Rudolf Nureyev tinha apenas 54 anos quando faleceu há 30 anos, em Paris, por consequência da AIDS. Eu tive o privilégio de vê-lo no palco e entender, na primeira fila, o que ele representava e oferecia para seu apaixonado público. Falamos em lendas com frequência, mais do que necessário, mas quando estamos no mesmo ambiente que uma a energia é outra. O ar é leve, as luzes mais fortes e cada segundo fica suspenso no ar. Rudolf Nurevev era e é uma lenda.
Na dança clássica, especialmente para os homens, há antes e depois de Nureyev, um tártaro de alma rebelde que descobriu na dança o sentido da vida. Carismático, perfeccionista, temperamental, curioso, questionador e inovador, era comparado a Vaslav Nijinsky. Considero que foi muito maior que ele.


Em 1993, AIDS ainda era tabu e por isso a morte de Nureyev foi descrita – a pedido dele – como “uma complicação cardíaca, após uma doença grave”. Ele estava internado por pouco mais de dois meses. Paris era a casa do bailarino desde que “desertou” (um termo questionável, mas usado nos anos de Guerra Fria) da então União Soviética, em 1961. Com seu salto para o Ocidente, ele se transformou em um ícone do século 20, influenciando na moda e virando um dos homens mais famosos do mundo, trazendo uma popularidade para o ballet que é difícil alcançar.
Em quase 30 anos de carreira internacional (excluindo os anos na Rússia), Rudolf Nureyev coreografou, reencenou clássicos, dançou peças modernas, foi ator e maestro de orquestra (!), e atuou como diretor artístico do Ballet da Ópera de Paris. Como o NY Times definiu perfeitamente: “A vida e a dança eram uma coisa só para o Sr. Nureyev”.
O bailarino registrou várias produções importantes como Don Quixote, O Quebra-Nozes, Giselle e Lago dos Cisnes, mas foi dançando com Margot Fonteyn que é mais lembrado, com uma parceria que define mágica.
Hoje faço mais uma homenagem a ele. Um Deus da dança.