Entre 1962 e 1965, nada menos do que 13 mulheres foram brutalmente assassinadas em Boston, todas violentadas e estranguladas, até que o culpado fosse identificado e preso. A história de Albert DeSalvo, o psicopata que identificava as vítimas (mulheres que viviam sozinhas) foi contada no cinema mais de uma vez, sendo a primeira e mais famosa em 1968, quando ele ainda estava vivo, em um filme estrelado por Tony Curtis: O Homem Que Odiava As Mulheres (The Boston Strangler).
O Homem Que Odiava As Mulheres foi um filme curioso. A narrativa é como se fosse um documentário e a identidade do assassino só é revelada após a morte da 11ª vítima, algo inovador na época (porque com isso, Tony só apareceu depois de 1h de filme). Considerado velho para um papel que tinha sido oferecido para Robert Redford e Warren Beaty, Tony tem uma atuação elogiada e lutou para estar na produção.


Baseado no livro de Gerold Frank, até hoje nenhuma revisão da história deu foco às duas mulheres que ajudaram na investigação e que inclusive deram a ele o codinome de “Estrangulador de Boston”, as jornalistas Loretta McLaughlin e Jean Cole. Sem elas, com a corrupção e machismo vigentes, as vítimas teriam sido ignoradas pois mulheres – nem assassinadas – geravam interesse dos editores. A tenacidade e a coragem das jornalistas, que desafiaram o sexismo da época e se arriscaram para revelar a verdade será finalmente endereçada no filme da Hulu, O Estrangulador de Boston, com Keira Knightley e Carrie Coon nos papéis principais. Uma história incrível, que mescla true-crime e jornalismo investigativo.
O filme vai focar nas reportagens e esforço das repórteres de denunciar feminicídio, mas, na vida real, há tanta controvérsia sobre a verdadeira identidade do serial killer que será curioso ver como retratam. Albert DaSalvo confessou ser o Estrangulador de Boston convencido por um advogado quando estava preso por outros crimes (ele também era o Homem de Verde que violentava mulheres que estavam sozinhas em casa). Até 2013, mesmo familiares de vítimas duvidavam que ele era o culpado dos crimes violentos e assustadores que surpreenderam Boston nos anos 1960s. Segundo a polícia, pelo menos no caso de uma das vítimas ele era mesmo o culpado (um teste de DNA comprovou), mas deixam em aberto todos os outros crimes que ainda há dúvidas circunstanciais. Pesa a favor de que ele era mesmo o assassino o fato de que os ataques pararam quando ele foi preso, mas há também espaço para especulação. Para Loretta, que faleceu em 2018, nunca houve dúvida de que Albert daSalvo era mesmo o Estrangulador de Boston. O filme traz duas grandes atrizes e vai valer revisitar toda polêmica e história de bastidores. Estréia nos Estados Unidos no dia 17 de março.