A tradição passou de pai para filho e as imagens da Família Real, graças à visão artística e sensível da Família Hussein, são obras de arte contemporâneas. Isso mesmo, a chance de que algumas das fotos mais bonitas – icônicas até – dos Windsors tenham a assinatura Hussein. Atualmente, o mais proeminente deles é Samir Hussein, ou Sam Hussein, o premiado profissional e Embaixador da Nikkon, em atividade há 12 anos (portanto responsável por algumas das imagens mais representativas da Família Real desde 2010).





Antes dele, seu pai, Anwar Hussein capturou imagens históricas da Família e da Princesa Diana, quem começou a fotografar desde os anos 1980s.


Com total razão, as fotos de Hussein foram selecionadas pessoalmente pela Família para cartões de Natal e outros registros oficiais. Premiados, pai e filhos são hoje referência da Fotografia Arte e autores de best-sellers com seus trabalhos.
Anwar Hussein, que nasceu na hoje indenpendente Tanzânia, África, cresceu vendo fotos da Rainha Elizabeth II em selos postais. Na época, jamais imaginaria que fotos suas seriam usadas para imagens oficiais da soberana. Afinal, tampouco sonhava que seria o que chamam de “fotógrafo real”, aqueles profissionais creditados para acompanhar os Windsors em viagens ou eventos importantes. Anwar deixou seu país pelo Reino Unido com 20 e poucos anos, sonhando com uma carreira de jornalista fotográfico. “Só queria trabalhar, então construí minha experiência fotográfica cobrindo contracultura e notícias”, disse em uma entrevista ao The Telegraph, em 2016.
A chegada à Inglaterra foi conturbada, pois em 1962 ele via placas dando as boas-vindas a cães e gatos em estabelecimentos comerciais, mas proibiam pessoas “de cor” de entrar. Sem se intimidar, e com a experiência de fotografar vida selvagem, começou a cobrir notícias de movimento rápido como as manifestações da Guerra do Vietnã, em 1968, assim como registrar shows de rock and roll. Obviamente, em terra de Rainha acabou sendo levado à cobrir eventos reaism, começando com seguir o então solteiro Príncipe Charles ao redor do mundo. Em um piscar de olhos estava diante da Rainha também.
Elizabeth II logo reparou no profissional de cabelos compridos e roupas casuais, bem diferente dos profissionais oficiais que sempre estavam de terno e gravata. A informalidade de Anwar se refletia na sua lente: em vez das fotos rígidas e posadas, ele se distanciava e registrada momentos mais autênticos, inesperados, para, como disse depois, “mostrá-los com aparência natural”.


O resultado agradou editores, leitores e, em especial, a Família Real que aprovou a forma que passou a ser vista. Com isso, Anwar obteve o privilégio de ser convidado para passeios e eventos mais íntimos com eles, o que ajudou a criar uma relação mais pessoal com os Windsors. Por exemplo, no Jubileu de Prata, em 1977, estava em toda viagem da Rainha. Segundo ela contou para ele, quando olhava a parede de fotógrafos e o identificava entre eles, ficava mais relaxada.
Em 2016, Anwar passou a ser, oficialmente, o fotógrafo real mais antigo em atividade. “Muita coisa mudou nesses 40 anos. Tenho orgulho de ter registrado a história, embora, assim como Sua Majestade, tenha tido que desacelerar um pouco,” comentou na época.
Desacelerou, mas criou uma marca herdada pelos filhos, igualmente fotógrafos e que vieram também a ganhar destaque: Samir e Zak Hussein.
Samir, que criou uma das imagens mais icônicas do século 21 – a foto de Meghan Markle e Príncipe Harry na chuva – é hoje o mais requisitado e premiado profissional do meio. Assim como seu pai e irmão, também trabalha cobrindo shows, premieres e festivais de cinema, portanto suas fotos incluem estrelas do cinema e da música, mas são os Windsors que mais associamos ao seu foco.
Samir menciona sempre que ter crescido entre “ótimas fotos de lendas como The Beatles, The Stones e Steve McQueen” foi determinante para que depois de terminar seu curso de Jornalismo, se aventurasse pelo menos campo paterno. “Tive muita sorte, porque meu pai era na verdade fotógrafo e costumava fotografar o showbiz durante os anos 60 e 70, todos esses personagens incríveis e rostos famosos. Fotografou a realeza durante os anos de Diana. Então, tive sorte de ter crescido cercado por ótimas fotografias. E a fotografia sempre foi um interesse que tive. Estudei jornalismo e foi só depois que terminei a faculdade que me aproximei mais do lado da fotografia. Então comecei a trabalhar em algumas agências de fotografia como editor de fotos, e saindo e fotografando sempre que tinha oportunidade”, explicou Samir.
A pressão do sobrenome e fama de Anwar não assustaram Samir, que garante que o pai nunca o forçou a nada, mas foi generoso em dar encorajamento e conselhos. “O fato de ele ser um fotógrafo de sucesso que conquistou tanto é mais uma inspiração do que uma pressão”, disse Samir.
Se houve comparações no início, hoje o DNA das lentes dos Hussein é inegável e independente. Assim como eles, na segunda geração, os fotógrafos estão passando para a quarta geração da Família Real, começando com a Rainha, passando por Charles e Diana, agora registrando William e Harry (com suas esposas) e agora, os príncipes Louis, George e a Princesa Charlotte.
Com suas imagens históricas, não é surpresa que Anwar, com mais de 80 anos, tenha virado autor de best sellers sobre a Realeza e que hoje viaje o mundo com exposições. Sua Princess Diana Exhibition: Accredited Access, com mais de 140 registros da princesa, ainda está rendendo elogios e ingressos. Afinal, muitas das imagens mais famosas de Diana foram feitas por ele.
“Eu vi todos os lados de Diana. Ela era um ser humano genuíno e bom,” relembrou em uma entrevista à People. “Você podia vê-la ir de ‘Shy Di’ (tímida Di), olhando para baixo, para se tornar mais forte – o que ela tinha que fazer. Ela queria provar que era corajosa o suficiente para fazer o que queria”, explicou. Diana mais tarde brincava com Anwar que o livro sobre Charles assinado pelo fotógrafo a ensinou mais sobre o marido do que o próprio Charles. Algo que imagens consegue mesmo fazer.
Sobre o carisma da Princesa diante dos fotógrafos, que só chegava aos pés de Marilyn Monroe, Anwar só tem elogios. “Ela tinha uma maneira astuta de mostrar seu humor – se estava feliz ou infeliz”, comentou ressaltando que era sua empatia com as pessoas que mais se destacava. “Ela também sabia quais fotos dariam a volta ao mundo,” disse à People.
Hoje, é Samir a principal estrela entre os Hussein, acumulando prêmios ao longo dos anos e sido escolhido pela família, como em 2022, para as fotos do cartão de Natal de Charles como Rei.
“Qualquer que seja o tipo de filmagem que eu esteja fazendo, irei com o mesmo objetivo. Seja um noivado real, um evento de tapete vermelho, concerto de música, uma sessão de retrato individual, seja o que for. E acho que meu objetivo é realmente tentar capturar um pouco da humanidade, capturar algo … mostrar um pouco da personalidade e mostrar aquele rosto famoso mais como humano. Meu objetivo é sempre tentar conseguir isso com a foto mais bonita possível. Nem sempre é possível, mas é assim que entro em todos os trabalhos que faço. E muitas vezes isso pode acontecer em momentos inesperados, como estrelas cadentes no tapete vermelho. Às vezes, esses momentos acontecem depois que eles posam para fotos e, de repente, relaxam e você pode capturar talvez um momento um pouco mais sincero”, explica.
Sobre sua mais famosa foto, que viralizou e se tornou icônica? “Essa foi uma imagem realmente agradável de se obter. É um dos últimos trabalhos que eles fizeram antes de deixarem o cargo de Royals, então conseguir uma imagem realmente forte como essa, que foi tão bem recebida pelo público e tão bem usada, foi realmente especial”, diz.

