A figura dele em Vikings: Valhalla é de fundo de cena, o conselheiro, o observador. Mas não se engane: Earl Godwin, interpretado por David Oakes é um dos mais perigosos antagonistas da série, capaz de matar, como já sabemos. A trajetória de Godwin é fascinante e fica aqui o potencial do que podemos ver na série da Netflix. “Para quase todos os personagens, tratá-lo como se ele fosse inútil e sem valor significa que ninguém espera nada de Godwin, esse será o erro de um muitas pessoas”, alertou o ator em uma entrevista.
Em Vikings: Valhalla, enquanto acompanhamos as intrigas e conflitos nos territórios Vikings, em solo inglês temos Earl Godwin como uma figura em ascensão. Ele começa a série como o conselheiro mais próximo do rei da Inglaterra quando o príncipe, Edmund (Louis Davison), herda o trono, mas suas astúcia política é temida pela Rainha Emma (Laura Berlin) e ainda não está clara para Canute (Bradley Freegard). Godwin é ambicioso, e deseja ainda mais do que estar do lado vencedor da história. Conhecido como “king maker” (fazedor de reis), terá sua linhagem sentada no trono. Isso mesmo, mas já voltaremos a esse ponto. Até onde vimos, Godwin ajudou magistralmente Emma e o rei Sweyn Forkbeard (Søren Pilmark) a se livrar da rainha Ælfgifu (Pollyanna McIntosh), esposa de Canute, assim como da figura de Edmund além de ajudar a recuperar o controle da frota dos dinamarqueses.


O verdadeiro Godwin era filho de Wulfnoth Cild, que teria traído o rei Athelred II e fugido com 20 navios, devastando a costa sul. Só sobreviveu porque era próximo do filho mais velho de Aethelred, Aethelstan, e quando toda fortuna de sua família foi confiscada, ficou com uma propriedade pequena para sobreviver.
Com a chegada de Canute (tema da primeira temporada), o viking negociou com o filho de Athelred, Edmund, que ele ficaria com toda a Inglaterra ao norte do Tâmisa, enquanto o sul (incluindo Londres) seria mantido por Edmund. Apenas após a morte do monarca que o trono seria 100% dos vikings, o que aconteceu bem rápido, mesmo com a juventude de Edmund, ajudado secretamente por Godwin, que termina a história com títulos e prestígio, incluindo o de Conde de Wessex. Por volta do ano de 1018, Godwin viaja com Canute para a Dinamarca e se casa com Gytha Thorkelsdóttir, irmã do cunhado do viking. Eles têm três filhos: Swein, Harold e Edith, que terão papéis controversos e relevantes na história.
Após a morte de Canute, em 1035, o trono da Inglaterra será disputado inicialmente entre Harold Harefoot (filho de Canute com Ælfgifu) e Harthacnut (seu filho com Emma). Mas tudo fica ainda mais complicado porque há também Alfred e Edward, os filhos de Emma com o rei Athelred II, deposto por Canute. Mesmo como enteados do viking, tinham direito ao trono da Inglaterra.

Com Harthacnut na Dinamarca, Godwin apoiou Harold Harefoot na Inglaterra. Quando os filhos primogênitos de Emma invadem o país, Godwin ajuda a capturar Alfred e o entrega à Harold, que o cega cruelmente, levando à morte. Segundo a História, Godwin conseguiu enganar a todos afirmando ser leal a Alfred, apenas para se voltar contra o jovem príncipe e ganhar pontos com Harold. “Por sorte”, o mesmo Harold morreu em seguida, eliminando as provas do seu envolvimento com o sangrento ataque.
O reinado de Harthacnute também não dura muitos anos e assim a Coroa acaba indo para o caçula de Emma, e último filho sobrevivente de Æthelred, Edward, o Confessor. Hábil em mudar de lado, agora está ainda melhor para Godwin porque Edward se casa com Edith, passando a ser seu genro. Meio entendedor percebe o atalho tomando por Godwin, agora efetivamente o homem mais poderoso e com total acesso ao Rei. Não por muito tempo.

Sob a influência de Godwin e Edith, Edward primeiro bane sua mãe da Corte e depois acredita nas acusações de relações dela com o Bispo de Winchester e como teste de sua inocência, a obrigada a publicamente se submeter ao “julgamento por fogo”, que a forçava a andar descalça em cima de nove pontos de ferro derretido. Depois de superar a prova, Edward aceita Emma de volta e os problemas começam para Edith e Godwin. Aconselhado por sua mãe, Edward desenvolve sua própria base de poder com nobres e sacerdotes normando-francês, levando Godwin a liderar a oposição. As tensões cresceram quando os Godwin se recusaram a acatar ordens do Rei e foram exilados.
Godwin e seus filhos voltam à Inglaterra apenas um ano depois e conseguem à força restaurar sua posição no Condado de Wessex, mas uma doença repentina tira a vida de Godwin. Dessa forma, Harold, assume sua posição e alcança ainda maior influência. Com a morte do Rei Edward, em 1066, é o próprio Harold Godwinson que o sucede ao trono. Ou seja, Godwin é pai de um Rei da Inglaterra.
Com todas essas dicas, é aconselhável prestar atenção ao oponente mais perigoso de Vikings: Valhalla. Uma personagem das mais interessantes de toda trama.
