A festa do 65º Grammy Awards: equilíbrio e surpresas

Como publicado no Caderno B+

Premiações musicais tendem a serem mais divertidas do que as de cinema. Há confraternização, há shows, jams e até reações sinceronas quando há derrotas inesperadas (Adele, por exemplo, não pareceu concordar com Harry Styles levando o Album do ano). E a noite foi de muitos feitos históricos: Viola Davis, a desprezada do Oscar 2023, é agora um dos raros EGOT, a sigla que reúne os principais prêmios da Indústria de Entretenimento: Emmy, Grammy, Oscar e Tony Awards. Isso mesmo, premiada no teatro, TV, Cinema e Música. E Beyoncé está além de qualquer ser humano ao bater o recorde de vitórias no Grammy. Aos 41 anos, com 32 estatuetas até o momento, já oficialmente insuperável.

Mas o 65º Grammy Awards, que distribuiu prêmios de Ozzy Osbourne e Adele a Willie Nelson, foi meio uma frustração para quem contava com a consagração internacional de Anitta como Artista Revelação do ano. Quem levou o gramofone para casa em seu lugar foi Samara Joy, causando surpresa geral, não apenas por aqui. Não poderia ter sido mais oposto: se a Anitta está bombando no pop, Samara canta jazz, com uma LINDA voz que mescla a profundidade Sarah Vaughn e a clareza de Ella Fitzgerald, bem diferente da Garota do Rio. Como foram parar na mesma categoria? Por isso a vitória não é necessária para confirmar o status de estrela da brasileira no mercado mundial.

Enquanto isso, o onipresente Harry Styles levou o Grammy de Melhor Álbum do Ano, depois de uma apresentação considerada morna. Sorte dele que Kanye West não estava na platéia porque o séquito de Beyoncé questionou o resultado, com algumas sugestões de imparcialidade diante de um álbum ímpar como Renaisssance diante de Harry’s House sendo anunciado como o vencedor. Que 2022 foi o ano de Harry, ninguém duvida. E a genialidade de Beyoncé a faz ser meio a Meryl Streep da música: porque é a melhor, vai viver o paradoxo de perder mais vezes para dar chance a outros nomes. Dá para entender? Afinal, com 32 Grammys até agora e duas vitórias na noite, ela certamente queria as categorias mais cobiçadas, mas não foi ignorada.

Foram muitos bons momentos no palco e fora dele, desde uma Madonna quase irreconhecível sacudindo as redes sociais como o tédio flagrante de Ben Affleck ao lado de Jenniffer Lopez, e a espetacular homenagem ao Hip-hop, mas o Grammy 2023 foi um dos mais “justos” dos últimos anos, sem ter nenhum artista levando todos os troféus de lavada como em anos anteriores. Foi o mais próximo do “todos felizes” que uma premiação pode chegar, mesmo com o choque de ver Bonnie Raitt, aos 73 anos, derrotando todas as superestrelas mencionadas para Canção do Ano.

Uma das coisas que o Grammys sempre ajuda – ainda mais que os algoritmos – é nos apresentar a gêneros e artistas que valem a pena conferir. Já atualizou a sua playlist?

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