A canção de Nick Cave sobre dor e luto em Blonde

Nick Cave e Warren Ellis trabalham sempre com o diretor Andrew Dominick, portanto já se sabia que a trilha sonora de Blonde seria deles. Curiosamente a canção mais presente na trilha, Bright Horses não foi escrita para o filme. É de um dos álbuns mais tristes do artista, de 2019 Ghosteen.

O nome do álbum e suas canções são sobre luto e dor, escritas alguns anos depois da morte do filho, Arthur, em 2015 depois de cair de um penhasco. Na época ele tinha apenas 15 anos e Ghosteen parece se referir indiretamente ao fato, mas Nick Cave nunca falou sobre a associação.

O álbum é divino, mas profundamente melancólico. Sempre choro quando ouço, desde a faixa de abertura, Spinning Song. Bright Horses vem em seguida e é entendida como um processo de superar a dor da perda, onde a fé e esperança são de alguma forma o remédio.



Para os fãs, os Bright Horses são de alguma forma a metáfora do espírito e memória do filho, uma alma selvagem e iluminada cuja mão o cantor segura, ciente que as memórias são o que restam agora. Mais do que tudo, canta que lógica não explica nada, as coisas são o que são, mas que “não significa que não podemos acreditar em algo”.

“Descobrimos que a dor era muito mais do que apenas desespero. Descobrimos que a dor continha muitas coisas – felicidade, empatia, semelhança, tristeza, fúria, alegria, perdão, combatividade, gratidão, admiração e até uma certa paz. Para nós, o luto tornou-se uma atitude, um sistema de crenças, uma doutrina – um habitar consciente de nossos eus vulneráveis, protegidos e enriquecidos pela ausência daquele que amamos e que perdemos”, o cantor compartilhou em seu The Red Hand Files há alguns anos, falando do álbum Ghosteen. “No final, o luto é uma totalidade. É lavar a louça, assistir Netflix, ler um livro, dar zoom nos amigos, sentar sozinho ou, na verdade, mexer nos móveis. O luto é tudo reimaginado através das feridas sempre emergentes do mundo. Revelou-nos que não tínhamos controle sobre os acontecimentos e, ao confrontarmos nossa impotência, passamos a ver essa impotência como uma espécie de liberdade espiritual”, completou.

Talvez por essa vertente da liberdade espiritual que em Blonde, a canção Bright Horses pontua momentos diferentes da vida de Marilyn Monroe, felizes e tristes. Bom, não há sossego para a alma dela no filme, ao contrário, é opressivo e sem esperança. Mas certamente ela é a alma indomável de luz que está nas letras.

Fica emocionante, concorda?

The bright horses have broken free from the fields
They are horses of love, their manes full of fire
They are parting the cities, those bright burning horses
And everyone is hiding, and no one makes a sound
And I’m by your side and I’m holding your hand
Bright horses of wonder springing from your burning hand

And everyone has a heart and it’s calling for something
We’re all so sick and tired of seeing things as they are
Horses are just horses and their manes aren’t full of fire
The fields are just fields, and there ain’t no Lord
And everyone is hidden, and everyone is cruel
And there’s no shortage of tyrants, and no shortage of fools
And the little white shape dancing at the end of the hall
Is just a wish that time can’t dissolve at all

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh, well, this world is plain to see
It don’t mean we can’t believe in something, and anyway
My baby’s coming back now on the next train
I can hear the whistle blowing, I can hear the mighty roar
I can hear the horses prancing in the pastures of the Lord
Oh the train is coming, and I’m standing here to see
And it’s bringing my baby right back to me
Well there are some things too hard to explain
But my baby’s coming home now, on the 5:30 train

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