Hollywood adora alguns clichês, especialmente em comédias românticas. Colocar uma mulher desiludida em um passeio na Itália, onde encontra o amor, é um roteiro que foi regravado à exaustão e a razão é que, como pizza, todo mundo adora. Em tempos de muita aventura e fantasia dominam as plataformas, fazer essa pequena viagem e esperar o destino agir é um escapismo delicioso, quando se deixa levar. Amor em Verona é mais uma dessas apostas que a Netflix disponibilizou esse mês.
É impossível ver o filme e não traçar paralelos com Cartas para Julieta, de 2010 (até domingo disponível na Amazon Prime Video). Os dois filmes usam a romântica Verona como cenário, discutem se há mesmo “destino” e desfilam uma hora de um cenário idílico que nos faz querer voar para Itália imediatamente. (fica o aviso)
A medieval e linda Verona (patrimônio mundial da UNESCO), que fica no norte da Itália, na região do Vêneto – como sabem os apaixonados – é onde viveram Romeu e Julieta, segundo a versão de William Shakespeare. A peça já rendeu várias versões para o cinema e, de quebra, criou um roteiro um turismo específico dos românticos. Já visitei. É, sem surpresa, linda. Como o texto do bardo inglês é definitivo, muitos sempre visitaram a cidade tentando identificar onde a ação teria acontecido, buscando o balcão onde uma das mais icônicas cenas de amor aconteceram e etc. Portanto, uma casa do século 13, que pertenceu à uma família chamada Dal Capello, os Cappelletti, parecia próximo do sobrenome de Julieta – Capuleto – e o endereço virou ponto de peregrinação.
Uma estátua que há séculos sofre abuso sexual (a tradição demanda passar a mão no seio direito de Julieta para fazer um pedido) e os enamorados deixam cartas nos muros, pedindo a ajuda da personagem. E as cartas têm sido respondidas há 50 anos, quando um grupo de voluntários criou o Club Di Giulieta, que tenta dar uma palavra de esperança para os românticos (tem até uma brasileira no grupo).
Mas ao dar essa volta gigantesca, voltemos à Amor em Verona, a nova comédia romântica da Netflix. Despretenciosa, é voltada para os fãs de uma história de amor improvável, da mão do destino unindo dois corações de países distantes. É uma coleção de clichês daqueles no qual o casal se detesta, depois se apaixona e todos os preconceitos culturais passeiam na tela, mas, se você gosta de histórias de amor, dá certo. Kat Graham e Tom Hopper são o casal improvável da vez, demoram um pouquinho a engrenar, mas diverte sem compromisso. Minimamente nos levam aos pontos mais bonitos de Verona e a Itália, é sempre bela.
E aviso, você termina querendo ver mais de Verona e comparar com o Cartas para Julieta. A melhor história do filme de 2010 para mim é que o reencontro de Vanessa Redgrave e Franco Nero na vida real é parecido com o que vivem na tela. Os dois são as personagens secundárias, cuja carta dos anos 1950s é encontrada por Amanda Seyfried e a inspira a uni-los novamente. Não houve bem uma carta, mas os atores viveram um amor parecido. Isso mesmo, eles, que se apaixonaram em 1966, se separaram em 1969, se reencontraram em 2006 e se casaram, quando estavam com mais de 60 anos. Ainda estão juntos e apaixonados. E quem não acredita no destino?

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