A série Pistol reconta várias histórias em uma: o início do movimento punk, a moda e a política dos anos 1970s e 80s, a música e uma juventude proletária em busca de um mundo com sentido. No início, meio e fim dessa história está a banda Sex Pistols, que em sua breve passagem na Londres de Margaret Thatcher mudou a cultura mundial. O diretor Danny Boyle reuniu um talentoso elenco de estrelas em ascensão no mercado britânico para nos levar na viagem do tempo. Vale a pena embarcar.
Curiosamente o falecimento da Rainha, na semana seguinte que o conteúdo chegou à América Latina tem uma ligação. Depois te a acompanhado celebrar o Jubileu de Platina (70 anos) em abril e falecer aos 96 anos em setembro, é digno de se impressionar que a banda tenha usado o Jubileu de Prata (25 anos) como inspiração de um de seus maiores sucessos: God Save The Queen.


Para quem cresceu com o punk rock como referência é um pouco tocante olhar para trás e ver que com uma média de idade entre 19 e 21 anos, os Sex Pistols eram quase crianças quando surgiram. Na visão do empresário, Malcolm McLaren o visual e a atitude rebelde dos roqueiros era mais relevante do que a música, mas eles eram bons. Inventaram um estilo que depois foi suavizado como new wave, mas ainda assim, mudou tudo.


A série é baseada na autobiografia do guitarrista Steve Jones, e muda alguns fatos (não houve um relacionamento amoroso entre ele e Chrissie Hynde, por exemplo). Embora tenha reclamado de estar de fora de qualquer aprovação, John Lydon interpretado por Anson Boon está ótimo e traz uma vulnerabilidade empática para o vocalista tão controverso.


Mas o mais tocante, como esperado, é a parte da história que foca em Sid Vicious. Amigo de Johnny Rotten, ele virou um símbolo de exceço e morreu de overdose aos 21 anos, mas tem uma vida particularmente nais difícil entre todos (e olha que esse ranking não era elevado). A começar pela entrega assustadora de Louis Partridge ao papel.


O jovem Sid era o protegido de todos, mas o mais suscetível à intensidade do movimeto. Ao contrário de Johnny e Malcolm, que queriam provocar e romper com conceitos da sociedade (Malcolm com uma anarquia e Johnny em uma dura crítica pró-republicana), Sid queria aceitação. Praticamente abandonado por uma mãe dependente química (que deu de presente um bicho de pelúcia com heroína escondida para o filho ainda adolescente), Sid virou – dentro da banda – a cara do movimento punk.



Seu encontro com Nancy Spurgen foi fatal e embora todos a tenham condenado ao longo dos anos por ter minimamente acelerado o fim de Sid, a série é até caridosa com ela, a tratando igualmente como vítima e sem entrar em detalhes no até hoje bizarro e não solucionado assassinato da namorada do baixista. SPOILER: sugerem que foi mesmo um pacto de suicídio que deu errado.
Naturalmente o lado “educativo”, com muitas imagens de arquivo e algumas frases claramente feitas, despertam uma gota de cinismo, mas, em geral, a série cumpre o papel de emocionar. E dá – muita – vontade de voltar a ouvir Sex Pistols. A toda altura.