessa épica temporada, Joseph deu show, mas, em especial ao lutar ao lado de Gaten. O duelo das guitarras com Master of Puppets, do Metallica, as tiradas cômicas… tudo em perfeito ritmo e entrega.


O herói de Hawkins é o jovem que a cidade demonizou e esqueceu, mas Dustin – e os fãs de Stranger Things – não vão esquecer. Não é à toa que a série é essa febre mundial.
