Sobre o episódio final da temporada de House of the Dragon

Depois do “trauma” de da temporada final de Game of Thrones parece ter virado tradição do fandom mais radical de House of the Dragon “odiar” qualquer conclusão na franquia. A reação sobre algumas mudanças no episódio final da primeira temporada movimentou as redes sociais, ainda mais que o episódio vazou com qualidade e na íntegra dois dias antes de ir ao ar.

O que irritou a base de fãs? Mudanças do livro.

A morte de Lucerys Velaryon sempre foi considerada a principal virada na história da Dança dos Dragões, mais ainda do que a despedida do Rei Viserys I. Em um quadro tenso, marcado por golpes e rivalidades, o assassinato do pequeno príncipe é a gota d’água para o início de uma sangrenta Guerra Civil que praticamene dizima os dragões e a Casa Targaryen. Inocente, jovem e indefeso, no livro há uma incerteza de como efetivamente ele morreu, mas o culpado sempre foi seu tio, Aemond Targaryen. Assim pensávamos.

O encontro e confronto entre tio e sobrinho, já marcados por uma infância de ódio alimentado, de violência encorajada, bullying mútuo e um acidente fatal onde Aemond perdeu um olho era uma tragédia anunciada. E foi bem fiel ao livro, com algumas frases famosas eliminadas, mas a principal mantida.

A sequência da perseguição e ataque dos dragões é uma das mais impressionantes do ano e de toda franquia de Game of Thrones.

E a morte de Lucerys foi ainda chocante mesmo que anunciada.

Porém, a mudança para que fosse igualmente um ato mal calculado enlouqueceu os fãs. No livro, as testemunhas estavam em solo e não entenderam o que estava acontecendo no alto. Como em todas as páginas de Fogo e Sangue, os “Verdes” são retratados como vilões rasos, ambiciosos e arrogantes, cientes de que estão ursupando mas o fazendo de qualquer forma. Na série, Otto Hightower tem ciência e gerência sobre as ações golpistas, mas até ele tem nuances maiores. O que tem mudado radicalmente é a apresentação mais empática dos Hightowers, com valores rígidos e uma sequência de mal-entendidos que os faz se sentirem justificados por sua movimentação. Salvo Otto que foi o melhor jogador pelo Poder, os outros estão em campo cinzento.

Dito isso, Aemond Targaryen que tem “alma escura” e é crudelíssimo no livro, ganhou os fãs por superar bullying, domar uma dragão de 180 anos (Vaghar) e ainda ser um bom filho e irmão. Em sua futura lista de mortos estão ainda Daemon e Rhaenys, mas depois do que aconteceu com Lucerys fica uma dúvida de como será efetivamente retratado.

Acostumado ao bullying mútuo, Aemond atacou mais uma vez ao sobrinho “Strong” demandando um olho pelo que tinha sido perdido. Em uma perseguição de dragões, Arrax acaba se sentindo ameaçado e ataca Vaghar, sem o comando do príncipe Lucerys. É o suficiente para que Aemond perca o controle da dragão, que reage trucidando Arrax e engolindo Lucerys. “Transformar” o que era tido como assassinato premeditado em acidental esá enfurencendo alguns fãs, mas é onde Game of Thrones virou referência: nenhuma história é exatamente como é conhecida. Frequentemente vilões são dignos e mocinhos não, os melhores exemplos são Jamie Lannister ter assassinado o Rei Louco em defesa de inocentes e Ned Stark ter vencido um duelo quando seu oponente foi atacado pelas costas. Aemond estava perseguindo e humilhando Lucerys, como sempre fez, mas sua intenção não era de ter atacado, pelo menos não tinha dado o comando ainda.

Não importa mais, a morte de Lucerys mudará Rhaenyra para sempre, e toda tentativa de Paz entre ela, os meio-irmãos ou Alicent Hightower será inútil. Agora é guerra.

Mas há mais do que isso no episódio final, muito mais.

Toda parte do parto e do conselho dos Pretos – parecido com o livro – foi um show. Emma D’Arcy consegue traduzir a insegurança, a influência paterna e ainda assim o comando de Rhaneyra em poucos olhares. Sua dor e ansiedade de finalmente ser Rainha, mas significar a perda do pai e a necessidade de se colocar diante dos homens foram perfeitas. Uma coisa é saber que o dia chegaria, outra é ser a pessoa mais importante do ambiente e finalmente ser ouvida. Quer dizer, aqui está o brilhantismo da cena.

Assim como aconteceu com Alicent, os homens não esperam a mulher para traçar planos. Daemon, como marido e ainda complexo de querer ter sido o herdeiro, move para resposta agressiva, e se frustra com o que não entende e considera passividade de Rhaenyra. E não o culpo porque sem todas as informações a conclusão é outra. E Daemon não está errado. A profecia é vaga – um Targaryen tem que estar no trono e manter o reino unido para enfrentar a ameaça do Norte – e efetivamente houve um golpe de estado que ameaça a união de Westeros, a hesitação de Rhaenyra meio que confirma para ele uma “fraqueza” feminina.

No conflito de casal, Daemon parte para a agressão o que é consistente com sua personalidade, mas alguns fãs reclamaram. Bobagem. A guerra civil acaba qualquer relacionamento amoroso entre tio e sobrinha, que seguem fiéis e unidos pela causa política. Daemon apoia Rhaenyra até o fim, mas “amor” vai definihar. Ali está a semente do fim.

Como mencionei anteriormente, EU teria ido um pouco além na história e terminado com a resposta dos pretos pela morte de Lucerys, mas guardaram para a segunda temporada, assim como o confronto dos irmãos Argyll. Teremos que esperar até 2024, uma vez que as gravações da segunda temporada só devem começar em março de 2023.

O episódio final foi forte, tenso e dramático e com uma qualidade incrível. Nota 1000 para HBO. E agora a longa noite recomeça…

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